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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Altamiro Borges: Serra e os factóides contra Cuba


















Depois da campanha fascistóide de 2010, nada mais surpreende em José Serra. Nesta semana, ele publicou um artigo raivoso e mentiroso contra Cuba, somando-se ao coro da mídia colonizada com os seus intermináveis factóides. Logo de cara, Serra afirma:

“A presidente Dilma esteve em Cuba e não quis fazer nenhum gesto em defesa dos direitos humanos na ilha... Note-se que pouco antes da visita morrera um prisioneiro político cubano que fazia greve de fome. Infelizmente, apesar das promessas de mudança, em matéria de direitos humanos o atual governo manteve-se na linha do anterior, de aliança fraterna com ditaduras e ditadores”.

A farsa desmascarada

O tal “prisioneiro político” a que Serra se refere é Wilman Villar, falecido poucos dias antes da chegada da presidenta brasileira à ilha. Na verdade, esse cubano, detido em julho de 2011, nunca foi preso por motivos políticos ou por ser mais um “dissidente” apoiado pelos EUA e pela máfia de gusanos (vermes) de Miami. A própria mídia imperial sabe disso, tanto que recuou no factóide.

Segundo a Associated Press, até “a viúva do cubano morto depois de uma suposta (sic) greve de fome em prisão reconheceu que os problemas legais de seu marido começaram após um incidente doméstico... Maritza Pelegrino disse que seu esposo, o falecido Wilman Villar, foi preso depois que sua própria mãe alertou os vizinhos e a polícia em julho de 2011 por uma disputa conjugal”.

Oportunismo dos "dissidentes"

Em entrevista à imprensa internacional, a viúva, que reside em Cuba e hoje é paparicada por grupos dissidentes, bem que tentou se aproveitar do minuto de fama. Afirmou que, depois de preso, Villar virou um ativo oposicionista do regime cubano. Estranho! Afirmou, também, que a briga com o marido “não foi tão séria”. Será, então, que a sua mãe é que uma agente “castrista”?

Villar faleceu em 19 de janeiro depois de passar uma semana internado num hospital da cidade de Santiago, a 800 quilômetros de Havana. Segundo o governo, ele nunca fez greve de fome e faleceu por problemas respiratórios. Ele foi condenado a quatro anos de prisão por agredir violentamente a sua esposa e por resistir à ordem de prisão. Ele nunca teve qualquer militância política.

Tucano vira papagaio dos EUA

Segundo a agora também “dissidente” Maritza Pelegrino, até ser preso, aos 31 anos, “ele não havia realizado atividades políticas opositoras e trabalhava como carpinteiro”. Sua “militância” só teve início após a condenação judicial, a partir das visitas de grupos dissidentes ao presídio. Em outras palavras, eles “adotaram” um preso comum por motivos políticos. Puro oportunismo!

O mesmo oportunismo que leva o tucano José Serra, novo ícone da direita nativa, a mentir para fazer oposição à política externa do governo brasileiro. No mesmo artigo, o candidato derrotado do PSDB também faz altos elogios à política de direitos humanos do ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter. Mas não fala uma vírgula sobre as aberrações patrocinadas pelo império.

Ele não menciona as cruéis torturas executadas na base militar ianque de Guantánamo e amplamente documentadas. Não critica a política expansionista e genocida dos EUA no Iraque, Afeganistão e outras partes do mundo. Não cita sequer as recentes prisões de centenas de estadunidenses que participam do movimento “Ocupe Wall Street”. Serra ama os EUA e detesta Cuba!

Sobre direitos humanos, o tucano Serra cumpre o papel ridículo de papagaio dos EUA. Para ele, é bem apropriado o editorial do jornal “Granma”, traduzido pelo amigo Max Altman. “É impressionante a hipocrisia dos porta-vozes dos Estados Unidos, país que ostenta um pobre recorde em matéria de direitos humanos, tanto dentro de seu território como no mundo”. Vale citar alguns trechos:

*****

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas reconheceu que nesse país ocorrem diariamente graves violações em matéria dos direitos da mulher, o tráfico de pessoas, a discriminação racial e contra minorias étnicas, as condições inumanas nas prisões, o desamparo dos reclusos, um padrão racial diferenciado e os freqüentes erros judiciais na imposição da pena de morte, a execução de menores e enfermos mentais, os abusos do sistema de detenção migratório, as mortes na militarizada fronteira sul, os atos atrozes contra a dignidade humana e os assassinatos de vítimas inocentes da população civil por parte dos efetivos do exército estadunidense no Iraque, Afeganistão, Paquistão e outros países, e as detenções arbitrárias e torturas perpetradas no ilegal centro de detenção da Base Naval de Guantánamo que usurpa nosso território.

O mundo acaba de saber que em novembro de 2011 três pessoas nos Estados Unidos morreram em meio a uma greve de fome maciça de prisioneiros na Califórnia. Segundo os testemunhos dos presos alojados em celas vizinhas, os guardas não lhes ofereceram qualquer assistência e inclusive ignoraram deliberadamente seus gritos de auxílio, diferentemente de sua prática de submeter os grevistas à alimentação forçada. Semanas antes, havia sido executado o afro-americano Troy Davis apesar da copiosa evidência que demonstrava o erro judicial, sem que a Casa Branca nem o Departamento de Estado fizessem algo.

Nos Estados Unidos, 90 prisioneiros foram executados desde janeiro de 2010 até os nossos dias, enquanto outros 3.222 réus esperam a execução no ‘corredor da morte’. Seu governo reprime assiduamente com brutalidade aqueles que se atrevem a denunciar a injustiça do sistema.

(...)

Os fatos falam mais que as palavras. As campanhas anticubanas não causarão estragos na revolução cubana nem em seu povo, que continuará aperfeiçoando seu socialismo.

A verdade de Cuba é a do país onde o ser humano é o mais valioso: uma esperança de vida ao nascer de 77.9 anos em média; uma cobertura de saúde gratuita para todo seu povo; um índice de mortalidade infantil de 4.9 por cada mil nascidos vivos, cifra que supera os padrões norte-americanos e é a mais baixa do continente, ligeiramente inferior a do Canadá; toda uma população alfabetizada e com pleno acesso a todos os níveis de educação de maneira gratuita; 96% de participação nas eleições gerais de 2008, um processo democrático de discussão das linhas gerais econômicas e sociais, previamente ao VI Congresso do Partido.

A verdade de Cuba é a do país que levou suas universidades e escolas aos centros penitenciários, em que os reclusos foram oportuna e imparcialmente julgados, recebem salário igual por seu trabalho e dispõem de elevados níveis de atenção médica sem distinção de raça, sexo, credo nem origem social.

Ficará outra vez demonstrado que a mentira, por muitas vezes que se a repita, não necessariamente se converte em verdade, porque "um princípio justo, desde o fundo de uma cova, pode mais que um exército".

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

EUA proíbe antiterrorista cubano de deixar país após cumprir pena


Uma juíza federal em Miami proferiu na última sexta-feira (16), uma decisão absurda e cruel sobre um dos cinco antiterroristas cubanos, que termina sua sentença carcerária neste 7 de outubro. A juíza Joan Lenard declarou que René González - que já cumpriu 13 anos de prisão por não ter se apresentado como agente do governo cubano - estará obrigado a viver os próximos três anos em Miami, no que chamam "liberdade supervisionada".

Por José Pertierra*

González havia solicitado permissão para regressar a Cuba para estar novamente com sua esposa, Olga, e suas filhas, Ivette e Irma. Faz vários anos, o Departamento de Estado decretou que jamais outorgaria um visto a Olga.

Apesar de ser estadunidense de nascimento, René González se criou em Cuba e tem dupla nacionalidade. A pedido do governo cubano, regressou aos Estados Unidos para monitorar os grupos terroristas de Miami, que, a partir de suas guaridas no sul da Flórida, levam a cabo ataques contra a população civil cubana. 

Porém, como não informou de suas atividades ao Departamento de Justiça, violou a lei. Em contrapartida, o FBI nunca prendeu os terroristas que René monitorava e eles continuam soltos, protegidos e gozando da vida em Miami.

Que possível interesse tem o governo dos Estados Unidos em seguir castigando uma pessoa, cujo único delito é lutar contra o terrorismo? Por que obrigá-lo a permanecer em Miami, um viveiro do terrorismo anticubano, pelos próximos três anos? Pouco importa que os terroristas — desde suas bases nos Estados Unidos — tenham assassinado 3.478 cubanos e incapacitado outros 2.099, durante as últimas cinco décadas? Além disso, como quer a juíza que o senhor González cumpra com os termos de sua "liberdade supervisionada" em Miami?

As condições que a Corte impôs a René González inclui proibí-lo de que "se associe com indivíduos ou grupos terroristas ou com membros de organizações que promovem a violência". Também o proíbe de "acercar-se ou visitar lugares específicos onde se sabe que estão ou frequentam indivíduos ou grupos terroristas". Isto não significaria que, para cumprir a sentença judicial, Miami é precisamente onde não deveria viver, já que é o santuário dos terroristas nos Estados Unidos?

Os terroristas que René estava encarregado de monitorar continuam vivendo em Miami. Abertamente apoiam o uso da violência contra Cuba. Neste abril, Luis Posada Carriles, o autor intelectual da explosão de um avião de passageiros que matou as 73 pessoas a bordo e de uma campanha de terror contra Havana que incluía pôr bombas nos mais famosos hotéis e restaurantes cubanos, reafirmou seu compromisso com a luta armada contra o governo cubano. Posada Carriles e seus seguidores vivem em Miami.

Por que pôr em perigo a vida de René e obrigá-lo a viver pelos próximos três anos lado a lado com os mesmos terroristas que monitorava em Miami, quando era agente do governo cubano?

Terroristas cubano-americanos são os que assassinaram nos Estados Unidos Orlando Letelier, ex-chanceler do Chile; Ronni Karpen Moffitt, uma cidadã estadunidense, secretária de Letelier; Eulalio Negrín e Carlos Muñiz Varela, cubano-americanos que apoiavam um diálogo pacífico com o governo cubano e também Félix García Rodríguez, um diplomata cubano nas Nações Unidas.

Numa pesquisa feita na véspera do julgamento contra os Cinco Cubanos, a psicóloga Kendra Brennan concluiu que os cubano-americanos de Miami mantêm "uma atitude guerreirista contra Cuba". 

Além do mais, um estudo sobre a comunidade cubano-americana de Miami, publicado por Americas Watch, disse que "as forças dominantes e intransigentes da comunidade dos exilados cubanos em Miami" tratam de silenciar as opiniões discrepantes sobre Cuba pela violência. Por exemplo, bombardearam emissoras de rádio e redações de revistas. Ameaçaram de morte os que defendem mudanças na política em relação a Cuba. "Puseram mais de uma dezena de bombas, enfocando os que favorecem uma abertura mais moderada em relação ao governo de Castro", concluiu o informe.

É irresponsável e arriscado que os Estados Unidos forcem René González a ficar nesse ambiente de violência e terrorismo pelos próximos três anos. Sua vida corre perigo.

A juíza Lenard explicou que não pode adequadamente avaliar "as circunstâncias do delito ou a história e as características do condenado".

Está falando sério, senhora juíza? Mas as "circunstâncias do delito" são que René González não veio aos Estados Unidos para cometer espionagem contra o governo ou para cometer crimes. Sua tarefa foi simplesmente monitorar os terroristas, que operavam com total impunidade nos Estados Unidos e cujos alvos eram civis inocentes em Cuba. A ideia foi simplesmente juntar provas que Cuba posteriormente entregou ao FBI para que Washington os processasse.

Os terroristas cubano-americanos, por exemplo, orquestaram um plano para pôr uma série de bombas nos mais famosos hotéis e restaurantes de Havana, inclusive o emblemático Hotel Nacional e o legendário restaurante La Bodeguita del Medio. O propósito da campanha terrorista era destruir a indústria turística em Cuba e dessa maneira golpear a economia do país que já estava debilitada depois da queda do bloco socialista da URSS e Europa Oriental.

Especialmente depois do 11 de setembro, os Estados Unidos sustentaram que têm como prioridade castigar os terroristas e premiar os que combatem o terrorismo. Se assim é, então deveriam permitir que René González regresse a sua família em Cuba, em vez de obrigá-lo que permaneça em Miami rodeado dos terroristas que querem cobrar dele a fatura.

A juíza Lenard também alega em sua decisão que se permitir que René regresse a Cuba em 7 de outubro, não poderá avaliar se o "povo estadunidense estaria protegido de futuros crimes que o condenado possa cometer". Contudo, o único crime que René cometeu foi não se ter inscrito como agente estrangeiro. Como poderia ser ele um perigo para o povo estadunidense se regressar a seu país? Quanto tempo necessita a juíza Lenard para avaliar adequadamente algo tão claro como a água de um manancial?

A juíza também alega que é necessário mais tempo para que os Estados Unidos possam dar a René "treinamento, educação e serviços médicos de maneira mais efetiva". Quê!? René já disse que não tem intenção alguma de viver nos Estados Unidos. Seu advogado expressou claramente que René propôs renunciar à sua cidadania estadunidense a fim de que possa regressar a sua casa em Cuba. 

Não precisa da educação ou treinamento dos Estados Unidos, cujo propósito seria ajudá-lo a reintegrar-se à sociedade norte-americana. Ele simplesmente quer regressar a Cuba para reunir-se novamente com sua família e não receber instruções sobre como viver neste país e passar três anos afastado do ninho familiar. Finalmente, em Cuba terá à sua disposição a melhor atenção médica, sem custo algum para os Estados Unidos ou para ele mesmo.

Sem surpresa alguma, a procuradora encarregada do caso, Caroline Heck-Miller, se opôs à solicitação de René de poder retornar a Cuba ao cumprir com sua condenação carcerária. É a mesma procuradora que decidiu não processar Luis Posada Carriles por terrorismo, apesar de que a advogada do Departamento de Segurança o tenha pedido.

A única salvação que a inexplicável e estranha decisão da juíza Lenard tem é que deixa a porta aberta a René para que volte a fazer o pedido de regressar a Cuba, "se as circunstâncias merecerem uma modificação de sua sentença".

Que circunstâncias a juíza espera? Que algum terrorista de Miami dispare um tiro em René?

*José Pertierra é advogado em Washington. Representa o governo da Venezuela no caso de extradição de Luis Posada Carriles
Tradução: Max Altman


Fonte: Vermelho

sábado, 30 de julho de 2011

Cinzas do pastor americano que desafiou embargo dos EUA vão repousar em Cuba





As cinzas do pastor americano Lucius Walker, organizador de uma inúmeros comboios de ajuda a Cuba e que desafiou o embargo de Washington, repousam este sábado no centro cubano evangélico Memorial Martin Luther King (CMMLK), informou a imprensa local.


Seguidores Walker entregaram a urna aos evangélicos cubanos em uma cerimônia no Memorial José Martí, na Praça da Revolução, na presença do vice-presidente Esteban Lazo e do presidente do Parlamento, Ricardo Alarcon.

Walker, líder das caravanas "Pastores pela Paz", que buscavam romper o embargo que Washington mantém contra Cuba há meio século, morreu em setembro, em Nova York, aos 80 anos, de um ataque cardíaco.

O pastor, amigo do ex-presidente cubano Fidel Castro, a quem conheceu em julho passado, em sua última viagem à ilha, tinha expressado seu desejo de que suas cinzas repousassem em Cuba, de acordo com seus parentes.

O reverendo Raul Suarez, diretor do CMMLK, disse ao receber a urna que "a obra de Lucius Walker tem muito significado como testemunho da fé cristã comprometida com a paz, justiça e solidariedade".




A entrega das cinzas foi realizada no âmbito da vigésima caravana de solidariedade, que chegou à ilha há uma semana com 100 toneladas de ajuda humanitária, liderada pela filha do líder religioso, Gail Walker.

Fonte: AFP

sábado, 26 de março de 2011

Jimmy Carter visita Cuba



O ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter chega a Cuba nesta segunda-feira para uma visita de três dias, a convite do governo cubano, informou a organização não governamental dirigida por ele.





Carter e sua esposa, Rosalynn, vão se reunir com o presidente Raúl Castro e outros altos funcionários do regime comunista cubano para informar-se sobre as novas políticas econômicas na ilha e o próximo congresso do Partido Comunista que designará suas novas autoridades.




Segundo comunicado recebido pela AFP da secretária de imprensa do Centro Carter, Deanna Congileo, a viagem terá caráter privado, não se tratando de missão governamental.

Em abril, Carter pretende ir à Coreia do Norte, país que visitou outras vezes. 

Com informações de AFP

sexta-feira, 18 de março de 2011

Cubanos residentes no Brasil pedem a Obama fim do bloqueio


Representantes da ANCREB-JM (Associação Nacional Cubana de Residentes no Brasil – José Martí) prepararam uma mensagem ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em função de sua visita ao Brasil, no próximo sábado (19). No texto, os cubanos destacam o simbolismo da eleição de Obama em 2008, bem como a esperança por mudanças naquela ocasião. No entanto, depois de pouco mais de dois anos, o sentimento atual se traduz apenas em desilusão.

Diante desse quadro, os representantes da ANCREB-JM aproveitam a visita de Obama ao Brasil para exigir a libertação dos Cinco Patriotas (presos nos EUA acusados de terrorismo) e o fim imediato do bloqueio econômico norte-americano sobre Cuba.

Leia abaixo a mensagem:


Por favor, senhor presidente Obama preste atenção a estas palavras

Somos cubanos residentes no Brasil. Durante sua campanha presidencial, estivemos esperançosos de que o senhor realmente produziria as mudanças que insistentemente prometia, em particular, aquelas relacionadas com nosso país. Porém, estamos cada vez mais e mais desiludidos, pois não se observa nenhuma mudança na política americana relacionada a Cuba, contra as expectativas da comunidade internacional e a opinião pública norte-americana.

Por uma esmagadora maioria, no ano 2010 - uma vez mais e por 19 vezes consecutivas -, na Assembleia Geral das Nações Unidas, a comunidade internacional recusou o criminal bloqueio que o governo americano tem imposto ao nosso país por mais de meio século e pediu o encerramento dessa política genocida.

O bloqueio econômico, comercial e financeiro fecha mais e mais as suas garras e o senhor não tem usado suas amplas prerrogativas constitucionais, que lhe permitiriam introduzir importantes mudanças passíveis de aliviar enormes necessidades que nosso povo vem sofrendo há muitos largos anos.

O governo dos Estados Unidos - o seu governo, Senhor Presidente Obama – continua dificultando as vendas de alimentos a Cuba por parte de empresas norte-americanas e não permite que essas vendas sejam realizadas conforme as normas e práticas regulares do comércio internacional.

O bloqueio imposto ao nosso país não é um assunto bilateral; ele tem um marcante caráter extraterritorial que viola as leis internacionais e as regulamentações internacionais do comércio, é ofensiva à soberania de terceiros Estados e a os legítimos interesses de entidades e pessoas sob a sua jurisdição.

Por outra parte, o senhor ignora os crescentes chamados desde cada canto do mundo para que cesse a enorme injustiça perpetrada para encarcerar e submeter a desumanos maus tratos nossos Cinco Heróis Cubanos, depois de 12 anos de prisão devido a absurdas sentenças por crimes que não cometeram. A tarefa que eles realizavam era monitorar terroristas cubanos assentados em Miami, os quais representam um grande perigo não só para nosso país, mas também para os Estados Unidos. Estamos seguros de que isso é do seu conhecimento, Senhor Presidente.

Portanto, com toda firmeza lhe demandamos:

• A eliminação do criminal bloqueio imposto ao nosso país;
• A imediata liberação dos nossos Cinco Heróis Cubanos;

O senhor tem as possibilidades constitucionais para atender a este reclamo. Prove que o senhor, realmente, Pode mudar!

Associação Nacional Cubana de Residentes no Brasil – José Martí
15 de março de 2011

Fonte: Cebrapaz

quinta-feira, 17 de março de 2011

Posada Carriles via atentados como atos 'heroicos'

Oficial de Inteligência da Brigada Invasora na Baía dos Porcos


Uma jornalista que entrevistou o ex-agente da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) Luis Posada Carriles sobre os atentados orquestrados por ele em Cuba em 1997 afirmou hoje, durante o julgamento do cubano anticastrista por um tribunal federal norte-americano, que ele via seus atos como "heroicos".

A repórter Ann Louise Bardach, do jornal norte-americano The New York Times, foi intimada a depor hoje, depois de ter passado anos combatendo sua possível participação por considerar que o depoimento prejudicaria o relacionamento entre os jornalistas e suas fontes de informação. A entrevista foi feita em Aruba, em 1998.

Atuando pela CIA nos anos 70

Posada Carriles, de 83 anos, é um ex-agente da CIA e ativista anticomunista que foi levado a julgamento nos EUA por perjúrio, obstrução de justiça e fraude imigratória, entre outras acusações.

Nascido em Cuba e naturalizado venezuelano, Posada Carriles atuou como agente da CIA entre 1960 e 1976, segundo documentos da própria agência norte-americana divulgados nos últimos anos. Ele foi condenado à revelia pelo atentado que, em 1976, derrubou uma aeronave comercial da companhia Cubana de Aviación, no qual 73 pessoas morreram, e como mentor de uma série de explosões contra hotéis em Cuba na década de 1990, nas quais um turista italiano morreu.


Acolhido pelos mafiosos cubanos de Miami

O anticastrista também foi preso no Panamá no ano 2000 por envolvimento em um complô para assassinar Fidel Castro durante uma conferência internacional no país centro-americano, mas foi perdoado em 2004 pela presidente panamenha, então em fim de mandato, Mireya Moscoso. Entre outros episódios, Posada Carriles esteve envolvido na fracassada invasão da Baía dos Porcos e no escândalo Irã-Contras.

Posada Carriles entrou nos Estados Unidos em 2005 e, segundo a promotoria, mentiu sob juramento às autoridades imigratórios norte-americanas em diversas ocasiões.

Cuba o espera, para julgá-lo e puní-lo


 Com informações de Paraná Online

quarta-feira, 9 de março de 2011

Escola que homenageou Cuba é campeã do Carnaval em Florianópolis


A escola da comunidade da Lagoa da Conceição, União da Ilha da Magia, de Florianópolis (SC), trouxe para avenida um tema recheado de polêmica. O enredo "Cuba sim. Em nome da verdade", ousou retratar os EUA como "monstros" e os guerrilheiros de Che e Fidel como ícones da liberdade.

Política à parte, o desfile encantou os jurados e trouxe o primeiro título para a agremiação em apenas três anos de história. A União deixou para trás escolas tradicionais da cidade, como a Copa Lord, atual campeã, e a Protegidos da Princesa, fundada em 1948 e detentora de 24 campeonatos. Unidos da Coloninha e Consulado do Samba ficaram na quarta e quinta posição, respectivamente.

As três primeiras colocadas voltarão à passarela nesta terça-feira (8) para o desfile das campeãs. A filha de Che, Aleida Guevara, permanece em Florianópolis para uma série de palestras na quarta e quinta-feira, mas ainda não confirmou presença no novo desfile.

Em uma proposta ousada, causando grande expectativa na sociedade, a escola conseguiu fazer um desfile impecável e conquistar boas notas em quase todos os quesitos. A escola ganhou com 264,8 pontos. Em segundo lugar ficou a Embaixada Copa Lord, com 261,5 pontos, e, em terceiro a Protegidos da Princesa com 261,3 pontos.

A médica e revolucionária cubana Aleida Guevara foi destaque na passarela e participou da apuração na arquibancada ao lado da comunidade da Lagoa da Conceição. A cada nota dez recebida a comunidade se levantava e comemorava a aproximação do título.

Aleida também comemorou a vitória e saudou a coragem da escola e a homenagem feita a seu povo e sua revolução. O enredo da União da Ilha da Magia (UIM) foi cantado por todos, e palavras de ordem como "Cuba sim, yankees não. Viva Fidel e a revolução" também foram ecoadas.

O destaque na pontuação foi também para a Comissão de Frente, que na Passarela Nego Quirido montou um mosaico com o rosto de Che Guevara, e para a bateria UIM, com todos os seus integrantes vestidos de guerrilheiros revolucionários.


Fonte: Vermelho

sábado, 5 de março de 2011

Falece Alberto Granado, parceiro de motocicleta de Che Guevara


A imprensa oficial de Cuba anunciou neste sábado a morte do bioquímico argentino Alberto Granado, aos 88 anos. Amigo de Ernesto Che Guevara, ele acompanhou o líder guerrilheiro em uma viagem de motocicleta em vários países da América Latina no início da década de 1950. A história ganhou notoriedade em 2005, quando foi adaptada pelo cineasta brasileiro Walter Salles no filme "Diários de motocicleta".



O contato com as populações dos locais por onde passou teria despertado o engajamento político de Che, que culminou com sua participação na Revolução Cubana de 1959.



Granado morava em Cuba desde 1961, após ser convidado pelo líder guerrilheiro. A televisão estatal da ilha informou que ele será cremado e suas cinzas serão espalhadas pelo país, além da Argentina e da Venezuela. As causas da morte não foram divulgadas.


Granado e Che, na balsa Mambo-Tango
(mencionada no filme, inclusive)


Finalizo esta postagem com um tango de Gardel, que Granado costumava cantarolar, isso também aparece no filme, inclusive nos extras, que são imperdíveis, pois aparece ele velhinho, dando emocionante entrevista em 2004.

Adios Muchachos

Adios muchachos, compañeros de mi vida,
Barra querida de aquellos tiempos.
Me toca a mi hoy emprender la retirada,
Debo alejarme de mi buena muchachada.
Adios muchachos. ya me voy y me resigno...
Contra el destino nadie la talla...
Se terminaron para mi todas las farras,
Mi cuerpo enfermo no resiste más...


Acuden a mi mente
Recuerdos de otros tiempos,
De los bellos momentos
Que antaño disfrute,
Cerquita de mi madre,
Santa viejita,
Y de mi noviecita
Que tanto idolatre.
Se acuerdan que era hermosa,
Mas linda que una diosa
Y que, ebrio yo de amor,
Le di mi corazón?
Mas el señor, celoso
De sus encantos,
Hundiendome en el llanto,
Me la llevo.


Es dios el juez supremo.
No hay quien se le resista.
Ya estoy acostumbrado
Su ley a respetar,
Pues mi vida deshizo
Con sus mandatos
Al robarme a mi madre
Y a mi novia también.
Dos lagrimas sinceras
Derramo en mi partida
Por la barra querida
Que nunca me olvido.
Y al darle, mis amigos,
El adiós postrero,
Les doy con toda mi alma,
Mi bendición.


Adios muchachos, compañeros de mi vida,
Barra querida de aquellos tiempos.
Me toca a mi hoy emprender la retirada,
Debo alejarme de mi buena muchachada.
Adios muchachos. ya me voy y me resigno...
Contra el destino nadie la talla...
Se terminaron para mi todas las farras,
Mi cuerpo enfermo no resiste más...


Com informações de Cubadebate e SRZD

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pombo: um guerrilheiro revolucionário que lutou com Che na Bolívia


Harry Villegas Tamayo conheceu Che aos 16 anos, na Sierra Maestra, em 1957. Com o triunfo da revolução cubana, em 1959, tornou-se um dos guarda-costas mais constantes do comandante. Em 1963, quando Che convocou ex-combatentes para uma guerrilha na Argentina, Villegas se ofereceu, mas foi recusado - por ser negro, sua presença levantaria suspeitas na Argentina.

Em 1965, quando estava no Congo Belga (ex-Zaire e, depois de 1997, República Democrática do Congo), Che pediu a Fidel que mandasse Villegas ao continente africano. Nessa época Che escolheu para ele o codinome Pombo. Depois de sete meses, os cubanos se retiraram sem conseguir massificar o movimento guerrilheiro. Che (agora sob o codinome Tatu) foi à Tanzânia e Pombo o acompanhou a Praga, antes de voltarem a Cuba. No dia 4 de novembro de 1966, Che chegou à Bolívia, na região de Ñancahuazú. Pombo tinha chegado antes, tendo passado pelo Brasil para entrar no país, com o intuito de levantar as características do local. Onze meses depois, no dia 8 de outubro, Che caiu prisioneiro do Exército boliviano, com a ajuda dos Estados Unidos. Foi assassinado no dia seguinte.



Pombo e mais cinco guerrilheiros (Ñato, Inti, Dario, Urbano e Benigno) conseguiram fugir e, durante seis meses - menos Ñato, que morreu no meio do caminho - percorrem mais de 600 quilômetros clandestinamente até cruzar a fronteira com o Chile. Desses sobreviventes, além de Pombo, outros dois combatentes ainda estão vivos: Urbano, que mora em Havana, e Benigno, que está em Paris, desde 1995. Dario morreu em 1968, mesmo ano em que Inti foi assassinado, numa tentativa de reorganizar a guerrilha na Bolívia.

A partir de 1976, Pombo ainda esteve à frente das tropas cubanas enviadas a Angola para lutar ao lado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), contra a Unita e a FNLA, sustentadas pelo regime de apartheid da África do Sul, e pelos Estados Unidos, respectivamente.

Pombo hoje é general de Brigada das Forças Armadas Revolucionárias, vice-presidente da Associação de Combatentes da Revolução Cubana, membro do Comitê Central do Partido Comunista Cubano, deputado na Assembléia Nacional e um dos raros condecorados com a honra de "Herói da República de Cuba".



Aos 65 anos, Pombo é o único guerrilheiro vivo que lutou com Che Guevara nas montanhas da Sierra Maestra, no Congo e na Bolívia. Foram dez anos de convivência com o comandante, até a sua morte, em 1967.

Na semana passada, ele esteve no Brasil para participar da conferência internacional "Pensamento e Movimentos Sociais na América Latina e Caribe: Imperialismo e Resistências", promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pela Via Campesina. Não foi a primeira vez que ele pisou em solo brasileiro. Em 1966, quando a guerrilha de Che se instalou na Bolívia, Pombo passou por São Paulo e por Campo Grande (MS) como estratégia para sua entrada no país vizinho sem chamar atenção.

Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, Pombo explica que o desfecho trágico da guerrilha na Bolívia, quando Che foi assassinado, teve origem na "traição" do Partido Comunista Boliviano e na decisão de Che de não abandonar uma coluna de guerrilheiros que havia se perdido do seu grupo. Ao comentar a situação da América Latina, Pombo diz que a Venezuela é a esperança do povo do continente e do Terceiro Mundo.

De onde vem o codinome Pombo? Sabe-se que, no Congo, Che usou números na língua local para renomear os guerrilheiros. Em Swahili - uma das línguas mais faladas na África - , Che passou a se chamar Tatu (que significa três), José Maria Tamayo tornou-se Mbili (dois) e Victor Dreke, Moja (um).

Harry Villegas Tamayo "Pombo" - Eu não estava entre os primeiros que foram para o Congo, e que receberam codinomes de números. Eu estava no Exército Ocidental quando o presidente Fidel Castro me disse que Che havia mandado me chamar na África. Só que, com o aumento do número de guerrilheiros, era complicado continuar dando nomes referentes a números porque ficavam muitos compridos. Che decidiu, então, procurar nomes em um dicionário. Escolheu para mim o nome Pombo Poljo, que significa néctar verde. Da mesma forma, escolheu Tumaini Tuma para nomear Carlos Coelho.

Antes do Congo, o senhor havia se oferecido para ir junto com um grupo de guerrilheiros à Argentina, mas Che não quis. Como foi a sua reação?

Pombo - No momento da saída do grupo, eu não entendi. Só depois percebi que, por ser negro, seria muito difícil me camuflar entre os argentinos. Então Che disse que eu não iria enquanto a guerrilha não adquirisse uma determinada força e até que ele próprio também já tivesse ido. Hermes Peña e Alberto Castellano foram se juntar a Jorge Massetti (jornalista argentino que entrevistou Che e Fidel, em 1958, na Sierra Maestra, e comandou a primeira guerrilha guevarista na Argentina, em 1963).

Como foi o seu primeiro contato com Che?

Pombo - Era 1957, eu tinha 16 anos e já participava de uma célula no meu povoado, ao pé da Sierra Maestra. Pichávamos paredes com propaganda do Movimento Revolucionário 26 de Julho, fazíamos ações contra as redes de eletricidade e a todo instante íamos presos. Como estávamos coladinhos à Sierra, resolvemos subi-la. Foi quando entramos em contato com um pelotão da coluna de Che. Pediram para que esperássemos porque Che estava percorrendo outros pelotões. Quando ele chegou, sua figura me impressionou: era esbelto, mas usava uma boina esfarrapada e desengonçada. Ele perguntou o que fazíamos ali. Respondemos que tínhamos ido lutar contra a tirania batistiana (de Fulgêncio Batista, ditador apoiado pelos Estados Unidos). Ele retrucou: "Com o quê?" Mostrei um pequeno fuzil 22 e ele começou a rir e disse: "Você acha que com isso vai derrubar Batista? Desce a montanha, se esconde atrás de um arbusto, dá uma gravata num dos soldados que estão aos montes por aí e lhe tire o fuzil". Eu pensei que fosse fácil. Voltei para o meu povoado, onde havia muitos chivatos (informantes do Exército), mas me denunciaram. Consegui escapar do cerco e troquei minha arma por uma escopeta calibre 12. Não era o que Che havia pedido, os soldados nem usavam escopetas. Mas, ao voltar, Che me disse que o importante não era a arma, mas a minha decisão de lutar contra a tirania.

A certeza de vencer era muito forte na Sierra Maestra?

Pombo - A certeza sempre nos acompanhou. Uma coisa que tem Fidel, tinha Che, e é própria de todo revolucionário, é a confiança na vitória, nas massas. Por isso Fidel disse que com cinco fuzis e sete pessoas a revolução estava feita (ao sobreviver com poucos homens após o desastroso desembarque do Granma, onde sobraram, ao todo, 12 homens dos 82 iniciais). Porém, quando seria a vitória, ninguém sabia. Che pensava que fosse demorar mais.

Existiam outros estrangeiros na Sierra, além de Che?

Pombo - Sim. Um mexicano, um francês e, entre os vários estadunidenses, até um sargento veterano da Guerra da Córeia (1950-1953), que foi instrutor e chefe da vanguarda no deslocamento da coluna de Che para o centro da ilha.

O que Che acharia de ver o seu rosto estampado em camisetas, a serviço da máquina capitalista?

Pombo - Penso que ele não gostaria. Eu nunca vi o Che usando uma camiseta de Marx ou de Lênin. Mas eu acho que, se uma pessoa traz o Che no peito, com orgulho, para se sentir motivada, para divulgar quem foi Che, para que se vinculem a ele, essa camiseta é útil. A camiseta ajuda a lembrar. Se você não vê o Che nas camisetas, não pensa nele.

Para a revolução, Che acabou sendo mais importante morto? Como seria se ele estivesse vivo, hoje, com 77 anos? [Nota do Blog Na Práxis - Essa entrevista é de 2005]

Pombo - Penso que ele seria mais importante vivo. Não tanto em relação a sua importância, mas ao que poderia fazer de útil. Ele era um homem com um pensamento em desenvolvimento, com uma capacidade extraordinária de autodidática, com espírito de investigação. Estava escrevendo um livro sobre a economia política do socialismo. Pensava em escrever sobre sua concepção, do ponto de vista filosófico, de como construir uma sociedade socialista para a América, que não fosse a mesma da Europa ou da Ásia. Tinha em mente que, no continente, somos muito parecidos, mas não somos todos cubanos. Hoje, em Cuba, Che representaria uma grande ajuda a Fidel.

Como Che conciliava a vida familiar com a vida revolucionária?

Pombo - O mais importante, para ele, era formar uma sociedade mais justa. Quando prenderam um filho de um dos nossos líderes da independência, Carlos Manoel Céspedes (primeiro fazendeiro a libertar seus escravos para lutarem contra os espanhóis), lhe impuseram a condição de que abandonasse a luta para o rapaz ser libertado. E Céspedes disse: "Não, eu sou o pai de todos os cubanos" - razão pela qual nós o chamamos de Pai da Pátria. Da mesma forma, se Che tivesse que decidir entre a sua família e a construção do socialismo, ou os interesses da pátria, ele decidiria pelos interesses da pátria. Mas isso não quer dizer que Che renegasse a família. Porque ele queria muito bem à sua família. Mas não no sentido estreito, de sua mulher, de seus filhos. Num sentido mais amplo, com uma confiança absoluta na sociedade. Ele sabia que, por sua luta, seus filhos teriam direito à educação, assim como todos os cubanos. Che não se desprende do elemento familiar. Não é como os inimigos do marxismo dizem, que o marxismo destrói a família. Mas o contrário, a família é a base, é a célula da sociedade.

Como Che tratava as crises de asma em meio à guerrilha?

Pombo - Com um tipo de inalador. Quando isso não era possível, Che usava o que os médicos chamam de "motivações primárias". Isto é, na crise, fazia seu corpo reagir a algo maior. Provocava um pequeno corte, para que a infecção gerasse uma febre e assim saía do ataque de asma.

Por que Kabila (líder da resistência anticolonialista congolesa, que em 1997 viria a se tornar presidente da República Democrática do Congo, ex-Zaire) recusava um encontro com Che?

Pombo - Na época, nós não entendíamos como a África funcionava. Só viemos descobrir depois, quando ficamos por 15, 20 anos em Angola. No Congo, começamos a enfrentar uma sociedade que não tinha um conceito de nação, mas um conceito de tribo. Não que o conceito de nação possa ser criado artificialmente, como os colonizadores quiseram impor. Mas um povo que queira lutar por sua pátria precisa ter um conceito de nação. Para nós, isso não fazia sentido porque não temos tribo, somos uma mistura de espanhóis, africanos e chineses. Não temos índios. Eles desapareceram de Cuba. Os espanhóis não tiveram nem a idéia de fazer uma reserva, como fizeram os estadunidenses, e manter ali alguns índios para mostrar a todos: "Vejam, estes são os homens que eram donos de todas estas coisas que estão aqui, e agora não têm nada". Nem isso fizeram os espanhóis. Chefe do que eles chamavam de "exército paralelo", Kabila se encontrou apenas uma vez com Che porque guerrear não fazia parte de sua natureza. Não era um homem latino-americano. Não era como Bolívar, que dizia: "Vamos!". Nunca houve um líder africano à frente de sua tropa, o que era uma coisa inconcebível para um latino, que leva, conduz o povo. Eles não necessitavam nem do contato conosco, não necessitavam da fala, eles mandavam tudo gravado.

Se a guerrilha comandada por Masetti na Argentina tivesse tido êxito, Che não teria ido ao Congo?

Pombo - Sim, realmente, Che foi ao Congo para esperar que as condições na América ficassem mais favoráveis. Fidel lhe ofereceu para ficar em Cuba, mas Che achava que já havia cumprido seu papel com os cubanos e queria ir a outro lugar. Em 1964, ele havia voltado de uma conferência na Organização das Nações Unidas, onde denunciou que os capacetes azuis haviam permitido o assassinato de Lumumba (revolucionário congolês). A meu ver, Che, que admirava Lumumba, se sentiu comprometido com a situação e decidiu ir ao Congo pensando que o movimento de Lumumba estivesse mais vertebrado, mas não estava.

A captura de Ciro Bustos e de Régis Debray (na tentativa de sair da área guerrilheira, foram presos pelo Exército boliviano) foi preponderante para a desestruturação da guerrilha na Bolívia?

Pombo - Não. Nós nos vimos sem a base. Com a experiência da Sierra Maestra, já sabíamos que o camponês só se incorpora quando vê alguma possibilidade de êxito, e uma forte possibilidade de respaldo. De início, nós tínhamos organizado nossa participação na luta boliviana por meio do Partido Comunista, que contava com milhares de militantes jovens dispostos a se engajar na luta. Mas Monje (então presidente do Partido Comunista Boliviano) mudou de lado, nos traiu. Che nunca soube se por covardia política ou pessoal. Ao nos trair, cortou nosso vínculo com o partido, acabou com a fonte onde íamos nos nutrir para gerar uma guerrilha forte, que Che queria desenvolver por um tempo limitado para poder expandi-la à Argentina e ao Peru, onde estavam Bustos e Chino. Não por acaso, de Ñancahuazú, na Bolívia, podia se chegar à Argentina e ao Peru, pela Cordilheira Oriental dos Andes.

Como foram os quatro meses de desencontros nas selvas da Bolívia, entre a coluna de Che e a outra em que estavam Joaquim e Tania (revolucionária alemã-argentina)?

Pombo - Fizemos todo o possível. Che não desistia de achar o grupo de Joaquim. Tanto que ele nos manteve demasiado tempo por ali, mesmo não tendo a intenção de combater na região Sul da Bolívia. Por fim, o Exército nos descobriu e fomos obrigados a iniciar o combate ali mesmo. Originalmente, pensávamos em começar a guerrilha na região Central da Bolívia, no Chapare, onde havia um camponês amigo de Inti - um dos guerrilheiros do grupo de Che _, que organizava os camponeses. Esse camponês não estava comprometido, mas Inti acreditava que ele se incorporaria. Tínhamos, mais ao norte, a possibilidade de que pudessem se incorporar à guerrilha os estudantes recrutados na América, na Europa, na União Soviética, em Praga, além de um conjunto de estudantes de Cuba.

Se houvesse o encontro entre os dois grupos no dia 31 de agosto de 1967, teria sido mera coincidência? (eles se desencontraram por questão de horas, estavam em linha reta, a 3 quilômetros de distância).

Pombo - Convergimos ao mesmo ponto por coincidência. Nosso grupo estava indo para o Chapare. Estávamos bem próximos quando escutamos pelo rádio que o grupo de Joaquim combatia mais ao sul. Então, demos meia volta e nos metemos novamente na zona guerrilheira, atrás deles. Quase os encontramos antes de eles caírem na emboscada (em que morreram). Só voltamos ao Sul na tentativa de encontrar o grupo de Joaquim. Nunca havíamos previsto ir ao Sul porque sabíamos que era mais desprovido de bosques e de água. Foi só por isso que descemos demais ao Sul e se criaram as condições para a emboscada do dia 26 de setembro (onde 3 guerrilheiros são mortos), e, depois, para o desfecho de 8 de outubro (quando Che é feito prisioneiro e morto, no dia seguinte, junto com outros guerrilheiros).

Como era Tânia?

Pombo - Uma mulher excepcional. Suas raízes latinas (era argentina, mas passou a juventude na Alemanha) foram de grande ajuda. Ela tinha a tarefa de ir à Bolívia criar condições de confiabilidade, até que lhe dessem instruções. Houve até um momento em que ela foi um pouco esquecida pela nossa Inteligência. A idéia de Che era preservá-la para que, se necessário, ela pudesse esconder alguém em lugar seguro. Mas ela acabou vindo para a guerrilha. Che tentou tirá-la de lá, o que foi impossível, porque ela já havia sido identificada. Assim, se estragou um trabalho de clandestinidade de três anos. Tânia foi uma revolucionária com grande capacidade de sacrifício. Quando lhe disseram para casar com um boliviano porque fazia falta ela não ter a nacionalidade boliviana, ela se casou. E quando disseram que era preciso dar um fora no boliviano porque ela tinha que sair do país, e que ela devia dar um jeito dele entender, ela o convenceu. Então ela foi "estudar" na Bulgária. Ela era extremamente disciplinada.

Che estaria contente com o desenvolvimento da revolução cubana?

Pombo - Acho que sim, porque quando ele saiu de Cuba fez um avaliação dos avanços da revolução, e justamente decidiu ir porque chegou à convicção de que o processo era irreversível. De que as massas haviam tomado consciência do seu papel de vanguarda, que, para Che, era o partido, era Fidel. Ele acreditava que a vanguarda precisa formar parte da massa a todo instante, sem ser a massa. Che dizia que esse vínculo, de tão próximo, deve fazer com que aquele que está à frente escute a respiração de quem vem atrás.

Por que Benigno traiu a revolução cubana?

Pombo - Para Benigno, pesou a questão material. Quando ele se foi, o processo revolucionário cubano passava por uma etapa difícil, mas não a pior. Os problemas de Cuba não eram graves. Ele tinha uma pequena finca (chácara). Nós somos guajiros (camponeses), não tínhamos base cultural, nem intelectual. Quando você participa de uma luta como essa, começam a te dizer que você é o máximo, e se você acredita, se equivoca. Benigno deixou isso subir à cabeça e acreditou que era herói. Era, sim, uma pessoa de mérito, mas o que fizemos, muitos outros cubanos também fizeram. Estiveram na Venezuela, na Colômbia, na Guatemala e não ficaram conhecidos. O fato de ter participado da epopéia em que morreu Che o atingiu. Além disso, ele se casou com uma mulher da Inteligência Cubana, que falava inglês, francês. Acho que ela tem um peso nisso porque se ela fosse firme quando ele lhe propôs essas coisas, tendo ela mais capacidade intelectual que ele, ela o influenciaria para o caminho correto. Outro problema é que, como camponeses, temos a mente pródiga, imaginamos coisas. Benigno acabou publicando um livro fantasioso, mentiroso, em grande parte.

Por que Benigno sustenta que Fidel abandonou Che?

Pombo - Isso é uma maldade. Benigno tem que agradar o imperialismo, e para isso, tem que dizer as coisas que o imperialismo gosta de ouvir. Quando Che foi à África, com mais de uma centena de cubanos, Fidel não o abandonou. Quando os africanos consideraram que não era conveniente Che estar ali, e ele saiu de lá para Praga, com a Inteligência Cubana dando apoio todo o tempo, Fidel não o abandonou. Quando Che decidiu começar a luta na sua pátria, Fidel permitiu que ele pegasse vinte e tantos companheiros que haviam estado com ele na Sierra, Fidel não o abandonou. O que acontece é que, se Fidel mandasse mais de cem homens à América Latina, como fez 20 anos depois, mandando um exército de 50 mil homens comigo a Angola, a atitude seria vista como intervenção.

A guerrilha, hoje, ainda é um caminho para a libertação dos povos da América Latina?

Pombo - Eu não diria nem que não, nem que sim. Depende das condições concretas de cada país e de cada momento. Hoje, é muito arriscado o surgimento de um movimento guerrilheiro em qualquer país, com a tecnologia que tem o exército inimigo, fundamentalmente o dos Estados Unidos. Mas também não é impossível porque existem guerrilhas na Colômbia, por exemplo, e mesmo com toda essa tecnologia não conseguiram aniquilá-la.

Como o senhor vê o MST?

Pombo - A capacidade organizativa dos sem-terra me impressiona. Eles não podem perder nunca sua convicção. Depois de assentados, não devem se desvincular do movimento. Não importa que você tenha a terra. Por você ter lutado por ela, deve se manter unido, com terra ou sem terra, por solidariedade humana, não digo nem por companheirismo. Isso é o que pode unir as pessoas ao Che. Esse amor pelo próximo que está um pouco mais além dos ditos parâmetros normais, e que lhe deu um conceito superior como ser humano.

O senhor acredita que Chávez vai assumir o papel de Fidel nos próximos anos?

Pombo - O papel de Chávez é assumir a dirigência do seu povo para depois assumir o mesmo papel sobre o restante do continente. Não podemos esquecer que o inimigo de Chávez é o país mais poderoso do mundo. E ele tem sabido lidar com a situação, solidamente, com o apoio das massas pobres, e tendo ainda que ganhar a classe média. O movimento de Chávez é novo. Tem a ver com um socialismo distinto, dentro do pluripartidarismo. Nós, cubanos, somos o farol, mas a Venezuela é a esperança do povo do continente e do Terceiro Mundo por seu potencial econômico, por seu tamanho, por ter fronteiras com tantos países que podem irradiar ainda mais aquilo que o Che queria fazer na Bolívia. Nesse sentido, Chávez tem muito mais vantagens do que nós, lá no meio do Caribe.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Comentando notícia de "O Globo", sobre o agente estadunidense preso em Cuba

E a cobertura da grande mídia sobre o que acontece em Cuba segue distorcida. Neste caso, além de distorcida, ridícula. Vejamos esta notícia da agência Reuters, publicada em “O Globo”.

Entenda as peculiaridades da comunicação dentro do regime implantado no Brasil.

“O Globo” é um jornal de grande circulação no Brasil, pertencente à família Marinho. No regime atualmente instaurado nesse país, em nome da “democracia”, apenas as famílias ricas detém os meios de comunicação de massa.

Vamos colocar nossos comentários em negrito. 

Segue a notícia:

Cuba buscará pena de 20 anos de prisão para funcionário dos EUA

Promotores cubanos tentarão conseguir uma condenação de 20 anos de prisão para o funcionário norte-americano Alan Gross, acusado de espionagem num caso que congelou as já tensas relações entre Cuba e Estados Unidos, afirmou o jornal Granma, do Partido Comunista, em sua edição online na sexta-feira.
Em comunicado oficial, o jornal disse que Gross era acusado de "Atos Contra a Independência e Integridade Territorial do Estado" e que diplomatas norte-americanos foram avisados sobre da acusação.
O jornal afirmou que uma data para o julgamento deve ser agendada em breve para Gross, que está preso desde dezembro de 2009.
Os Estados Unidos disseram que Gross estava apenas fornecendo equipamentos de comunicação por satélite e acesso à Internet a grupos judeus em Cuba e que não era um espião.

Sim, os EUA alegaram isso, no entanto, se a Reuters, ou o jornal da família Marinho, realmente exercessem a sua tão cacarejada imparcialidade, já teriam constatado e divulgado que esse sujeito teve uma atuação no mínimo criminosa em Cuba. Organizando e instrumentalizando tecnologicamente grupos opositores de direita, descaradamente financiados pelo governo estadunidense. 

Ele trabalhava num programa norte-americano para promover a mudança política em Cuba, o que, para o governo comunista da ilha é uma subversão.

Associação a uma potência estrangeira para derrocar o governo de um país é uma subversão não só para o governo comunista da ilha, mas para qualquer governo do mundo! Em países como EUA, França e Inglaterra, isso configura crime de alta traição ao Estado. É espantoso o tom asséptico através do qual Reuters/O Globo abordam uma descarada ingerência estrangeira na política cubana. E o que é pior; praticamente transformam o agente Alan Gross em mais uma “vítima do regime”.

Washington já pediu sua libertação e disse que não haveria grandes mudanças nas relações diplomáticas até que Gross, de 61 anos, fosse libertado. 

Ah, sim, claro, olhando assim, até poderíamos inferir que o bloqueio econômico é culpa da “política intransigente” da ilha, ao colocar, atrás das grades, traidores e agentes estrangeiros.  O pior é que esse indivíduo vai desfrutar, inclusive,  de um julgamento justo. Enquanto isso, a mídia corporativa internacional  vai seguir chamando Cuba de "ditadura".
Se Cuba seguisse a cartilha da "maior democracia do mundo" para casos como esse,  o Sr Gross não teria tanta sorte.
Xilindró nele!


Link da notícia original

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Na Práxis retorna de Cuba

Este Blogueiro esteve de férias, por essa razão, tivemos poucas postagens em janeiro.
Como estivemos em Cuba, nos próximos dias, depois de um rápido processo de readaptação ao regime brasileiro, teremos um bom número de postagens sobre a ilha e sua magnífica Revolução.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Frei Betto: Cuba rumo a mudanças

Cuba vive um momento de mudanças profundas no país. Um documento preliminar — Projeto de Orientações da Política Econômica e Social — é debatido pela população. Como saída para a crise, o documento propõe o fim do subsídio a produtos da cesta básica, compensado pelo aumento de salário; cultivo de terras ociosas; reestruturação do sistema de empregos e uma política salarial mais rigorosa.

Apesar das dificuldades, o governo assegura aos 11 milhões de cubanos os três direitos fundamentais: alimentação, saúde e educação. Cuba não pretende retornar ao capitalismo. O documento enfatiza que “só o socialismo é capaz de vencer as dificuldades (…) e que a atualização do modelo econômico primará pela planificação e não pelo mercado.”

Cuba se destaca pela solidariedade internacional. De 1961 a 2009, diplomaram-se na ilha, gratuitamente, 55.188 jovens de 35 países, dos quais 31.528 de nível universitário. Hoje, há 29.894 bolsistas estrangeiros em diferentes especialidades. Prestam serviço, em 25 nações, 1.082 educadores cubanos. Na área da saúde, Cuba atua em 78 países, com 37.667 colaboradores, dos quais 16.421 são médicos.

Cuba está convencida de que a completa estatização da economia é inviável. Daí a proposta de manter empresas estatais ao lado de outras de capital misto, bem como modalidades diversas de iniciativas não estatais, como cooperativas.

Com as futuras reformas, mais de 1 milhão de cubanos devem perder seus empregos na estrutura estatal. Um desafio é a requalificação profissional dos desempregados, a fim de se evitar a contravenção, o narcotráfico e a economia paralela.

As reformas anunciadas significam maior democratização do socialismo. O Estado deixa de ser o grande provedor para se tornar o principal impulsionador do desenvolvimento.

Frei Betto é escritor, autor de ‘Cartas da Prisão’
Twitter:@freibetto

Original em O Dia