sábado, 6 de junho de 2009

A Vergonhosa História da OEA - PARTE FINAL



Parte final da reprodução, em seis partes, da matéria que foi publicada recentemente pelo Granma Digital e escrita por Oscar Sánchez Serra, jornalista cubano.


SANGUE POR TODOS OS POROS

Washington e a OEA foram coerentes com seu tenebroso passado quando perceberam as primeiras ameaças.

A organização que havia favorecido o golpe de Estado de 1952 em Cuba, a que foi tão indeterminada face à ação militar contra o governo constitucional de Jacobo Árbenz na Guatemala; a que apoiou o sátrapa Anastasio Somoza e, em 1961, não condenou a invasão mercenária a Cuba, enquanto evitava toda crítica ao golpe de Estado contra o presidente eleito do Equador, Velazco Ibarra, continuava sendo exatamente a mesma que auspiciava com sua indulgência a invasão militar à República Dominicana em 1965 e o envio de boinas verdes e armas à Guatemala em 1966, e à Bolívia em 1967, ao passo que aplaudia as formaturas de centenas de torturadores e repressores da Escola das Américas do Canal do Panamá.

Contemplou os golpes de Estado patrocinados pelo governo dos Estados Unidos no Uruguai, Argentina e Chile. Ficou calada diante da morte de Salvador Allende, diante do assassinato e desaparecimento forçoso de milhares de sul-americanos durante a tenebrosa Operação Condor. Não promoveu a paz na América Central durante a década de 1980, num conflito onde morreram quase mil pessoas. Não apoiou as investigações para esclarecer a suspeitosa morte do general Torrijos no Panamá, nem seus embaixadores deixaram de tomar café quando as inglórias invasões a Granada, em 1983, e ao próprio Panamá, em 1989.

Apoiou Pedro "El Breve", durante as difíceis jornadas que viveu a Venezuela em abril de 2002, depois da tentativa golpista, vencida pela resposta exemplar do povo, que resgatou seu presidente. Essa atitude evidenciou até onde era capaz de chegar sua hipocrisia e submissão ao poder imperial, ao não aceitar o caráter genuíno do processo bolivariano venezuelano, que lhe deu uma ótima lição, submetendo-se como nenhum outro governo ao escrutínio de seus eleitores, e sair vitoriosos.

A OEA, empenhada em questionar a legitimidade democrática das eleições para favorecer a política estadunidense de derrubar a Revolução Bolivariana, pôs a nu toda a imoralidade da famosa Carta Democrática.

Só faltava a este pútrido histórico o caso particular da Bolívia, com abundantes e claras evidências do comprometimento dos EUA numa guerra suja para derrubar Evo Morales, o primeiro presidente indígena da América. À OEA e ao senhor Isulza sobrou pudor (?) para evitar chamar as coisas pelo nome (golpe de Estado, por exemplo) e preferiram indicar com linguagem arlequinada que (...) na Bolívia ou se põe de imediato fim às hostilidades e se inicia a negociação, ou a situação ficará muito difícil (...). Em sua cumplicidade por omissão, a OEA ignorou as suficientes evidências de que a DEA e a CIA estavam por trás dos planos de magnicídio na Bolívia.

ENTERRAR O PESTILENTO CADÁVER

Em toda esta longa história, há comprometimento demais com a morte, o genocídio e a mentira para que a OEA sobreviva a estes tempos. É um cadáver político e deve ser enterrado quanto antes. No entanto, não falta quem no seu afã de ressuscitar o morto, procuram salvá-lo pela via de "perdoar a vida a Cuba", devolvendo-lhe o espaço do qual não deveu ser privada. Não faltam sequer os tecnicismos, como que, quem foi excluído foi o governo, e não o país, como se a pessoa jurídica de um Estado pudesse ser separada de sua mesma existência. A realidade é que sem a OEA, os Estados Unidos perderiam um de seus principais instrumentos político-jurídicos de controle hegemônico sobre o hemisfério ocidental.

Desmantelar a OEA e fundar uma nova organização de países latino-americanos e caribenhos, sem os EUA, seria a única maneira para que América Latina e o Caribe possam determinar seu destino sem porem em perigo sua identidade e avanço realmente para uma grande pátria unida, que Martí e Bolívar indicaram como meta histórica.

Quanto a Cuba, não precisa da OEA. Não quer entrar nela nem reformada. Escorre sangue e infâmia por todos seus poros. Nunca voltaremos a esse vetusto casarão de Washington, testemunha de tantas vergonhas compradas e tantas humilhações. Raúl o expressou com palavras de Martí: Antes de ingressar na OEA, primeiro se unirá o mar do Norte com o Mar do Sul e nascerá uma cobra de um ovo de águia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário