terça-feira, 30 de junho de 2009

Movimentos sociais realizam ato contra golpe em Honduras

A Marcha Mundial das Mulheres, MST, CUT, UNE, entre outras forças sociais, realizam na manhã desta terça-feira (30), no centro da capital paulista um Ato contra o Golpe de Estado em Honduras.

O ato acontece na Rua da Consolação, nº 3741 (entre a Rua Oscar Freira e Estados Unidos).

Confira a nota assinada pelas entidades:

Somos todas Honduras! Estamos em resistência!

A Marcha Mundial das Mulheres e a Rede Latinoamericana Mulheres Transformando a Economia nos unimos a todas as organizações feministas e do movimento social de Honduras para condenar e repudiar veementemente o golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya Rosales, dirigido pelas Forças Armadas e pelo presidente do Congresso Nacional, Roberto Micheletti, com apoio dos meios de comunicação controlados pela oligarquia deste país.

Executado pelas forças armadas às 5 da manhã do domingo, 28 de junho, o golpe truncou as aspirações democráticas da população, que se preparava para realizar uma consulta à sociedade hondurenha, para verificar se estava de acordo em convocar uma Assembléia Nacional Constituinte, com o objetivo de elaborar uma nova constituição. Além disso, o golpe militar colocou na presidência Roberto Micheletti, fantoche da oligarquia hondurenha.

Apoiamos a resistência pacífica do povo, em particular das feministas hondurenhas, que estão mobilizados/as em vigílias e greve geral em apoio ao Presidente Zelaya e à restituição da democracia hondurenha, e nos somamos a todos os movimentos sociais para exigir:

O restabelecimento da ordem constitucional, sem derramamento de sangue.

Que o Exército não reprima a população de Honduras que exige o retorno da democracia.

Que se respeite a integridade física das feministas e demais dirigentes sociais, que estiveram a frente da consulta.

O retorno do Presidente Zelaya a suas funções em Honduras, e o rechaço a Micheletti por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Que as autoridades garantam o direito da população ao pleno exercício da democracia através da consulta popular.

Denunciamos o papel dos meios de comunicação comerciais, utilizados pelas oligarquias hondurenhas como ferramenta para frear a vontade popular e intermediar, encorajar e justificar o golpe, o que os torna cúmplices.

Conclamamos todas as pessoas, organizadas em movimentos ou não, em nível nacional e internacional, a se manifestarem contra esta agressão aos direitos do povo hondurenho e a divulgar este pronunciamento. Convidamos também a socializar informações produzidas pelos meios populares como a Rádio ELM (www.radioeslodemenos.org) e a Rádio Mundo Real (www.radiomundoreal.fm).

Além disso, convocamos os movimentos sociais a protestar frente às representações diplomáticas e comerciais de Honduras, e a enviar cartas de repúdio ao golpe de Estado às embaixadas em cada um de seus países.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

O massacre em Honduras

Aqui encontram-se os minutos de imagens que a Globo não vai dedicar aos "confrontos" (eufemismo do oligopólio midiático para "massacre ao povo pelas forças da repressão") de Honduras:

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Imagens de TeleSur













segunda-feira, 29 de junho de 2009

Mídia Golpista: Segundo Wall Street Journal, Honduras está salva do Chavismo





Como este Blog já havia mencionado em postagens anteriores, não obstante o golpe de estado realizado em Honduras ter tido péssima repercussão internacional , o oligopólio midiático segue relativizando o acontecimento:

A mídia brasileira segue dando mais repercussão à violência que acontece nas ruas iranianas por conta de, ao que tudo indica, mais uma tentativa de revolução colorida (lembram da "revolução laranja"que colocou um pró-americano no poder lá na Ucrânia?) em país não alinhado com os interesses dos Estados Unidos, do que à violência contra a população de Honduras, executada pelos golpistas deste pobre país caribenho. Não bastasse isso, seguem produzindo machetes e análises de acordo com as 4 regras básicas a serem seguidas pelos celetistas do oligopólio:

1. "Aliado de Chávez é deposto"
2. "Presidente de Honduras desrespeitou o poder judiciário do país e encaminhou referendum sobre reeleições sucessivas"
3. "Aliado de Chávez, que tentava mudar constituição sem permissão do judiciário, encontra-se fora do país alega que supostamente não teria renunciado"
4. "Sucessão forçada em Honduras"

O que o oligopólio hondurenho está fazendo é coisa de república bananeira, manifestantes legalistas transformaram-se em "violenta turba pró Zelaia", massacre virou "confronto" e por aí vai.

Mas veja só o que diz um artigo assinado por uma jornalista que faz parte do conselho editorial do Wall Street Journal repercutido pelo jornal apoiador do golpe El Heraldo:

''Honduras defende sua Democracia"

Preparem seus estômagos, pois sobra até pra HIllary Clinton, vou reproduzir apenas o trecho inicial:

La campaña de Hugo Chávez para forjar una coalición sufrió un revés ayer cuando las Fuerzas Armadas de Honduras derrocó a su presidente por abusar de la Constitución del país.

Al parecer, el presidente Manuel Zelaya calculó mal cuando intentó emular el éxito de su buen amigo Hugo en reformar la constitución hondureña a su gusto.

Honduras, sin embargo, todavía no está a salvo de Venezuela. Ayer, personas como Fidel Castro, Daniel Ortega, Hillary Clinton y, por supuesto, el mismísimo Hugo, presionaban al país centroamericano para que restaurara al autoritario Zelaya. La Organización de Estados Americanos (OEA), que pasó por alto los abusos de Zelaya, también lo quiere de vuelta en el poder. Será un milagro si los patriotas hondureños pueden mantenerse firmes.

E por aí vai, quem quiser ler todo artigo pode conferir o restante nos links mencionados.

O golpe foi tão mal visto que nem mesmo o governo estadunidense tem como apoiá-lo, já está operando uma volta de Zelaia mediante concessões à direita golpista hondurenha, um governo de "coalisão", resta saber se o presidente legítimo morde a isca ou não.

Ainda assim, a direita linha dura imperial defende abertamente o golpe e o festeja como um tapa no bolivarianismo, que cada vez mais cresce na América Latina.

Fidel Castro diz que não se deve negociar com os golpistas


Última coluna escrita por Fidel Castro, publicada no diário Granma:

Um erro suicida

NA reflexão escrita na noite da quinta-feira 25, há três dias, disse: "Ignoramos o que acontecerá esta noite ou amanhã em Honduras, mas o comportamento valoroso de Zelaya passará à história".

Dois parágrafos antes tinha assinalado: "… Aquilo que lá acontecer será uma prova para a OEA e para a atual administração dos Estados Unidos".

A pré-histórica instituição interamericana se tinha reunido no dia seguinte em Washington, e numa apagada e fraca resolução prometeu realizar as gestões pertinentes imediatamente para procurar uma harmonia entre as partes em conflito. Quer dizer, uma negociação entre os golpistas e o presidente constitucional de Honduras.

O alto chefe militar, que continuava comandando as Forças Armadas Hondurenhas, fazia pronunciamentos públicos em discrepância com as posições do presidente, enquanto só de um modo meramente formal reconhecia a sua autoridade.

Não precisavam os golpistas outra coisa da OEA. Não lhes importou nada à presença de um grande número de observadores internacionais que viajaram a esse país para dar fé de uma consulta popular, aos quais Zelaya falou até altas horas da noite. Antes do amanhecer de hoje eles lançaram ao redor de 200 soldados profissionais bem treinados e armados contra a residência do presidente, os que separando brutalmente a esquadra de Guarda de Honra seqüestraram Zelaya, quem dormia nesse momento, foi conduzido à base aérea, foi montado pela força num avião e o transportam a um aeroporto na Costa Rica.

Às 8h30 da manhã, conhecemos por Telesul a notícia do assalto à casa presidencial e o seqüestro. O presidente não pôde assistir ao ato inicial da consulta popular que aconteceria neste domingo. Era desconhecido o que tinham feito com ele.

A emissora da televisão oficial foi silenciada. Desejavam impedir a divulgação prematura da traiçoeira ação através de Telesul e Cubavisión Internacional, que informavam dos fatos. Suspenderam por isso os centros de retransmissão e acabaram cortando a eletricidade a todo o país. Ainda o Congresso e os altos tribunais envolvidos na conspiração não tinham publicado as decisões que justificavam o conluio. Primeiro levaram a cabo o inqualificável golpe militar e depois o legalizaram.

O povo acordou com os fatos consumados e começou a reagir com grande indignação.

Não se conhecia o destino de Zelaya. Três horas depois, a reação popular era tal que foi visto mulheres batendo com o punho aos soldados, cujos fuzis quase caiam das suas mãos por puro desconcerto e nervosismo. Inicialmente os seus movimentos pareciam os de um estranho combate contra fantasmas, depois tentavam cobrir com as mãos as câmaras de Telesul, apontavam tremendo os fuzis contra os repórteres, e às vezes, quando as pessoas avançavam, os soldados recuavam. Enviaram transportadores blindados com canhões e metralhadoras. A população discutia sem medo com os soldados dos blindados; a reação popular era surpreendente.

Ao redor das duas horas da tarde, em coordenação com os golpistas, uma maioria domesticada do Congresso depôs Zelaya, presidente cnstitucional de Honduras, e designou um novo chefe de Estado, afirmando ao mundo que aquele tinha renunciado, apresentando uma falsificada assinatura. Minutos depois, Zelaya, desde um aeroporto na Costa Rica, informou tudo o acontecido e desmentiu categoricamente a notícia da sua renúncia. Os conspiradores fizeram o ridículo perante o mundo.

Muitas coisas aconteceram hoje. Cubavisión dedicou-se completamente a desmascarar o golpe, informando o tempo todo a nossa população.

Houve fatos de carácter totalmente fascista que não por esperados deixam de surpreender.

A ministra das Relações Exteriores de Honduras, Patrícia Rodas, foi depois de Zelaya o objetivo fundamental dos golpistas. Outro destacamento foi enviado a sua residência. Ela, valente e decidida, agiu rapidamente, não perdeu um minuto em denunciar por todos os meios o golpe. O nosso embaixador tinha estabelecido contato com Patrícia para conhecer a situação, como o fizeram outros embaixadores. Num momento determinado pediu aos representantes diplomáticos da Venezuela, Nicarágua e Cuba reunir-se com ela, que, ferozmente acossada, precisava de proteção diplomática. O nosso embaixador, que desde o primeiro instante estava autorizado a oferecer o máximo apoio à ministra constitucional e legal, partiu para visitá-la na sua própria residência.

Quando estavam já na sua casa, o comando golpista enviou o major Oceguera para prendê-la. Eles se colocaram diante da mulher e lhe dizeram que está sob a proteção diplomática, e só podia mover-se em companhia dos embaixadores. Oceguera discutiu com eles e o fez de maneira respeitosa. Minutos depois penetraram na casa entre 12 e 15 homens uniformizados e encapuzados. Os três embaixadores se abraçaram a Patrícia; os mascarados agiram de forma brutal e conseguiram separar os embaixadores da Venezuela e da Nicarágua; Hernández a pegou tão fortemente por um dos braços, que os mascarados arrastaram a ambos até um furgão ; levaram-nos à base aérea onde conseguiram separá-los, e levaram-na com eles. Estando ali detido, Bruno que tinha notícias do sequestro, se comunicou com ele através do celular; um mascarado tentou arrebatar-lhe rudemente o telefone, o embaixador cubano que já tinha sido batido em casa de Patrícia, grita-lhe: "Não me empurre, Porra!" Não me lembro se a palavra que pronunciou fosse alguma vez usada por Cervantes, mas sem dúvida o embaixador Juan Carlos Hernández enriqueceu a nossa língua.

Depois o deixaram numa estrada longe da missão e antes de abandoná-lo lhe disseram que, se falava, poderia acontecer-lhe alguma coisa pior. "Nada é pior do que a morte!", respondeu-lhes com dignidade, "e não por isso sinto medo de vocês". Os moradores da área o ajudaram a voltar à embaixada, desde onde imediatamente comunicou-se mais uma vez com Bruno.

Com esse alto comando golpista que não se pode negociar, é necessário exigir-lhe a renúncia e que outros oficiais mais jovens e não comprometidos com a oligarquia ocupem o comando militar, ou não haverá jamais um governo "do povo, pelo povo e para o

Povo" em Honduras.

O golpistas, encurralados e isolados, não têm salvação possível se o problema se encara com firmeza.

Até a senhora Clinton declarou já em horas da tarde que Zelaya é o único presidente de Honduras, e os golpistas hondurenhos nem sequer respiram sem o apoio dos Estados Unidos.

De pijamas até há algumas horas, Zelaya será reconhecido pelo mundo como o único presidente constitucional de Honduras.

Fidel Castro Ruz

Junio 28 de 2009

Países da ALBA retiram embaixadores de Honduras

Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia, Nicarágua, República Dominicana e demais países integrantes da Alternativa Bolivariana para as Américas retiraram seus embaixadores de Honduras em sinal de desacordo com o golpe.

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EUA querem governo de coalisão com golpistas


Alguns analistas cubanos entendem que, em virtude de o golpe (dado pela direita, de linha dura pró-americana) ter sofrido antipatia internacional, é bem provável que a situação será insustentável para o governo golpista, caso queria manter a atenção inicial.
Então, é possível que o governo estadunidense defenda "um encaminhamento de diálogo entre compatriotas"onde é provável que, ao retornar ao posto, Zelaia seja obrigado a fazer inúmeras concessões aos golpistas para acabar com a "divisão do país".
Esse desgaste, além de tentar alinhar o governo segundo os interesses dos EUA, seria o bastante para desgastar o presidente de Honduras a médio e longo prazo.

Não é por acaso que Fidel Castro sugere negociação zero com os golpistas.

Um dos passos clássicos para um golpe de estado contra governos que não agradam aos interesses do império é propagar a idéia de que o líder fulano "está dividindo a nação"

Batalha nas ruas de Honduras - Militares preparam grande ofensiva contra a população civil



Enquanto o oligopólio midiático tenta maquiar o golpe militar acontecido em Honduras seguindo quatro linhas principais que se repetem ou se intercalam em sua cantilena:

1. "Aliado de Chávez é deposto"
2. "Presidente de Honduras desrespeitou o poder judiciário do país e encaminhou referendum sobre reeleições sucessivas"
3. "Aliado de Chávez, que tentava mudar constituição sem permissão do judiciário, encontra-se fora do país alega que supostamente não teria renunciado"
4. "Sucessão forçada em Honduras"

Uma batalha urbana acontece nas ruas de Tegucigalpa, a capital hondurenha:
  • A população cerca o palácio e desconhece o pretenso "novo presidente" Roberto Micheletti, engue barrigadas e enfrenta a repressão.
  • A rede telefônica e a eletricidade estão sobre controle dos golpistas.
  • As televisões estão omitindo o golpe.
  • De tempos em tempos, na televisão e no rádio, é divulgada uma manifestação da suprema corte do país lendo a falsa renúncia do presidente Manuel Zelaia e dando suporte total ao substituto golpista.
  • Batalhões do país inteiro se dirigem à Tegucigalpa para enfrentar a população.
  • Sindicatos chamam greve geral, organizações populares (como as indígenas, por exemplo) de todo o país chamam a resistência ao golpe e prometem marchar para a capital.
  • A impresa Hondurenha fala da "relativa normalidade" na capital, além de denunciar a "violência dos aliados de Zelaia" (para não usar a palavra povo), onde aparecem depoimentos de soldados ou então de cidadãos brancos com belos carros mostrando ferimentos e escoriações.
  • Um dos principais jornais do país "El Heraldo" tem ligações diretas com a Unoamérica, organização dedireita que é vinculada ao NED (National Edowement for Democracy), órgão americano que tem o histórico de operar inúmeros golpes e tentativas de assassinato contra quem não faz o jogo do império.
  • O mesmo NED que financia as organizações que operam contra o presidente Chávez e propaga o mito da falta de liberdade na Venezuela.
  • O mesmo NED que sustenta o Dalai Lama e trabalha na "transição de Cuba para o capitalismo".

Notícia produzida, às 17h 39min de Brasília, com informações de:
Rádios:
  • Radio Rebelde, de Cuba, que está fazendo uma ótima cobertura dos acontecimentos.
  • Radio Mundial, da Venezuela cujo sítio está cheio de informações.
Sítios:

domingo, 28 de junho de 2009

Nova Informações sobre o golpe em Honduras




Neste exato momento(19h 57 min), a Radio Rebelde (mms://media.enet.cu/radiorebelde), de Cuba informa que está sendo formada a Frente de Resistência Popular.
Além de denunciar que os embaixadores de Cuba, Venezuela e da Nicarágua foram espancados por forças golpistas mascaradas quando protegiam a chanceler hondurenha Patrícia Rojas.




Patrícia Rojas foi sequestrada pelos golpistas e existe a possibilidade de expulsão do país.


Rádio da Resistência Hondurenha


Os golpistas dominaram por completo os meios de comunicação alternativos Hondurenhos.

Neste exato momento, segundo informações do sítio português
resistir.info, a única rádio a operar em favor da resistência é a Rádio Globo.


Está fazendo suas transmissões em tempo real via internet, centenas de pessoas de todo o mundo enviam mensagens de apoio ao povo hondurenho, via e-mail ou Skype.


Você pode acompanhar a rádio em http://www.radioglobohonduras.com/


Presidente de Honduras nega renúncia

Chávez condena direita golpista de Honduras!

Honduras resiste ao golpe militar!

O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, falou à imprensa em San José, capital da Costa Rica, horas depois do golpe militar de direita que vitimou seu país. ''A cúpula das Forças Armadas me traiu, me enganou'', adenunciou. Em Honduras, o povo resiste à quartelada, faz manifestações, ergue barricadas diante dos blindados. Não é possível prever se o golpe se consolidará.
Zelaya disse confiar que o grosso dos componentes do exército, não concorda com o golpe. Classificou o movimento que o sequestrou nesta madrugada como um ''atropelo da democracia hondurenha''.''Estou em San José da Costa Rica, vítima de sequestro por um grupo de militares hondurenhos. Não creio que o exército hondurenho esteja apoiando esta interrupção do nosso sistema democrático. Isto foi um complô de uma elite que só deseja manter o país isolado e com níveis extremos de pobreza. Eles não se importam com as pessoas, não são sensíveis a isso'', disse Zelaya durante a imprensa no Aeroporto Internacional Juan Santamaría, em San José.Apelo à solidariedade continental''Eles invadiram a minha casa com tiros, empurraram-me com uma baioneta, ameaçaram atirar em mim. É um brutal sequestro que me fizeram, sem qualquer motivo exceto nosso desejo de fazer o bem a Honduras, de instalar um processo democrático participativo. Por isso não se pode justificar uma interrupção da democracia'', insistiu Zelaya.O presidente especificou que em nenhum momento pediu asilo, ao contrário do que afirmou o portal digital do jornal espanhol El Pais. ''Isto foi um sequestro. Peço aos presidentes das Américas, inclusive o dos Estados Unidos, que se manifestem'', disse ele.Zelaya afirmou ainda que,''se o embaixador dos EUA em Tegucigalpa está por trás disso, pode negar apoio [aos golpistas] e evitar esse terrível golpe que estão dando em nosso povo e na democracia''.O presidente eleito em 2005 foi preso pelos golpistas na madrugada deste domingo (entre as 5 e 6 horas, pelos fuso local), e conduzido a força, com sua família, para uma base da Aeronáutica. Dali um avião o conduziu a San José.Tegucigalpa esmagada pelos tanquesNo dia em que os eleitores hondurenhos deveriam expressar nas urnas a sua vontade sobre um processo constituinte democrático, na consulta proposta por Zelaya, o país se confronta com o oposto da democracia. Há, no entanto, informações de resistência aos golpistas.Tegucigalpa, a capital do país (1,2 milhão de habitantes na região metropolitana) estava nesta manhã com a energia elétrica cortada, os canais de rádio e TV fora do ar ou tocando música – para que seus habitantes não possam acompanhar as notícias. Tanques e blindados percorriam as ruas, enquanto aviões e helicópteros sobrevoavam a cidade. A residência presidencial foi cercada pelos golpistas. A tropa, simbolicamente, ocupava-se em recolher as urnas onde o povo hondurenho iria manifestar sua vontade.Há porém indícios de resistência. A ministra de Relações Exteriores, Patricia Rodas, que estava na lista dos que seriam presos pelos gorilas, fez um apelo em favor da ''resistência cívica'' do povo hondurenho. Ela pediu que os populares se concentrassem diante da residência oficial do presidente.Nas ruas da capital, manifestantes protestavam contra o golpe e desafiavam os blindados militares. Barricadas começaram a ser erguidas. Os cidadãos atenderam ao chamamento de Patrícia e de fato começaram a se concentrar diante da casa presidencial, cercada por 300 militares fortemente armados.Grande parte da cólera do povo hondurenho volta-se contra a imprensa local, que vinha fazendo abertamente o jogo do golpe. Patrícia responsabilizou pelo golpe ''o grupo econômico que domina os meios de comunicação''. Quiosques de venda do diário El Heraldo foram atacados por manifestantes.Mídia no piloto automáticoA mídia mercantil continental e brasileira vem cobrindo a quartelada de Tegucigalpa dentro de sua linha editorial partilhada, de rechaço ao processo democrático-mudancista na América Latina e apoio a todos os seus inimigos. Trabalhando no piloto automático, não se apercebe da gravidade antidemocrática do que acontece em Honduras.Os órgãos de comunicação reproduzem sem espírito crítico a versão dos gorilas golpistas. Dizem que a consulta às urnas era ''polêmica'' (?), ou, pior, ''uma farsa'' (??). E que a deposição violenta do presidente eleito pelo voto popular em 2005 foi ''em cumprimento a uma ordem judicial'' (?!).O país centro-americano de 7,7 milhões de habitantes e 112 mil km2 (mais ou menos o mesmo que Pernambuco) viveu nesta madrugada um golpe militar de direita, típico da América Latina dos anos 60 e 70 do século passado. Em vez da consulta democrática às urnas, que era esperada para este domingo, uma clássica quartelada oligárquica como tantas que região conheceu no passado.O grave acontecimento é um teste de fogo para a unidade e a integração latino-americanas. É um teste igualmente para a nova administração da Casa Branca, mais ainda porque Zelaya fez menção a um possível envolvimento da embaixada dos EUA com os golpistas. As reações do presidente Barack Obama estão sendo seguidas passo a passo pela hoje vigilante opinião pública da região. A pergunta é se Obama será coerente com as promessas que fez na recente cúpula da OEA (Organização dos Estados Americanos) ou se seguirá o mesmo caminho de seu antecessor, George W. Bush, que reconheceu o regime liberticida instalado pelos golpistas venezuelanos de 11 de abril de 2002, sem saber que o golpe fracassaria em menos de 48 horas, e radicalizaria o processo revolucionário na Venezuela. As primeiras declarações do chefe da Casa Branca foram de condenação moderada ao golpe.Quem é Manuel ZelayaO presidente Manuel Zelaya Rosales, 57 anos, é filho de uma família abastada de Tegucigalpa e não corresponde precisamente ao figurino dos novos e rebeldes líderes políticos latino-americanos. Elegeu-se presidente em 27 de novembro de 2005 pelo Partido Liberal de Honduras, um dos dois partidos tradicionais do país desde o século 19.No entanto, Zelaya elegeu-se em confronto com o Partido Nacional, que concentra as forças oligárquicas mais à direita e agora serve de suporte aos golpistas. Submetido à pressão popular, por exemplo da combativa organização sindical de professores, e sentindo os novos ventos que sopram na América Latina, ele vinha se acercando de uma linha mudancista. Durante a semana que passou, Zelaya assumiu uma ''corajosa conduta'', como descreveu o líder cubano Fidel Castro, que o comparou ao mártir chileno Salvador Allende. Face à sabotagem da consulta às urnas pelo Partido Nacional e pela cúpula militar (que têm raízes na mesma oligarquia social), Zelaya uniu-se aos movimentos sociais e foi à unidade militar resgatar as urnas mantidas ali, para assegurar a consulta aos eleitores neste domingo. O medo do voto precipitou a quartelada. O processo constituinte proposto pelo presidente, que serviu de pretexto para o golpe, é um exemplo. A mídia mercantil o reduz ao eterno dilema dos ''mandatos'', já que o de Zelaya termina em 2010 e a lei atual não permite a reeleição. No entanto, o que está em pauta é uma refundação democratizante do aparato de Estado do país, do tipo que se efetuou nos últimos anos na Venezuela, Bolívia e Equador. Caso o golpe fracasse, como é possível que aconteça, dada a resistência interna e o isolamento internacional, é bem possível que o processo se radicalize ainda mais.
(pescado do Vermelho)

Golpe militar da direita em Honduras; condenação geral

O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, foi preso pelo Exército do país na madrugada deste domingo (28), pouco antes da realização do referendo sobre um processo constituinte. Um secretário do presidente disse que ele foi levado para uma base aérea fora da capital, Tegucigalpa. Segundo a imprensa local, o presidente foi retirado ''à força'' de sua casa no início da manhã.
O líder sindical e aliado de Zelaya, Rafael Alegria, classificou a ação de ''golpe de Estado''. ''É lamentável'', disse ele à rádio hondurenha Cadena de Noticias. Segundo Alegria, tiros foram disparados durante a prisão de Zelaya, mas ''não se sabe exatamente o que aconteceu''.Tanques nas ruas como nos velhos temposCarros blindados e tanques saíram hoje às ruas de Tegucigalpa, horas depois do alto escalão das Forças Armadas prender o presidente de Honduras. Os veículos militares tomaram as ruas que dão acesso à residência presidencial, segundo a Agência Efe, enquanto aviões caça sobrevoam a capital hondurenha.Zelaya havia prometido realizar uma consulta popular para decidir se a Constituição pode ser alterada, o que poderia permitir a reeleição presidencial. O plano do presidente foi considerado ilegal pelo Congresso e pela Justiça do país, enfrenta a oposição também do Exército.Protestos de vários ladosComeçou às 12 horas (de Brasília), em Washington, reunião de emergência da Organização dos Estados Americanos OEA) para analisar a situação.Em Caracas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, condenou hoje o ''golpe de Estado troglodita'' cometido contra seu colega de Honduras, Manuel Zelaya, e destacou que ''chegou a hora do povo'' e dos movimentos sociais desse país. Chávez também pediu ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ''que se pronuncie'', já que, disse, ''o império tem muito a ver'' com o que acontece em Honduras.Em La Paz, o presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu hoje aos organismos internacionais, aos seus colegas da América Latina e aos líderes de movimentos sociais que ''condenem e repudiem o golpe de Estado militar em Honduras''. Em declarações no Palácio do Governo, Morales disse que neste momento há uma ''emergência internacional'' em Honduras, onde o presidente Manuel Zelaya foi detido pelos militares e levado para uma base da Força Aérea.Porém a condenação não se circunscreve à esquerda latino-americana, da qual Zelaya se aproximou em busca de mudanças de fundo em seu país. A União Europeia (UE), dominada por conservadores, já condenou o golpe militar. Comunicado divulgado pelos 27 chanceleres da UE classificou a deposição de ''inaceitável violação da ordem constitucional em Honduras''. A UE exigiu ainda a imediata libertação de Zelaya e ''a volta à normalidade constitucional''.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também se declarou "profundamente consternado com os informes que chegam de Honduras sobre a detenção e expulsão do presidente Zelaya". Obama disse que as disputas no país "devem ser resolvidas pacificamente através de diálogo livre de qualquer interferência externa".Centenas de soldados tomam a capitalZelaya foi eleito em 2006 e, sob a atual Constituição hondurenha, não pode disputar a reeleição. Ele queria realizar uma consulta popular para decidir se uma Assembléia Constituinte deve ser convocada para fazer mudanças constitucionais junto com as eleições, marcadas para novembro. O presidente disse que não tem intenção de concorrer novamente ao cargo, mas que quer apenas que presidentes futuros tenham essa chance.Na terça-feira, o Congresso aprovou uma lei que proíbe a realização de referendos ou plebiscitos 180 dias antes ou depois de eleições gerais, feita sob medida para impossibilitar os planos do presidente. Em seguida, o chefe do Exército disse que não ajudaria na organização do referendo para não desrespeitar a lei.Na quinta-feira, o presidente e seus simpatizantes entraram em uma base militar e retiraram as urnas que estavam guardadas lá. ''Nós não vamos obedecer a Suprema Corte'', disse o presidente a uma multidão de simpatizantes em frente à sede do governo. ''A corte, que apenas faz justiça aos poderosos, ricos e banqueiros, só causa problemas para a democracia.''No sábado, o presidente ignorou uma decisão da Suprema Corte para devolver o cargo ao chefe do Exército, general Romeo Vasquez, que foi demitido após se negar a ajudar na preparação do referendo.Líderes militares se recusaram a entregar urnas para a votação, uma decisão que levou à demissão do general Vasquez e à renúncia do ministro da Defesa, Edmundo Orellana. Os chefes da Marinha e da Aeronáutica também renunciaram em protesto. O Exército, por sua vez, colocou centenas de soldados nas ruas da capital, dizendo que quer prevenir que os aliados do presidente causem confusão.
(pescada do Vermelho)

Carta aberta à sociedade sobre a agressão da PM de Serra aos professores, funcionários e estudantes da USP

O ensino público no Estado de São Paulo, administrado há quase duas décadas pelo PSDB, vai de mal a pior. A realidade das escolas estaduais, que tem falta de professores e condições péssimas de infra-estrutura, é uma coisa que os pais e professores enfrentam cotidianamente. Com os salários baixos dos docentes e funcionários técnico-administrativos, a realidade da escola pública é péssima.Com a crise econômica os ataques a educação proliferam. Sob o argumento de enxugar a máquina do Estado para reverter a crise, os governos Serra e Lula atacam os servidores públicos e os investimentos na educação.Esse padrão péssimo de educação do ensino básico está sendo imposto na USP e no conjunto das universidades estaduais hoje. Há mais de duas décadas a comunidade acadêmica uspiana resiste aos ataques sucessivos dos governos do PSDB que insistem em precarizar o ensino superior do Estado. Através de sucessivos cortes de verbas e medidas autoritárias na forma de decretos, o objetivo desses governos é destruir o ensino superior de qualidade, assim como fizeram com o ensino básico e médio. A última medida autoritária do governador José Serra causou repúdio em imensa parcela de membros da comunidade da USP e das universidades estaduais. José Serra criou um programa educacional para oferecer diplomas da USP através de tele-cursos chamado Universidade Virtual do Estado de São Paulo o qual apelidou de UNIVESP.As pessoas formadas por esse programa não terão a obrigação de assistirem aulas em sala com professores para se formarem. A maior parte do seu curso será feita assistindo fitas gravadas para TV, como tele-cursos. O governo Lula também já havia criado milhares de vagas desse tipo nas universidades federais. As dúvidas serão respondidas por telefone e internet.
Nós acreditamos que é impossível formar com qualidade os professores que ensinarão nossos filhos no futuro através de uma televisão e de um computador. Não somos contra a inclusão da tecnologia mas é muito melhor ter um professor presente em sala de aula para ensinar e responder ao aluno. A convivência escolar é indispensável para a formação acadêmica. Esse projeto foi aprovado simplesmente para desobrigar o governo a contratar novos professores universitários e construir estrutura adequada para as aulas. Serra não está interessado em aumentar as vagas da universidade pública para que os filhos dos trabalhadores possam ter um ensino público, gratuito e de qualidade. Todos sabem que quem sustenta a USP são os impostos da população. Sob o argumento da inclusão social e através de uma medida eleitoreira, Serra quer criar centenas de vagas a distância na USP. Para ele os jovens pobres teriam então acesso a universidade, só que a distância. Nós que já estamos aqui queremos que todos tenham acesso a cursos com professores de carne e osso para que não haja diferenças. Por isso queremos acabar com esse projeto do governo e lutamos para que Serra pare de dar dinheiro para empresários e banqueiros falidos e crie mais vagas na USP para a população pobre e dê mais verbas para a educação. Se alguém tem alguma dúvida de que esse projeto da UNIVESP é ruim, perguntemos ao governador ou a esses empresários se eles colocariam seus filhos nesses tele-cursos. Temos certeza que a resposta seria não.Por lutarmos pelo direito de todos terem educação de qualidade fizemos um ato no dia 09/06, que bloqueou uma via de trânsito para chamar a atenção da opinião pública para a implementação desses cursos a distância; contra a administração truculenta da reitora Suely Vilela; em unidade com a greve dos funcionários e professores que reivindicam aumento de salário; e contra a presença da Polícia Militar na universidade, que foi acionada pela reitora para intimidar e agredir os funcionários e estudantes grevistas.
A manifestação foi programada para ser pacífica. Nos surpreendemos com o enorme contingente policial para reprimir a manifestação que tinha apenas a presença de servidores e estudantes. Para apaziguar os ânimos jogamos flores na frente dos policiais indicando que não queríamos confusão. Não houve jeito. A polícia atacou os manifestantes com bombas, tiros de borracha, cacetadas e gás lacrimogênio. Agrediram professores respeitados em todo o país por sua produção científica, funcionários que dedicam suas vidas a manter o funcionamento da universidade e estudantes de vários cursos. Encurralados os manifestantes recuaram para dentro da universidade ao passo que resistiam com luta à atuação violenta da tropa de choque. Uma pessoa foi hospitalizada e outras três foram presas. Desde a ditadura militar que não vemos uma agressão desse tamanho na USP. Nós queremos afirmar que a universidade é local de produção de conhecimento e ciência, não de polícia. Ao invés de caçar os verdadeiros bandidos, inclusive muitos políticos, o governo prefere agredir manifestantes que defendem a qualidade da educação. A reitoria da USP, que acionou a polícia, deveria se envergonhar de trazê-los para dentro da universidade para agredir seus alunos e servidores, respaldada sob o argumento de desfazer os piquetes de greve aprovados em Assembléias. Há semanas que pedimos abertura de negociações com a reitoria e ela nos tem negado. Como é possível resolver os conflitos na base do diálogo se a própria administração da universidade é contra o diálogo? E mais: como dialogar contra quem chama a Polícia sem dar ouvidos às reclamações? É assim que se administra a maior universidade da América Latina, na base do cacetete? Por isso exigimos a retirada da Polícia Militar da universidade e que as negociações sejam reabertas com as categorias.
Defendemos também a expulsão da Reitora Suely Vilela do seu cargo devido sua administração truculenta e incompetente. Exigimos a retirada de todos os processos administrativos movidos contra funcionários e estudantes, principalmente a readmissão do diretor do sindicato Brandão, demitido irregularmente.Esses ataques aos movimentos sociais tem aumentado ultimamente para que os governos e patrões possam jogar a conta da crise sobre a classe trabalhadora. Devemos repudiá-los, assim como devemos repudiar o sensacionalismo e a parcialidade da mídia que até agora tem, na maioria dos casos, se omitido de explicar as causas dos manifestantes e defendido abertamente a violência. Nesse período de caos econômico, demissões em massa e cortes nos orçamentos das áreas sociais esses ataques querem enfraquecer a resistência de quem não se conforma em aceitar uma ordem social marcada pela desigualdade. Conclamamos a toda a sociedade, às entidades e personalidades a apoiarem nossa luta, repudiando essas ações brutalizantes do governo Serra e da reitoria contra a comunidade acadêmica da USP. Resistiremos até o fim na defesa dos nossos direitos. Nossa luta é para que todos possam ter acesso a uma universidade gratuita, pública e de qualidade, para que os filhos dos trabalhadores tenham acesso a professores ao vivo. Com violência será difícil construir uma educação melhor. Com a palavra o governo Serra e a reitoria da USP.
DCE USP

sábado, 20 de junho de 2009

Peru: Cai Yehude Simon




Um dos responsáveis pelo massacre de indígenas ocorrido nos últimos dias renuncia ao cargo de primeiro-ministro.
A notícia é de ANNCOL (Agência de Notícias Nova Colômbia):
Após mobilizações, presidente encaminha ao Congresso pedido de anulação das leis; primeiro-ministro Yehude Simon renuncia:
Após dois meses de greve e mobilizações e um confronto entre indígenas e policiais que deixou, no dia 5, pelo menos 50 mortos, o governo do presidente peruano Alan García teve de engolir a derrota.

Dez dias depois do massacre, o primeiro-ministro do país, Yehude Simon, reuniu-se com lideranças indígenas e assinou um documento em que se compromete a anular os nove decretos rechaçados pelos indígenas da Amazônia peruana. Eles afirmam que as leis legalizam a exploração de suas terras pelas transnacionais, preparando a região para o Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos.

No dia seguinte, Simon encaminhou ao Congresso Nacional uma proposta de anulação e anunciou sua renúncia para as próximas semanas. "Eu vou sair de qualquer forma na hora que tudo tiver acalmado, que deve ser nas próximas semanas", declarou à imprensa.Daysi Zapata, a nova presidente da Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep), que substituiu Alberto Pizango – procurado pela Justiça e asilado político na Nicarágua – qualificou de "tardia" a decisão e reiterou a desconfiança em relação ao governo, afirmando que somente após se oficializar a anulação das leis é que a entidade irá se pronunciar sobre a abertura do diálogo com o governo.
"Os povos já estão cansados de promessas, queremos ver realidades", afirmou. A dirigente ainda relembrou as vidas perdidas no massacre: "Tantas vidas tinham que ser perdidas para que o governo se desse conta de que as leis eram ruins?"
Protestos
Os decretos foram editados em junho de 2008, ocasião em que os movimentos sociais fizeram uma série de protestos. Porém, eles os interromperam após a promessa de abertura de diálogo com o governo García. Ignorados e frustrados, eles retomaram a mobilização no dia 8 de abril.O movimento cresceu ainda mais após o confronto do dia 5. Os indígenas mantiveram as ações e ganharam mais apoio, tanto de entidades indígenas, como urbanas, além da sociedade. Em Lima, uma passeata reuniu 30 mil pessoas no dia 11. Foram realizados novos bloqueios de rodovias e até a tomada de um aeroporto, na cidade andina de Andahuaylas, além de novas greves em cidades amazônicas. Uma greve geral foi chamada para os dias 7 a 9 de julho e pedidos da renúncia presidencial começaram a ser ouvidos. Ao desgaste atual, somou-se o já existente em relação ao governo da Alianza Popular Revolucionaria Americana, o partido de García. Pesquisa feita em maio apontou níveis de popularidade de 30% apenas.

Suspensão

Cinco dias antes da reunião com o primeiro-ministro, o Congresso havia votado a suspensão temporária dos decretos por 90 dias, o que foi visto por alguns como uma tentativa de manobra. Durante cinco horas, governistas e oposição, esta última encabeçada pelo Partido Nacionalista (PN), trocaram acusações. Os primeiros acusaram os nacionalistas de "manipular os indígenas", de "promover a violência" e "desestabilizar a democracia"; a oposição afirmou que o atual governo ignora os direitos dos povos originários em favorecimento das transnacionais, exigiu a formação de uma comissão investigadora independente para determinar as responsabilidades pelos acontecimentos do dia 5, além de pedir a anulação dos decretos.A suspensão foi aprovada por 57 votos a 47, mas os congressistas do PN seguiram protestando, pois queriam a anulação completa do pacote de leis, com o argumento de que uma comissão do Congresso as havia considerado inconstitucionais.

Neoliberais em xeque
Ainda que vista como um início de recuo, os movimentos não se contentaram com a suspensão. Para o pesquisador e escritor peruano Róger Rumrrill, "a suspensão das leis, ao invés da anulação, é uma manobra do governo para desmobilizar os indígenas e continuar tentando impor os decretos. Mas os indígenas não vão cair nessa armadilha. Essas leis são parte essencial do projeto neoliberal e autoritário desse governo. Os indígenas apareceram para questionar esse projeto e por isso são reprimidos e satanizados pelo governo".Com a continuidade dos protestos e a promessa de outros, a saída de García foi recuar, mesmo tendo dito, um dia antes, que não anularia as leis e que, se necessário, aumentaria a repressão. "Com a anulação dessas leis, a tensão social seguramente diminuirá, mas o conflito não se soluciona. Essa anulação é somente o ponto de partida para o início de um diálogo que deve ocorrer não apenas entre governo e movimentos indígenas, mas com todas forças sociais. Esta crise revelou os limites do modelo econômico neoliberal e do sistema político, que já não dá mais, e devemos fazer um debate nacional sobre isso", disse o sociólogo Eduardo Toche, pesquisador do Centro de Estudos e Promoção
do Desenvolvimento.

sábado, 13 de junho de 2009

Massacre de indígenas no Peru

García promove massacre em defesa de transnacionais
Pelo menos 40 morrem em despejo; entidades indígenas e sindicatos responsabilizam governo e marcam nova paralisação nacional
Uma ordem de despejo executada, no dia 5, pelo Exército e pela polícia peruana numa estrada na região norte do país deixou dezenas de mortos e pelo menos 150 feridos. Os números reais do confronto são incertos: o governo de Alan García fala em pelo menos 11 policiais mortos e apenas 9 civis; já a principal entidade indígena do país, a Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep), afirma que no mínimo 25 nativos foram assassinados, mas que o número pode chegar a 40. A entidade e outras organizações não-governamentais também acusam a polícia peruana de estar ocultando cadáveres, a fim de diminuir a contagem de mortos.
A Aidesep alega que os manifestantes não tinham armas de fogo e que os policiais foram mortos no próprio fogo cruzado. De acordo com testemunhas, o Exército iniciou o ataque atirando de helicópteros; usaram também bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral. Depois, iniciaram a repressão por terra.
O governo federal, a despeito do que mostram fotos, afirma que suas forças não levavam armamentos pesados e acusa os manifestantes de terem iniciado o confronto. Na manhã do dia 5, antes da ofensiva, o presidente havia declarado publicamente que iria começar a atuar energicamente. “Quando dizem que vão bloquear e cortar gasodutos, nos deixar sem luz, o que pode fazer o governo senão atuar com energia e restabelecer a ordem?”. Em seguida, ele afirmou que os indígenas eram “cidadãos de segunda classe”.
RepressãoComunidades de povos originários de regiões da Amazônia peruana estão em mobilização desde o dia 9 de abril contra uma série de decretos editados em 2008, buscando um diálogo com o governo federal. Após um ano de tentativas, decidiram por uma greve e protestos na região.
Cerca de 5 mil militantes mantinham, há dez dias, um piquete na rodovia Fernando Belaunde Terry. A polícia enviou 639 oficiais para participar do operativo. De acordo com a imprensa, o clima na região foi de pânico e de forte tensão; dezenas de feridos lotaram os hospitais das cidades próximas ao município de Bagua, que estariam sem estrutura para atender os pacientes.
Após o incidente, o governo federal manteve a linha dura. A pedido da Procuradoria da Presidência do Conselho de Ministros, o presidente da Aidesep, Alberto Pizango, teve prisão decretada. Ele se encontra foragido. García também aproveitou para cutucar Hugo Chávez e Evo Morales: sugeriu que há ingerência desses chefes de Estado, que estariam estimulando a ação das comunidades indígenas para desestabilizar seu governo e impedir a exploração de hidrocarburetos na região, evitando concorrência regional.
Mais protestosPrincipal central sindical do país, a Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP) saiu em defesa das comunidades indígenas e se somará a novos atos marcados para dia 11. Em coletiva de imprensa, sua direção afirmou que “o governo aprista fala de ingerência estrangeira, nós lhe damos razão e afirmamos que são as transnacionais que o estão pressionando a provocar esse massacre, para impor à Selva os decretos inconstitucionais editados para implementar o Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos”.
De acordo com os movimentos sociais peruanos, os decretos legislativos aprofundam o neoliberalismo no país, promovendo a privatização dos recursos naturais. O interesse maior do governo peruano seria intensificar a exploração de petróleo, gás natural e minérios da região. Além disso, os decretos prepararam o o terreno para o TLC, além de obras da Integração da Infraestrutura Regional Sulamericana (IIRSA), que já vêm ocorrendo e que são de grande interesse das transnacionais que atuam na região.
No dia 4, um desses decretos, o 1090, seria votado no Congresso Nacional novamente, após ser considerado inconstitucional pela Comissão de Constituição do Congresso. A base governista, porém, conseguiu frear a votação, alegando que ela só deverá ocorrer após a apresentação de um relatório da Comissão, que deverá apontar propostas para a anulação ou alteração dos decretos.
(Notícia retirada do Brasil de Fato)

domingo, 7 de junho de 2009

XVII Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba




Programação da XVII Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba

De 10 a 13 de Junho de 2009, em Florianópolis

Local: Assembléia Legislativa de SC.


10 de Junho (Quarta-feira)
19h - Abertura oficial da convenção
22h – Confraternização.

11 de Junho (Quinta-feira)
09h – Relato de atividades das entidades de solidariedade

10h – Palestras: 50 anos da revolução

14h - Grupos de debate / trabalho:

a) Luta contra o bloqueio
b) Solidariedade

12 de Junho (Sexta-feira)
09h – Relato de atividades das entidades de solidariedade

10h – Palestras: 50 anos da revolução

14h - Grupos de debate / trabalho:

c) Libertação dos 5 heróis Cubanos.
d) Juventude.

19h - Festa de confraternização pelos 50 anos da revolução Cubana

13 de junho (Sábado)

09h – Apresentação dos relatórios dos grupos de trabalho;

Declaração de Florianópolis.
*Ainda não definitiva.

sábado, 6 de junho de 2009

A Vergonhosa História da OEA - PARTE FINAL



Parte final da reprodução, em seis partes, da matéria que foi publicada recentemente pelo Granma Digital e escrita por Oscar Sánchez Serra, jornalista cubano.


SANGUE POR TODOS OS POROS

Washington e a OEA foram coerentes com seu tenebroso passado quando perceberam as primeiras ameaças.

A organização que havia favorecido o golpe de Estado de 1952 em Cuba, a que foi tão indeterminada face à ação militar contra o governo constitucional de Jacobo Árbenz na Guatemala; a que apoiou o sátrapa Anastasio Somoza e, em 1961, não condenou a invasão mercenária a Cuba, enquanto evitava toda crítica ao golpe de Estado contra o presidente eleito do Equador, Velazco Ibarra, continuava sendo exatamente a mesma que auspiciava com sua indulgência a invasão militar à República Dominicana em 1965 e o envio de boinas verdes e armas à Guatemala em 1966, e à Bolívia em 1967, ao passo que aplaudia as formaturas de centenas de torturadores e repressores da Escola das Américas do Canal do Panamá.

Contemplou os golpes de Estado patrocinados pelo governo dos Estados Unidos no Uruguai, Argentina e Chile. Ficou calada diante da morte de Salvador Allende, diante do assassinato e desaparecimento forçoso de milhares de sul-americanos durante a tenebrosa Operação Condor. Não promoveu a paz na América Central durante a década de 1980, num conflito onde morreram quase mil pessoas. Não apoiou as investigações para esclarecer a suspeitosa morte do general Torrijos no Panamá, nem seus embaixadores deixaram de tomar café quando as inglórias invasões a Granada, em 1983, e ao próprio Panamá, em 1989.

Apoiou Pedro "El Breve", durante as difíceis jornadas que viveu a Venezuela em abril de 2002, depois da tentativa golpista, vencida pela resposta exemplar do povo, que resgatou seu presidente. Essa atitude evidenciou até onde era capaz de chegar sua hipocrisia e submissão ao poder imperial, ao não aceitar o caráter genuíno do processo bolivariano venezuelano, que lhe deu uma ótima lição, submetendo-se como nenhum outro governo ao escrutínio de seus eleitores, e sair vitoriosos.

A OEA, empenhada em questionar a legitimidade democrática das eleições para favorecer a política estadunidense de derrubar a Revolução Bolivariana, pôs a nu toda a imoralidade da famosa Carta Democrática.

Só faltava a este pútrido histórico o caso particular da Bolívia, com abundantes e claras evidências do comprometimento dos EUA numa guerra suja para derrubar Evo Morales, o primeiro presidente indígena da América. À OEA e ao senhor Isulza sobrou pudor (?) para evitar chamar as coisas pelo nome (golpe de Estado, por exemplo) e preferiram indicar com linguagem arlequinada que (...) na Bolívia ou se põe de imediato fim às hostilidades e se inicia a negociação, ou a situação ficará muito difícil (...). Em sua cumplicidade por omissão, a OEA ignorou as suficientes evidências de que a DEA e a CIA estavam por trás dos planos de magnicídio na Bolívia.

ENTERRAR O PESTILENTO CADÁVER

Em toda esta longa história, há comprometimento demais com a morte, o genocídio e a mentira para que a OEA sobreviva a estes tempos. É um cadáver político e deve ser enterrado quanto antes. No entanto, não falta quem no seu afã de ressuscitar o morto, procuram salvá-lo pela via de "perdoar a vida a Cuba", devolvendo-lhe o espaço do qual não deveu ser privada. Não faltam sequer os tecnicismos, como que, quem foi excluído foi o governo, e não o país, como se a pessoa jurídica de um Estado pudesse ser separada de sua mesma existência. A realidade é que sem a OEA, os Estados Unidos perderiam um de seus principais instrumentos político-jurídicos de controle hegemônico sobre o hemisfério ocidental.

Desmantelar a OEA e fundar uma nova organização de países latino-americanos e caribenhos, sem os EUA, seria a única maneira para que América Latina e o Caribe possam determinar seu destino sem porem em perigo sua identidade e avanço realmente para uma grande pátria unida, que Martí e Bolívar indicaram como meta histórica.

Quanto a Cuba, não precisa da OEA. Não quer entrar nela nem reformada. Escorre sangue e infâmia por todos seus poros. Nunca voltaremos a esse vetusto casarão de Washington, testemunha de tantas vergonhas compradas e tantas humilhações. Raúl o expressou com palavras de Martí: Antes de ingressar na OEA, primeiro se unirá o mar do Norte com o Mar do Sul e nascerá uma cobra de um ovo de águia.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A Vergonhosa História da OEA - PARTE 5 de 6



O FINAL DO MINISTÉRIO DE COLÔNIAS DOS ESTADOS UNIDOS

Em 2 de setembro de 1960, após se materializar a conjura da OEA contra Cuba, em San José, Fidel convocou o povo de Cuba a uma magna Assembleia Geral, efetuada na Praça da Revolução José Martí, e leu o histórico proclama conhecido como a Primeira Declaração de Havana, em cujo oitavo e último parágrafo dispositivo, definiu:

(...) A Assembleia Geral Nacional do Povo de Cuba reafirma sua fé em que a América Latina irá logo para frente, unida e vitoriosa, livre das ataduras que convertem suas economias em riqueza alienada ao imperialismo norte-americano e que lhe impedem ouvir sua verdadeira voz nas reuniões, onde chanceleres domesticados, fazem de coral infame ao amo despótico. Ratifica, portanto, sua decisão de trabalhar em prol desse destino latino-americano comum, que permitirá aos nossos países edificar uma solidariedade verdadeira, baseada na livre vontade de cada um deles e nas aspirações conjuntas de todos. Na luta por essa América Latina livre, frente às vozes obedientes dos que usurpam sua representação oficial, agora surge, com potência invencível, a voz genuína dos povos, voz que abre caminho nas entranhas de suas minas de carvão e de estanho, de suas fábricas e usinas açucareiras, de suas terras dominadas, onde rotos, cholos, gaúchos, jíbaros, herdeiros de Zapata e de Sandino, empunharam as armas da liberdade, voz que revive em seus poetas, novelistas e estudantes, em suas mulheres e crianças, em seus idosos desvelados. A essa voz irmã, a Assembleia Geral Nacional do Povo de Cuba respondeu: Presente! Cuba não falhará. Cuba está aqui hoje para ratificar, perante a América Latina e o mundo, como um compromisso histórico, seu dilema irrenunciável: Pátria ou Morte.

Em meio aos aplausos e aprovação de mais de meio milhão de braços, Fidel expressou: (...) Agora só falta uma coisa. E com a declaração de San José, que vamos fazer? O povo respondeu em coro: Rasgá-la! Rasgá-la! Pegou aquela declaração vexatória e rasgou-a diante da multidão. Ficavam claras as coisas entre Cuba e a OEA. As palavras finais da Declaração era a premonição do que ocorreria quase meio século depois, ao ver a Revolução Cubana estertorar a organização que se prestou para a suja tarefa de coveiro imperial.

TERAPIA CONTRA O DESPRESTÍGIO

Desprestigiada e desvalorizada, em pleno ocaso do império, encontrou sua salvação numa iniciativa do presidente William Clinton, que em 1994 propôs as cúpulas com todos os chefes de Estado e de Governo do hemisfério, cuja organização, condução e acompanhamento confiou à Organização dos Estados Americanos, com o fim de resgatá-la da inópia em que se encontrava.

Após a 4ª Cúpula das Américas (Mar del Plata 2004), onde foi enterrada a Área de Livre Comércio das Américas, a OEA recebia outra bofetada que passaria a seu nefasto legado. Depois, seu silêncio, face à incursão colombiana no Equador em 1º de março de 2008, também a abalou e, como outras tantas vezes, o governo ianque amparou o fato, enquanto o Grupo do Rio respondeu pela depauperada e velha dama, deixando-a para sempre sem voz.

Durante a 5ª Cúpula, em Porto Espanha, Trinidad e Tobago, em abril passado, a OEA também não soube estar à altura da situação nos fatos que conduziram à chacina de camponeses em Pando, Bolívia, em setembro de 2008. Foi a jovem Unasul, a nova voz vigorosa que vindicou os direitos dos ignorados de sempre. Mais uma vez calou aquela que o agudo Chanceler da Dignidade, Raúl Roa García, qualificara de " Ministério de Colônias" dos EUA.

Diante de uma realidade que já lhe é alheia, a OEA deparou-se com a firme posição dos países da região pela injusta exclusão de Cuba do encontro trinitário. Nem ela nem seu secretário-geral, o chileno José Miguel Insulza, conseguiram impedir que o questionamento à política norte-americana em relação à Ilha fosse o grande protagonista. Insulza, alertou Fidel, não tinha consciência de que (...) O trem passou há tempo, e ele ainda não sabe...

O que aconteceu ali demonstrou aos estadunidenses (acostumados a não aprenderem com os fracassos) que a América Latina e o Caribe vivem uma realidade bem diferente da de 1960 e 1962, na qual a região exercia como dócil cenário. A OEA e seu porta-voz, Insulza, não o compreenderam, e repetiram a velha prática de falar em nome do amo: os EUA têm vontade de falar com eles (Venezuela e Bolívia). Mas deve ser um diálogo sem condições. Muitos dos problemas surgiram porque se elevaram condições. E isso é verdade tanto no caso de Cuba quanto no dos outros. Assim reencaminhava seus passos para o que foi o centro da conflituosa relação entre Estados Unidos e a região, inclusive Cuba: um diálogo com condições, impostas por Washington.

A OEA impôs a dupla moral, a corrupção política e administrativa, tornou ingovernáveis as democracias, converteu-as em ditaduras e quando não prestaram mais, transformou-as em democracias mais minguadas e submissas ainda, pois na nova era neoliberal, com os capitais oligárquicos transnacionalizados, estas faziam parte de uma rede de poder muito mais sofisticada, cujos fios não provinham necessariamente das Casas de Governo o dos Parlamentos, mas das corporações do continente.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A Vergonhosa História da OEA - PARTE 4 de 6




A quarta parte da matéria, na minha opinião, a mais interessante.


A EXPULSÃO E A TENTATIVA DE ISOLAMENTO

Em dezembro de 1961, o Conselho Permanente da OEA decidiu, a pedido da Colômbia, convocar a 8ª Reunião de Consulta de Ministros das Relações Exteriores para janeiro de 1962 (de 23 a 31), em Punta del Este, onde foram adotadas nove resoluções, quatro delas contra Cuba, mas a 4ª era a "jóia" da OEA, intitulada Exclusão do atual governo de Cuba de sua participação no Sistema Interamericano, que era a máxima aspiração ianque para deslegitimar no âmbito político e diplomático nossa Revolução. A resolução foi aprovada com 14 votos a favor (os Estados Unidos tiveram que comprovar o voto do Haiti para obter a maioria mínima), um contra — Cuba — e seis abstenções: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador e México. As duas últimas nações expressaram que a expulsão de um Estado-membro não procedia, pois não existia uma reforma prévia da Carta da organização.

O presidente de Cuba nessa época, Osvaldo Dorticós, levantou a bandeira que tinha alçado antes, naquele mesmo cenário, o chanceler Roa e expressou: (...) Se o objetivo é que Cuba se submeta às determinações de um país poderoso, se o objetivo é que Cuba capitule, que renuncie às aspirações de bem-estar, progresso e paz que anima sua Revolução socialista e entregue sua soberania, se o que tentam é que Cuba rejeite países que têm demonstrado uma amizade sincera e respeito cabal; se o objetivo é escravizar um país que conquistou sua liberdade, depois de século e meio de sacrifícios, é bom saiberem de uma vez: "Cuba não capitulará. (...) Viemos aqui convencidos de que se tomaria uma decisão contra Cuba, mas isso não afetará o desenvolvimento da nossa Revolução. Viemos aqui para passar de acusados a acusadores, para acusar o culpado, que não é outro que os Estados Unidos. (...) A OEA é incompatível com a eliminação do latifúndio, com a nacionalização dos monopólios imperialistas, com a igualdade social, com o direito à educação, com a erradicação do analfabetismo (...) e nesse caso, Cuba não deve estar na OEA (...) Poderemos não estar na OEA, mas Cuba socialista estará na América, poderemos não estar na OEA, mas o governo imperialista dos EUA continuará contando a 90 milhas de suas costas com uma Cuba revolucionária e socialista (...)

Derrotados na Baía dos Porcos, em 1961, fracassados os planos da Operação Mangosta que levaram à Crise dos Mísseis em 1962, com o bloqueio econômico, comercial e financeiro já proclamado e com bandos terroristas combatendo nas montanhas do Escambray, aos Estados Unidos apenas restavam internacionalizar sua abjeta política, para o qual utilizou a 9ªReunião de Consulta de Ministros das Relações Exteriores, em Washington, em julho de 1964, mediante uma resolução inspirada no TIAR, que já tinha substituído a Carta da OEA, dispondo que os governos dos Estados Americanos rompessem relações diplomáticas ou consulares com o governo de Cuba. Apenas o México manteve uma posição digna e não acatou os desígnios do império.

A CARTA DEMOCRÁTICA E O FRACASSO DE UMA MÁ POLÍTICA

Precisamente, em 11 de setembro de 2001, quando desabava o World Trade Center em Nova Iorque, promulgou-se a Carta Democrática Interamericana, a mais recente e solapada manobra ianque contra a Ilha na OEA, que estabeleceu as regras que os países tinham a obrigação de cumprir para serem membros do bloco hemisférico. Antes não se podia ser marxista-leninista; agora havia que adotar como requisito a democracia representativa burguesa e o "Deus Mercado". No fundo, promovia-se, de forma similar, a exclusão de Cuba.

Contudo, a Revolução chegou ao século 21 vitoriosa do mais longo e cruento assédio que nenhum povo da história da humanidade conhecera. É um símbolo de que os poderes imperiais não são onímodos nem eternos. A nobreza e a vontade do nosso povo são reconhecidas em todo o planeta. A OEA havia fracassado rotundamente.

Cuba tem fluidas relações diplomáticas com todas as nações do hemisfério e foi aclamada no Grupo do Rio, porque nenhum povo do continente jamais nos excluiu . Nosso país não se amedrontou, não claudicou, não mudou um ápice sua decisão soberana, não negociou sua liberdade, sua independência e sua livre determinação. Não é uma posição até a morte, é um princípio, e foi ratificado pelo Chanceler da Dignidade, Raúl Roa, em agosto de 1959, ao dizer: (...) A Revolução Cubana não está à direita nem à esquerda de ninguém: está em frente de todos, com posição própria e inconfundível. Não é terceira, nem quarta, nem quinta posição. É nossa própria posição.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Vergonhosa História da OEA - PARTE 3 de 6



A OEA CONTRA CUBA

Em 18 de março de 1959, dois meses e meio depois da vitória popular de 1º de janeiro, o novo embaixador de Cuba na Organização dos Estados Americanos, Raúl Roa García, expressou a posição que definiu a relação entre a triunfante Revolução e o organismo hemisférico: (...) Em longos anos não se tinha levantado e escutado a voz genuína de Cuba no Conselho da OEA (...) É bom lembrá-lo pela sua novidade histórica e pelo óbvio estímulo aos povos ainda oprimidos. O derrubamento de uma tirania mediante a luta armada não é um fato insólito na nossa América, no entanto, a que derrubou a tirania de Fulgencio Batista, sim é.

Esta posição cubana partia do conhecimento de sua liderança revolucionária sobre a breve e triste história da OEA nessa época, a serviço dos EUA, que desde 1959 projetou um plano para utilizar a organização contra a Revolução e contra o nosso povo. Até esse momento, nenhum mecanismo multilateral ou regional tinha feito ou tentado fazer mais dano a um país que o que a OEA impôs a Cuba.

A denominada "questão cubana" ocupou lugar prioritário na agenda da OEA e, segundo os interesses dos EUA, começou a colocar as bases para o isolamento político-diplomático de Cuba e a ativação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), para tentar "legitimar" uma agressão militar direta contra Cuba.

Em agosto de 1959, os governos do Brasil, Chile, Estados Unidos e Peru, fizeram a convocatória para uma Reunião de Consulta de Ministros das Relações Exteriores para abordar a situação no Caribe. A Revolução cubana havia promulgado a Primeira Lei de Reforma Agrária, eliminando os grandes latifúndios, entre os quais, os da United Fruit, onde tinham interesses econômicos os irmãos Allan Dulles, secretário de Estado e Foster Dulles, chefe da CIA.

A 5ª Reunião de Consulta, em Santiago do Chile, não adotou nenhum documento condenando nosso país, mas criou o "âmbito conceitual" que serviria aos propósitos da política ianque contra o nosso país, estabeleceu a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Comissão Interamericana de Paz recebeu novas faculdades, o qual fazia parte da estratégia de criação ou aperfeiçoamento de ferramentas para a aplicação de diretivas ianques contra Cuba no seio da OEA.

Efetuaram-se várias reuniões e Roa, prevenido dos objetivos desses encontros sobre o Caribe, declarou, primeiro em Washington: O governo de Cuba tem certeza de que todas essas acusações visam (...) criar um ambiente internacional hostil, e organizar em Cuba uma conjura internacional de tipo intervencionista, para intervir, obstaculizar ou fazer fracassar o desenvolvimento da Revolução Cubana. Depois, em San José, reafirmou suas palavras com uma acusação reveladora: Se o objetivo é fazer justiça, deveriam sancionar-se, conjuntamente, Trujillo e o governo dos Estados Unidos.

CONJURA E VINDICAÇÃO EM SAN JOSÉ

De 22 a 29 de agosto de 1960, teve lugar em San José, Costa Rica, a 7ª Reunião de Consulta. Entre os pontos da agenda, aparecia o fortalecimento da solidariedade continental e do sistema interamericano, especialmente diante das ameaças de intervenção extraterritorial, e a consideração das tensões internacionais existentes na região do Caribe, para garantir a harmonia, a unidade e a paz da América, e outros.

A reunião adotou uma Declaração que nos seus parágrafos operativos 4 e 5 assinalava:... o Sistema Interamericano é incompatível com toda forma de totalitarismo e a democracia somente conseguirá a realização de seus objetivos no continente quando todas as repúblicas americanas adequem sua conduta aos princípios enunciados na Declaração de Santiago do Chile e todos os Estados-membros da organização regional têm a obrigação de se submeter à disciplina do sistema interamericano, voluntária e livremente acertada e que a firme garantia de sua independência política procede da obediência às disposições da Carta da Organização dos Estados Americanos.

Em San José ficaram estabelecidas as condições necessárias, conforme os termos ianques, para impor a exclusão do governo cubano. À maneira de protesto, ao anunciar a decisão de se retirar daquele vergonhoso conciliábulo, o chanceler Roa sentenciou com uma memorável e contundente frase a ruptura definitiva com a OEA: (...) Os governos latino-americanos deixaram Cuba sozinha. Vou embora com meu povo, e com meu povo vão embora também os povos da nossa América.

Em resposta aos resultados da reunião de San José, mais de um milhão de cubanos reunidos na Praça da Revolução, numa histórica Assembleia Geral do Povo de Cuba, adotaram a Primeira Declaração de Havana, mediante a qual foram rechaçadas as pretensões hegemônicas dos EUA contra Cuba, sua política de isolamento contra nossa nação e o servilismo da OEA ante essas patranhas.