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sábado, 26 de março de 2011

Jimmy Carter visita Cuba



O ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter chega a Cuba nesta segunda-feira para uma visita de três dias, a convite do governo cubano, informou a organização não governamental dirigida por ele.





Carter e sua esposa, Rosalynn, vão se reunir com o presidente Raúl Castro e outros altos funcionários do regime comunista cubano para informar-se sobre as novas políticas econômicas na ilha e o próximo congresso do Partido Comunista que designará suas novas autoridades.




Segundo comunicado recebido pela AFP da secretária de imprensa do Centro Carter, Deanna Congileo, a viagem terá caráter privado, não se tratando de missão governamental.

Em abril, Carter pretende ir à Coreia do Norte, país que visitou outras vezes. 

Com informações de AFP

quinta-feira, 3 de março de 2011

Dança macabra de cinismo - Artigo de Fidel Castro



A política de saqueio imposta pelos EUA e seus aliados da OTAN no Oriente Médio entrou em crise. Desencadeou-se inevitavelmente com o alto custo dos cereais, cujos efeitos se fazem sentir com mais força nos países árabes, onde apesar de seus enormes recursos petroleiros, a escassez de água, as áreas deserticas e a pobreza generalizada do povo contrastam com os enormes recursos derivados do petréleo que possuem os setores privilegiados.
Enquanto os preços dos alimentos triplicam-se, as fortunas imobiliárias e os tesouros da minoria aristocrática aumentam a trilhões de dólares.
O mundo arábico, de cultura e crença muçulmana, tem sido humilhado adicionalmente pela imposição a sangue e fogo dum Estado que não foi capaz de cumprir as obrigações elementares que lhe deram origem, a partir da ordem colonial existente até finais da Segunda Guerra Mundial, em virtude da qual as potências vitoriosas criaram a ONU e impuseram o comércio e a economia mundiais.
Graças a traição de Mubarak em Camp David o Estado árabe palestino não tem podido existir, apesar dos acordos da ONU de novembro de 1947, e Israel virou forte potência nuclear aliada aos EUA e à OTAN.
O complexo militar industrial dos EUA forneceu dezenas de milhares de milhões de dólares cada ano a Israel e aos próprios estados árabes dominados e humilhados por este.
O gênio saiu da garrafa e a OTAN não sabe como controlá-lo. Vão tentar tirar o maior proveito dos lamentáveis acontecimentos da Líbia. Ninguém seria capaz de saber neste momento o que ali está acontecendo. Todas as cifras e versões, até as mais inacreditáveis, têm sido divulgadas pelo império através dos meios de comunicação, semeando o caos e a desinformação.
É evidente que na Líbia se leva a cabo uma guerra civil. Por que e como se desencadeou a mesma? Quem vão pagar as consequências? A agência Reuters, fazendo-se eco do critério dum conhecido banco do Japão, o Nomura, expressou que o preço do petróleo poderia superar qualquer limite:
"’Se Líbia e Argélia suspendem a produção de petróleo, os preços poderiam superar os US$220 o barril e a capacidade ociosa da OPEP seria reduzida a 2,1 milhões de barris por dia, similar aos níveis atingidos durante a guerra do Golfo, e quando os valores atingiram os US$147 o barril em 2008’, afirmou o banco em uma nota".
Quem poderiam pagar hoje esse preço? Quais seriam as consequências em meio a uma crise alimentar?
Os líderes principais da OTAN estão exaltados. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, informou a ANSA, "… admitiu num discurso no Kuwait que os países ocidentais erraram em apoiarem governos não-democráticos no mundo árabe". Deve ser congratulado pela sua franqueza.
Seu colega francês Nicolás Sarkozy declarou: "A prolongada repressão brutal e sangrenta da população civil líbia é repugnante".
O chanceler italiano Franco Frattini declarou "‘acreditável’ a cifra de mil mortos no Trípoli […] ‘a cifra trágica será um banho de sangue’".
Hillary Clinton declarou: "… o ‘banho de sangue’ é ‘completamente inaceitável e ‘tem que parar’…".
Ban Ki-moon expressou: "‘É absolutamente inaceitável o uso da violência que há no país’".
"… ‘o Conselho de Segurança atuará conforme ao que decida a comunidade internacional’".
"‘Estamos considerando várias opções’".
O que Ban Ki-moon espera realmente é que Obama diga a última palavra.
O presidente dos Estados Unidos falou na tarde desta quarta-feira e expressou que a secretária de Estado sairia para a Europa a fim de concordar com seus aliados da OTAN as medidas a tomar. Em seu rosto se percebia a oportunidade de lidar com o senador da extrema-direita republicana John McCain; o senador pró-israelense de Connecticut, Joseph Lieberman e os líderes do Tea Party, para garantir sua candidatura pelo partido democrata.
A mídia do império preparou o terreno para atuar. Não seria estranho a intervenção militar na Líbia, com o qual, também, garantiria a Europa os quase dois milhões de barris diários de petróleo leve, se antes não acontecem sucessos que ponham fim à chefia ou à vida de Gaddafi.
De qualquer forma, o papel de Obama é bastante complicado. Qual será a reação do mundo árabe e muçulmano se o sangue nesse país se derramar em abundância com essa aventura? Será que uma intervenção da OTAN na Líbia vai deter a onda revolucionária desatada no Egito?
No Iraque se derramou o sangue inocente de mais de um milhão de cidadãos árabes, quando o país foi invadido com falsos pretextos. Missão cumprida! —proclamou George W. Bush.
Ninguém no mundo estará jamais de acordo com a morte de civis indefensos na Líbia ou em qualquer outra parte. E me pergunto: Por acaso os Estados Unidos e a OTAN aplicarão esse princípio aos civis indefensos que os aviões sem piloto ianques e os soldados dessa organização matam todos os dias no Afeganistão e no Paquistão?
É uma dança macabra de cinismo.

Fidel Castro Ruz
23 de fevereiro de 2011
19h42

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Fidel alerta que EUA ordenarão a invasão da Líbia pela Otan

O líder cubano Fidel Castro advertiu nesta terça-feira que os Estados Unidos não hesitarão em ordenar que a Otan invada a Líbia para controlar o petróleo e colocou em dúvida a veracidade das informações que descrevem uma sangrenta repressão ordenada pelo governo de Muamar Kadhafi.
"Para mim é claramente evidente que o governo dos Estados Unidos não se preocupa em absoluto com a paz na Líbia, e não vacilará em dar à Otan a ordem de invadir este rico país, talvez em questão de horas ou em alguns dias", escreveu o líder cubano em mais um artigo de opinião.
Fidel diz ainda que é preciso esperar para saber "o quanto há de verdade ou mentira" nas informações sobre os acontecimentos na Líbia, onde, segundo as ONGs, entre 200 e 400 pessoas teriam morrido nos últimos dias nas repressão do regime Kadhafi.
"Pode-se estar ou não de acordo com Gaddafi (Kadhafi). O mundo foi invadido por todo tipo de notícias, empregando especialmente meios de informação em massa. Mas é preciso esperar o tempo necessário para conhecer com rigor quanto há de verdade ou mentira, ou uma mistura de fatos de todos os tipos que, em meio ao caos, são produzidos na Líbia".
Fidel classificou ainda de "mentira com pérfidas intenções" a versão que circulou sobre uma possível fuga de Kadhafi para a Venezuela, cujo presidente, Hugo Chávez, mantém relações com a Líbia.

Retirado de France Presse

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pombo: um guerrilheiro revolucionário que lutou com Che na Bolívia


Harry Villegas Tamayo conheceu Che aos 16 anos, na Sierra Maestra, em 1957. Com o triunfo da revolução cubana, em 1959, tornou-se um dos guarda-costas mais constantes do comandante. Em 1963, quando Che convocou ex-combatentes para uma guerrilha na Argentina, Villegas se ofereceu, mas foi recusado - por ser negro, sua presença levantaria suspeitas na Argentina.

Em 1965, quando estava no Congo Belga (ex-Zaire e, depois de 1997, República Democrática do Congo), Che pediu a Fidel que mandasse Villegas ao continente africano. Nessa época Che escolheu para ele o codinome Pombo. Depois de sete meses, os cubanos se retiraram sem conseguir massificar o movimento guerrilheiro. Che (agora sob o codinome Tatu) foi à Tanzânia e Pombo o acompanhou a Praga, antes de voltarem a Cuba. No dia 4 de novembro de 1966, Che chegou à Bolívia, na região de Ñancahuazú. Pombo tinha chegado antes, tendo passado pelo Brasil para entrar no país, com o intuito de levantar as características do local. Onze meses depois, no dia 8 de outubro, Che caiu prisioneiro do Exército boliviano, com a ajuda dos Estados Unidos. Foi assassinado no dia seguinte.



Pombo e mais cinco guerrilheiros (Ñato, Inti, Dario, Urbano e Benigno) conseguiram fugir e, durante seis meses - menos Ñato, que morreu no meio do caminho - percorrem mais de 600 quilômetros clandestinamente até cruzar a fronteira com o Chile. Desses sobreviventes, além de Pombo, outros dois combatentes ainda estão vivos: Urbano, que mora em Havana, e Benigno, que está em Paris, desde 1995. Dario morreu em 1968, mesmo ano em que Inti foi assassinado, numa tentativa de reorganizar a guerrilha na Bolívia.

A partir de 1976, Pombo ainda esteve à frente das tropas cubanas enviadas a Angola para lutar ao lado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), contra a Unita e a FNLA, sustentadas pelo regime de apartheid da África do Sul, e pelos Estados Unidos, respectivamente.

Pombo hoje é general de Brigada das Forças Armadas Revolucionárias, vice-presidente da Associação de Combatentes da Revolução Cubana, membro do Comitê Central do Partido Comunista Cubano, deputado na Assembléia Nacional e um dos raros condecorados com a honra de "Herói da República de Cuba".



Aos 65 anos, Pombo é o único guerrilheiro vivo que lutou com Che Guevara nas montanhas da Sierra Maestra, no Congo e na Bolívia. Foram dez anos de convivência com o comandante, até a sua morte, em 1967.

Na semana passada, ele esteve no Brasil para participar da conferência internacional "Pensamento e Movimentos Sociais na América Latina e Caribe: Imperialismo e Resistências", promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pela Via Campesina. Não foi a primeira vez que ele pisou em solo brasileiro. Em 1966, quando a guerrilha de Che se instalou na Bolívia, Pombo passou por São Paulo e por Campo Grande (MS) como estratégia para sua entrada no país vizinho sem chamar atenção.

Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, Pombo explica que o desfecho trágico da guerrilha na Bolívia, quando Che foi assassinado, teve origem na "traição" do Partido Comunista Boliviano e na decisão de Che de não abandonar uma coluna de guerrilheiros que havia se perdido do seu grupo. Ao comentar a situação da América Latina, Pombo diz que a Venezuela é a esperança do povo do continente e do Terceiro Mundo.

De onde vem o codinome Pombo? Sabe-se que, no Congo, Che usou números na língua local para renomear os guerrilheiros. Em Swahili - uma das línguas mais faladas na África - , Che passou a se chamar Tatu (que significa três), José Maria Tamayo tornou-se Mbili (dois) e Victor Dreke, Moja (um).

Harry Villegas Tamayo "Pombo" - Eu não estava entre os primeiros que foram para o Congo, e que receberam codinomes de números. Eu estava no Exército Ocidental quando o presidente Fidel Castro me disse que Che havia mandado me chamar na África. Só que, com o aumento do número de guerrilheiros, era complicado continuar dando nomes referentes a números porque ficavam muitos compridos. Che decidiu, então, procurar nomes em um dicionário. Escolheu para mim o nome Pombo Poljo, que significa néctar verde. Da mesma forma, escolheu Tumaini Tuma para nomear Carlos Coelho.

Antes do Congo, o senhor havia se oferecido para ir junto com um grupo de guerrilheiros à Argentina, mas Che não quis. Como foi a sua reação?

Pombo - No momento da saída do grupo, eu não entendi. Só depois percebi que, por ser negro, seria muito difícil me camuflar entre os argentinos. Então Che disse que eu não iria enquanto a guerrilha não adquirisse uma determinada força e até que ele próprio também já tivesse ido. Hermes Peña e Alberto Castellano foram se juntar a Jorge Massetti (jornalista argentino que entrevistou Che e Fidel, em 1958, na Sierra Maestra, e comandou a primeira guerrilha guevarista na Argentina, em 1963).

Como foi o seu primeiro contato com Che?

Pombo - Era 1957, eu tinha 16 anos e já participava de uma célula no meu povoado, ao pé da Sierra Maestra. Pichávamos paredes com propaganda do Movimento Revolucionário 26 de Julho, fazíamos ações contra as redes de eletricidade e a todo instante íamos presos. Como estávamos coladinhos à Sierra, resolvemos subi-la. Foi quando entramos em contato com um pelotão da coluna de Che. Pediram para que esperássemos porque Che estava percorrendo outros pelotões. Quando ele chegou, sua figura me impressionou: era esbelto, mas usava uma boina esfarrapada e desengonçada. Ele perguntou o que fazíamos ali. Respondemos que tínhamos ido lutar contra a tirania batistiana (de Fulgêncio Batista, ditador apoiado pelos Estados Unidos). Ele retrucou: "Com o quê?" Mostrei um pequeno fuzil 22 e ele começou a rir e disse: "Você acha que com isso vai derrubar Batista? Desce a montanha, se esconde atrás de um arbusto, dá uma gravata num dos soldados que estão aos montes por aí e lhe tire o fuzil". Eu pensei que fosse fácil. Voltei para o meu povoado, onde havia muitos chivatos (informantes do Exército), mas me denunciaram. Consegui escapar do cerco e troquei minha arma por uma escopeta calibre 12. Não era o que Che havia pedido, os soldados nem usavam escopetas. Mas, ao voltar, Che me disse que o importante não era a arma, mas a minha decisão de lutar contra a tirania.

A certeza de vencer era muito forte na Sierra Maestra?

Pombo - A certeza sempre nos acompanhou. Uma coisa que tem Fidel, tinha Che, e é própria de todo revolucionário, é a confiança na vitória, nas massas. Por isso Fidel disse que com cinco fuzis e sete pessoas a revolução estava feita (ao sobreviver com poucos homens após o desastroso desembarque do Granma, onde sobraram, ao todo, 12 homens dos 82 iniciais). Porém, quando seria a vitória, ninguém sabia. Che pensava que fosse demorar mais.

Existiam outros estrangeiros na Sierra, além de Che?

Pombo - Sim. Um mexicano, um francês e, entre os vários estadunidenses, até um sargento veterano da Guerra da Córeia (1950-1953), que foi instrutor e chefe da vanguarda no deslocamento da coluna de Che para o centro da ilha.

O que Che acharia de ver o seu rosto estampado em camisetas, a serviço da máquina capitalista?

Pombo - Penso que ele não gostaria. Eu nunca vi o Che usando uma camiseta de Marx ou de Lênin. Mas eu acho que, se uma pessoa traz o Che no peito, com orgulho, para se sentir motivada, para divulgar quem foi Che, para que se vinculem a ele, essa camiseta é útil. A camiseta ajuda a lembrar. Se você não vê o Che nas camisetas, não pensa nele.

Para a revolução, Che acabou sendo mais importante morto? Como seria se ele estivesse vivo, hoje, com 77 anos? [Nota do Blog Na Práxis - Essa entrevista é de 2005]

Pombo - Penso que ele seria mais importante vivo. Não tanto em relação a sua importância, mas ao que poderia fazer de útil. Ele era um homem com um pensamento em desenvolvimento, com uma capacidade extraordinária de autodidática, com espírito de investigação. Estava escrevendo um livro sobre a economia política do socialismo. Pensava em escrever sobre sua concepção, do ponto de vista filosófico, de como construir uma sociedade socialista para a América, que não fosse a mesma da Europa ou da Ásia. Tinha em mente que, no continente, somos muito parecidos, mas não somos todos cubanos. Hoje, em Cuba, Che representaria uma grande ajuda a Fidel.

Como Che conciliava a vida familiar com a vida revolucionária?

Pombo - O mais importante, para ele, era formar uma sociedade mais justa. Quando prenderam um filho de um dos nossos líderes da independência, Carlos Manoel Céspedes (primeiro fazendeiro a libertar seus escravos para lutarem contra os espanhóis), lhe impuseram a condição de que abandonasse a luta para o rapaz ser libertado. E Céspedes disse: "Não, eu sou o pai de todos os cubanos" - razão pela qual nós o chamamos de Pai da Pátria. Da mesma forma, se Che tivesse que decidir entre a sua família e a construção do socialismo, ou os interesses da pátria, ele decidiria pelos interesses da pátria. Mas isso não quer dizer que Che renegasse a família. Porque ele queria muito bem à sua família. Mas não no sentido estreito, de sua mulher, de seus filhos. Num sentido mais amplo, com uma confiança absoluta na sociedade. Ele sabia que, por sua luta, seus filhos teriam direito à educação, assim como todos os cubanos. Che não se desprende do elemento familiar. Não é como os inimigos do marxismo dizem, que o marxismo destrói a família. Mas o contrário, a família é a base, é a célula da sociedade.

Como Che tratava as crises de asma em meio à guerrilha?

Pombo - Com um tipo de inalador. Quando isso não era possível, Che usava o que os médicos chamam de "motivações primárias". Isto é, na crise, fazia seu corpo reagir a algo maior. Provocava um pequeno corte, para que a infecção gerasse uma febre e assim saía do ataque de asma.

Por que Kabila (líder da resistência anticolonialista congolesa, que em 1997 viria a se tornar presidente da República Democrática do Congo, ex-Zaire) recusava um encontro com Che?

Pombo - Na época, nós não entendíamos como a África funcionava. Só viemos descobrir depois, quando ficamos por 15, 20 anos em Angola. No Congo, começamos a enfrentar uma sociedade que não tinha um conceito de nação, mas um conceito de tribo. Não que o conceito de nação possa ser criado artificialmente, como os colonizadores quiseram impor. Mas um povo que queira lutar por sua pátria precisa ter um conceito de nação. Para nós, isso não fazia sentido porque não temos tribo, somos uma mistura de espanhóis, africanos e chineses. Não temos índios. Eles desapareceram de Cuba. Os espanhóis não tiveram nem a idéia de fazer uma reserva, como fizeram os estadunidenses, e manter ali alguns índios para mostrar a todos: "Vejam, estes são os homens que eram donos de todas estas coisas que estão aqui, e agora não têm nada". Nem isso fizeram os espanhóis. Chefe do que eles chamavam de "exército paralelo", Kabila se encontrou apenas uma vez com Che porque guerrear não fazia parte de sua natureza. Não era um homem latino-americano. Não era como Bolívar, que dizia: "Vamos!". Nunca houve um líder africano à frente de sua tropa, o que era uma coisa inconcebível para um latino, que leva, conduz o povo. Eles não necessitavam nem do contato conosco, não necessitavam da fala, eles mandavam tudo gravado.

Se a guerrilha comandada por Masetti na Argentina tivesse tido êxito, Che não teria ido ao Congo?

Pombo - Sim, realmente, Che foi ao Congo para esperar que as condições na América ficassem mais favoráveis. Fidel lhe ofereceu para ficar em Cuba, mas Che achava que já havia cumprido seu papel com os cubanos e queria ir a outro lugar. Em 1964, ele havia voltado de uma conferência na Organização das Nações Unidas, onde denunciou que os capacetes azuis haviam permitido o assassinato de Lumumba (revolucionário congolês). A meu ver, Che, que admirava Lumumba, se sentiu comprometido com a situação e decidiu ir ao Congo pensando que o movimento de Lumumba estivesse mais vertebrado, mas não estava.

A captura de Ciro Bustos e de Régis Debray (na tentativa de sair da área guerrilheira, foram presos pelo Exército boliviano) foi preponderante para a desestruturação da guerrilha na Bolívia?

Pombo - Não. Nós nos vimos sem a base. Com a experiência da Sierra Maestra, já sabíamos que o camponês só se incorpora quando vê alguma possibilidade de êxito, e uma forte possibilidade de respaldo. De início, nós tínhamos organizado nossa participação na luta boliviana por meio do Partido Comunista, que contava com milhares de militantes jovens dispostos a se engajar na luta. Mas Monje (então presidente do Partido Comunista Boliviano) mudou de lado, nos traiu. Che nunca soube se por covardia política ou pessoal. Ao nos trair, cortou nosso vínculo com o partido, acabou com a fonte onde íamos nos nutrir para gerar uma guerrilha forte, que Che queria desenvolver por um tempo limitado para poder expandi-la à Argentina e ao Peru, onde estavam Bustos e Chino. Não por acaso, de Ñancahuazú, na Bolívia, podia se chegar à Argentina e ao Peru, pela Cordilheira Oriental dos Andes.

Como foram os quatro meses de desencontros nas selvas da Bolívia, entre a coluna de Che e a outra em que estavam Joaquim e Tania (revolucionária alemã-argentina)?

Pombo - Fizemos todo o possível. Che não desistia de achar o grupo de Joaquim. Tanto que ele nos manteve demasiado tempo por ali, mesmo não tendo a intenção de combater na região Sul da Bolívia. Por fim, o Exército nos descobriu e fomos obrigados a iniciar o combate ali mesmo. Originalmente, pensávamos em começar a guerrilha na região Central da Bolívia, no Chapare, onde havia um camponês amigo de Inti - um dos guerrilheiros do grupo de Che _, que organizava os camponeses. Esse camponês não estava comprometido, mas Inti acreditava que ele se incorporaria. Tínhamos, mais ao norte, a possibilidade de que pudessem se incorporar à guerrilha os estudantes recrutados na América, na Europa, na União Soviética, em Praga, além de um conjunto de estudantes de Cuba.

Se houvesse o encontro entre os dois grupos no dia 31 de agosto de 1967, teria sido mera coincidência? (eles se desencontraram por questão de horas, estavam em linha reta, a 3 quilômetros de distância).

Pombo - Convergimos ao mesmo ponto por coincidência. Nosso grupo estava indo para o Chapare. Estávamos bem próximos quando escutamos pelo rádio que o grupo de Joaquim combatia mais ao sul. Então, demos meia volta e nos metemos novamente na zona guerrilheira, atrás deles. Quase os encontramos antes de eles caírem na emboscada (em que morreram). Só voltamos ao Sul na tentativa de encontrar o grupo de Joaquim. Nunca havíamos previsto ir ao Sul porque sabíamos que era mais desprovido de bosques e de água. Foi só por isso que descemos demais ao Sul e se criaram as condições para a emboscada do dia 26 de setembro (onde 3 guerrilheiros são mortos), e, depois, para o desfecho de 8 de outubro (quando Che é feito prisioneiro e morto, no dia seguinte, junto com outros guerrilheiros).

Como era Tânia?

Pombo - Uma mulher excepcional. Suas raízes latinas (era argentina, mas passou a juventude na Alemanha) foram de grande ajuda. Ela tinha a tarefa de ir à Bolívia criar condições de confiabilidade, até que lhe dessem instruções. Houve até um momento em que ela foi um pouco esquecida pela nossa Inteligência. A idéia de Che era preservá-la para que, se necessário, ela pudesse esconder alguém em lugar seguro. Mas ela acabou vindo para a guerrilha. Che tentou tirá-la de lá, o que foi impossível, porque ela já havia sido identificada. Assim, se estragou um trabalho de clandestinidade de três anos. Tânia foi uma revolucionária com grande capacidade de sacrifício. Quando lhe disseram para casar com um boliviano porque fazia falta ela não ter a nacionalidade boliviana, ela se casou. E quando disseram que era preciso dar um fora no boliviano porque ela tinha que sair do país, e que ela devia dar um jeito dele entender, ela o convenceu. Então ela foi "estudar" na Bulgária. Ela era extremamente disciplinada.

Che estaria contente com o desenvolvimento da revolução cubana?

Pombo - Acho que sim, porque quando ele saiu de Cuba fez um avaliação dos avanços da revolução, e justamente decidiu ir porque chegou à convicção de que o processo era irreversível. De que as massas haviam tomado consciência do seu papel de vanguarda, que, para Che, era o partido, era Fidel. Ele acreditava que a vanguarda precisa formar parte da massa a todo instante, sem ser a massa. Che dizia que esse vínculo, de tão próximo, deve fazer com que aquele que está à frente escute a respiração de quem vem atrás.

Por que Benigno traiu a revolução cubana?

Pombo - Para Benigno, pesou a questão material. Quando ele se foi, o processo revolucionário cubano passava por uma etapa difícil, mas não a pior. Os problemas de Cuba não eram graves. Ele tinha uma pequena finca (chácara). Nós somos guajiros (camponeses), não tínhamos base cultural, nem intelectual. Quando você participa de uma luta como essa, começam a te dizer que você é o máximo, e se você acredita, se equivoca. Benigno deixou isso subir à cabeça e acreditou que era herói. Era, sim, uma pessoa de mérito, mas o que fizemos, muitos outros cubanos também fizeram. Estiveram na Venezuela, na Colômbia, na Guatemala e não ficaram conhecidos. O fato de ter participado da epopéia em que morreu Che o atingiu. Além disso, ele se casou com uma mulher da Inteligência Cubana, que falava inglês, francês. Acho que ela tem um peso nisso porque se ela fosse firme quando ele lhe propôs essas coisas, tendo ela mais capacidade intelectual que ele, ela o influenciaria para o caminho correto. Outro problema é que, como camponeses, temos a mente pródiga, imaginamos coisas. Benigno acabou publicando um livro fantasioso, mentiroso, em grande parte.

Por que Benigno sustenta que Fidel abandonou Che?

Pombo - Isso é uma maldade. Benigno tem que agradar o imperialismo, e para isso, tem que dizer as coisas que o imperialismo gosta de ouvir. Quando Che foi à África, com mais de uma centena de cubanos, Fidel não o abandonou. Quando os africanos consideraram que não era conveniente Che estar ali, e ele saiu de lá para Praga, com a Inteligência Cubana dando apoio todo o tempo, Fidel não o abandonou. Quando Che decidiu começar a luta na sua pátria, Fidel permitiu que ele pegasse vinte e tantos companheiros que haviam estado com ele na Sierra, Fidel não o abandonou. O que acontece é que, se Fidel mandasse mais de cem homens à América Latina, como fez 20 anos depois, mandando um exército de 50 mil homens comigo a Angola, a atitude seria vista como intervenção.

A guerrilha, hoje, ainda é um caminho para a libertação dos povos da América Latina?

Pombo - Eu não diria nem que não, nem que sim. Depende das condições concretas de cada país e de cada momento. Hoje, é muito arriscado o surgimento de um movimento guerrilheiro em qualquer país, com a tecnologia que tem o exército inimigo, fundamentalmente o dos Estados Unidos. Mas também não é impossível porque existem guerrilhas na Colômbia, por exemplo, e mesmo com toda essa tecnologia não conseguiram aniquilá-la.

Como o senhor vê o MST?

Pombo - A capacidade organizativa dos sem-terra me impressiona. Eles não podem perder nunca sua convicção. Depois de assentados, não devem se desvincular do movimento. Não importa que você tenha a terra. Por você ter lutado por ela, deve se manter unido, com terra ou sem terra, por solidariedade humana, não digo nem por companheirismo. Isso é o que pode unir as pessoas ao Che. Esse amor pelo próximo que está um pouco mais além dos ditos parâmetros normais, e que lhe deu um conceito superior como ser humano.

O senhor acredita que Chávez vai assumir o papel de Fidel nos próximos anos?

Pombo - O papel de Chávez é assumir a dirigência do seu povo para depois assumir o mesmo papel sobre o restante do continente. Não podemos esquecer que o inimigo de Chávez é o país mais poderoso do mundo. E ele tem sabido lidar com a situação, solidamente, com o apoio das massas pobres, e tendo ainda que ganhar a classe média. O movimento de Chávez é novo. Tem a ver com um socialismo distinto, dentro do pluripartidarismo. Nós, cubanos, somos o farol, mas a Venezuela é a esperança do povo do continente e do Terceiro Mundo por seu potencial econômico, por seu tamanho, por ter fronteiras com tantos países que podem irradiar ainda mais aquilo que o Che queria fazer na Bolívia. Nesse sentido, Chávez tem muito mais vantagens do que nós, lá no meio do Caribe.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Só de faz-de-conta mesmo..."Call of Duty: Black Ops" convida o jogador a assassinar Fidel Castro

"Call of Duty: Black Ops" é o mais novo jogo eletrônico da série "Call of Duty".

"Black Ops" é o termo em inglês para operações clandestinas: assassinatos, sabotagens, sequestros e outras ações frequentemente empregadas, em território estrangeiro, por diversos serviços secretos mundo a fora.

Nesta nova edição, uma das missões é matar Fidel Castro.

Isso gerou uma série de críticas, uma delas está no site Vermelho.

Mas vou limitar-me a reproduzir o que falou o governo cubano a respeito do jogo:

O que o governo dos Estados Unidos não conseguiu fazer em 50 anos, está tentando fazer de maneira virtual.

Só assim mesmo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

domingo, 19 de setembro de 2010

Fidel Castro e Malcom X: 50 anos de um encontro


O encontro, ocorrido há 50 anos, entre o líder da Revolução cubana, Fidel Castro, e o lutador pelos direitos civis nos Estados Unidos, Malcom X, foi celebrado neste domingo, no Harlem, tradicional bairro negro de Nova Iorque.

Várias organizações militantes recordam a histórica reunião entre Fidel Castro e Malcom X em um quarto do hotel Theresa em 1960.

O hotel Theresa localiza-se no coração do Harlem. Fidel estava em Nova Iorque para a Assembleia Geral da ONU, quando, com problemas de segurança e hostilizado pelas autoridades locais, resolveu hospedar-se nesse hotel barato do marginalizado bairro.
A população local e ativistas negros fizeram a segurança do único estadista em toda história  a hospedar-se por lá. 


Malcom X  nutria profundo respeito pela revolução cubana, e a enxergava como um paradigma para as lutas dos oprimidos do continente. 

O líder negro foi assassinado 5 anos depois, na mesma cidade, ao dar um discurso.

Esse encontro gerou um livro, que tem até tradução para o português:

Fidel & Malcolm X - Lembranças de um Encontro, de Rosemari Mealy, editado pela Editora Casa Jorge, em 1995.


Em 1995, Fidel retorna ao Harlem, como pode ser conferido no Youtube:



sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Novo Livro de Fidel Castro

Nas suas última coluna, Fidel fala do seu novo livro:

A vitória estratégica

EM poucos dias será publicado o livro no qual, sob o título "A vitória estratégica", narro a batalha que livrou do extermínio o pequeno Exército Rebelde.

Começo com uma introdução na qual explico minhas dúvidas sobre o título que lhe colocaria "… não sabia se chamá-la ‘A última ofensiva de Batista’ ou ‘Como 300 derrotaram 10 mil′" que pareceria um conto de ficção científica.

Inclui uma pequena autobiografia: "Não desejava esperar que se publicassem um dia as respostas a incontáveis perguntas que me fizeram sobre a infância, a adolescência e a juventude, etapas que me converteram em revolucionário e combatente armado".

O título que finalmente decidi foi "A vitória estratégica".

Está dividido em 25 capítulos, contém abundantes fotografias com a qualidade possível naquelas circunstâncias e os mapas pertinentes.

Finalmente, apresentam-se esquemas gráficos sobre os tipos de armas que utilizaram ambos os adversários.

Nas páginas finais do capítulo 24 da narração fiz afirmações que foram premonitórias.

No último parte que escrevi para ser lido na Rádio Rebelde em sete de agosto, no dia seguinte de concluída a batalha final de Las Mercedes, expressei:

"A ofensiva foi liquidada. O maior esforço militar que se tenha realizado em nossa história Republicana concluiu no mais espantoso desastre que pôde imaginar-se o soberbo ditador, cujas tropas em plena fugida, depois de dois meses e meio [de] derrota em derrota, estão assinalando os dias finais de seu regime odioso. A Serra Maestra já está totalmente livre de forças inimigas".

No livro sobre "A vitória estratégica" se explica textualmente:

"A derrota da ofensiva inimiga, depois de 74 dias de incessante combate, significou a guinada estratégica da guerra. A partir desse momento a sorte da tirania ficou definitivamente jogada, na medida em que se fazia evidente a iminência de seu colapso militar".

"Nesse mesmo dia redigi uma carta endereçada ao major general Eulogio Cantillo, que dirigiu toda a campanha inimiga do posto de comando da zona de operações, instalado em Bayamo. Confirmei a Cantillo que se encontravam em poder de nossas forças aproximadamente 160 soldados prisioneiros, entre eles muitos feridos, e que estávamos em disposição de estabelecer de imediato as negociações pertinentes para sua entrega. Após complicadas gestões, esta segunda entrega de prisioneiros se efetuou vários dias depois em Las Mercedes.

"Durante esses 74 dias de intensos combates para o rechaço e a derrota da grande ofensiva inimiga, nossas forças sofreram 31 baixas mortais. As notícias tristes jamais desalentaram o espírito de nossas forças, apesar de que a vitória teve um sabor amargo muitas vezes. Ainda assim, a perda de combatentes pôde ser muito superior, levando em conta a intensidade, duração e violência das ações terrestres e dos ataques aéreos, se não o foram foi devido à extraordinária perícia atingida por nossos guerrilheiros na agreste natureza da Serra Maestra e à solidariedade dos rebeldes. Muitas vezes, feridos graves salvaram sua vida, em primeiro lugar, porque seus companheiros fizeram o impossível por transladá-los aonde os médicos pudessem assisti-los, e tudo isso apesar do abrupto do terreno e do som das balas em meio aos combates".

"Ao longo destas páginas fui mencionando os nomes dos tombados, mas quero relacioná-los de novo a todos aqui para oferecer duma só vez o quadro completo de nossos mártires, merecedores de uma recordação eterna de respeito e admiração de todo nosso povo". Eles são:

"Comandantes: Andrés Cuevas, Ramón Paz e René Ramos Latour, Daniel".

"Capitães: Ángel Verdecia e Geonel Rodríguez".

"Tenentes: Teodoro Banderas, Fernando Chávez, o Artista, e Godofredo Verdecia".

"Combatentes: Misaíl Machado, Fernando Martínez, Albio Martínez, Wilfredo Lara, Gustavo; Wilfredo González, Pascualito; Juan de Dios Zamora, Carlos López Mas, Eugenio Cedeño, Victuro Acosta, o Bayamés; Francisco Luna, Roberto Corría, Luis Enrique Carracedo, Elinor Teruel, Juan Vázquez, Chan Cuba; Giraldo Aponte, o Marinheiro; Federico Hadfeg, Felipe Cordumy, Lorenzo Véliz, Gaudencio Santiesteban, Nicolás Ul, Luciano Tamayo, Ángel Silva Socarrás e José Díaz, o Galeguinho".

"Colaboradores camponeses: Lucas Castillo, outros membros de sua família, e Ibrahim Escalona Torres".

"Honra e glória eterna, respeito infinito e carinho para os que tombaram nessa época".

"O inimigo sofreu mais de mil baixas, delas más de 300 mortos e 443 prisioneiros, e não menos de cinco grandes unidades completas de suas forças foram aniquiladas, capturadas ou desarticuladas. Ficaram em nosso poder 507 armas, incluídos dois tanques, dez morteiros, várias bazucas e doze metralhadoras calibre 30".

"A tudo isso haveria que acrescentar o efeito moral deste desenlace e sua importância na marcha da guerra: a partir desse momento, a iniciativa estratégica ficava definitivamente nas mãos do Exército Rebelde, dono absoluto, também, dum extenso território ao qual o inimigo não tentaria sequer penetrar de novo. A Serra Maestra, efetivamente, ficava libertada para sempre".

"A vitória sobre a grande ofensiva inimiga do verão de 1958 marcou a viragem irreversível da guerra. O Exército Rebelde, triunfante e extraordinariamente fortalecido pela quantidade de armas conquistadas, ficou em condições de iniciar sua ofensiva estratégica final".

"Com estes acontecimentos começou uma nova e última etapa na guerra de libertação, caracterizada pela invasão ao centro do país, a criação do Quarto Front Oriental e do Front de Camagüey. A luta se estendeu em todo o país. A grande ofensiva final do Exército Rebelde levou, com a fulminante campanha de Oriente e de Las Villas, à derrota definitiva do Exército da tirania e, consequentemente, ao colapso militar do regime de Batista e à tomada do poder pela Revolução triunfante".

"Na contra-ofensiva vitoriosa de dezembro desse ano, decidiu-se o triunfo com aproximadamente 3 mil homens equipados com armas arrebatadas ao inimigo".

"As colunas do Che e de Camilo, avançando pelas planícies do Cauto e de Camagüey, chegaram ao centro do país. A antiga Coluna 1 treinou novamente mais de mil recrutas na escola de Minas del Frío, e com chefes que surgiam de suas próprias fileiras, tomaram os povos e as cidades na estrada central entre Bayamo e Palma Soriano. Novas tanquetas T-37 foram destruídas, os tanques pesados e a aviação de combate não puderam impedir a tomada de cidades centenas de vezes maiores que o povoado de Las Mercedes".

"Em seu avanço, à Coluna 1 aderiram as forças do Segundo Front Oriental Frank País. Assim conquistamos a cidade de Palma Soriano em 27 de dezembro de 1958".

"Exatamente em 1º de janeiro de 1959 — a data assinalada em carta a Juan Almeida antes de iniciar-se a última ofensiva da ditadura contra a Serra Maestra —, a greve geral revolucionária, decretada através da Rádio Rebelde desde Palma Soriano, paralisou o país. O Che e Camilo receberam ordens de avançar pela estrada central rumo a capital, e não houve forças que fizeram resistência".

"Cantillo, em reunião comigo, com Raúl e Almeida reconheceu que a ditadura tinha perdido a guerra, mas pouco depois na capital realizou manobras golpistas, contrarrevolucionárias e pró-imperialistas e descumpriu as condições pactuadas para um armistício. Apesar disso, em três dias estavam a nossa disposição as 100 mil armas e os navios e aviões que pouco antes tinham apoiado e permitido a fugida do último batalhão que penetrou na Serra Maestra".

Uma incansável equipe do pessoal do Gabinete de Assuntos Históricos do Conselho de Estado, designers do grupo Creativo de Casa 4, sob a direção de professores assistentes; com a cooperação do cartógrafo Otto Hernández, o general-de-brigada Amels Escalante, o desenhista Jorge Oliver, o jovem designer Geordanis González, sob a direção de Katiuska Blanco, jornalista e escritora brilhante e incansável, são os atores principais desta proeza.

Pensava que este livro tardaria meses em ser publicado. Agora sei que no início do mês de agosto estará já na rua.

Eu, que trabalhei meses no tema depois de minha grave doença, agora estou animado para continuar escrevendo a segunda parte desta história que se denominaria, se a equipe não sugere outro nome, "A contra-ofensiva estratégica final". 

Fidel Castro Ruz
27 de julho de 2010 

Original em Granma Digital

segunda-feira, 26 de julho de 2010

57 anos do ataque ao quartel Moncada

Origem do movimento 26 de Julho, comandado por Fidel Castro Ruz, que liderou a Revolução Cubana.
Homenagem do site Rebelion ao 26 de Julho

domingo, 25 de julho de 2010

Fidel volta a usar verde-oliva em cerimônia aos mártires do Moncada



Vestindo uma camisa com o simbólico verde-oliva, Fidel Castro visitou uma cidade próximo a Havana pela primeira vez em quatro anos de doença, o que surpreendeu os cubanos e alimentou a discussão relativa a sua participação na principal festa da revolução.

"Que surpresa! Eu o vi muito bem, recuperado, corado", declarou à AFP Caridad González, uma trabalhadora agrícola de 49 anos, que disse ter ficado "sem palavras" ao ver Fidel "outra vez com sua camisa verde-oliva", em um vídeo divulgado na noite de sábado pela televisão local.

Para homenagear os rebeldes mortos no frutrado ataque ao Quartel Moncada, que liderou em 1953 contra a ditadura de Fulgencio Batista (1952-58), Fidel Castro visitou no sábado um mausoléu em Artemisa, 60 km a sudoeste da capital, vestido com sua camisa tradicional, mas sem as insígnias de Comandante-em-chefe.

"Com sua camisa verde-oliva de mil batalhas" foi prestar homenagem aos mártires de Moncada, indicou o jornal Juventud Rebelde - único de circulação nacional no domingo-, que publicou quatro fotos da visita em suas páginas internas e outra em sua capa.

Segundo as imagens de televisão, Fidel --com uma boa aparência-- depositou flores nos túmulos dos guerrilheiros que morreram no ataque a Moncada, primeira ação armada da Revolução Cubana, saudou o povo e leu em pé e com fluidez uma mensagem "aos combatentes revolucionários de toda a Cuba".

Foi a sexta aparição pública de Fidel Castro em 17 dias, concedendo uma entrevista à televisão e visitado dois centros de pesquisa. Mas a viagem a Artemisa marcou a primeira incursão fora de Havana desde que sua doença o tirou do poder, em julho de 2006.

Essa aparição, com seu tradicional uniforme, alimentou a discussão sobre se os cubanos poderão ver o Comandante no ato de 26 de julhoo, em Santa Clara -270 km a leste de Havana-, que será liderado por seu irmão, o presidente Raúl Castro, acompanhado pelo mandatário venezuelano Hugo Chávez.

"Vê-lo de verde-oliva depois de quatro anos nos surpreendeu e agora esperamos vê-lo no ato", disse à AFP Roberto Chinea, de 58 anos, presidente da Associação de Pequenos Agricultores.

Desde que sua doença foi revelada em uma celebração de 26 de julho, há quatro anos, Fidel Castro foi visto de pijama, traje esportivo ou camisa quadriculada, mas nunca com seu uniforme verde-oliva, símbolo de seu poder e liderança.

Apesar da possível presença na comemoração de Santa Clara, os cubanos praticamente descartam que o líder comunista, que fará 84 anos no dia 13 de agosto, retorne ao poder apesar de sua notável recuperação.

"Nem falar em um retorno à Presidência. Fidel é um homem doente e velho", comentou Raquel Martínez, uma cabeleireira de 39 anos.

Mas Caridad González afirma que "se vai voltar ou não (ao poder), não tem a menor importância". "A única coisa que importa é que Fidel está aqui", indicou.

Confira o vídeo:





Com informaçoes de France Presse e Cubadebate

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Presidente da ACJM/RS peita direita e defende Cuba na Rádio Gaúcha


No dia de ontem, no programa “Polêmica” da Rádio Gaúcha (Grupo RBS) o tema para discussão foi:

“Cuba concorda em libertar 52 presos políticos. É a ilha rumo à democracia?’

Não bastasse a proposta de temário tendenciosamente escrota (*) o programa mediado pelo jornalista Wianey Carlet, contrapôs dois debatedores de direita contra um representante da esquerda: Ricardo Haesbaert, presidente da Associação Cultural José Martí.

Mesmo em terreno inimigo, Ricardo não intimidou-se, e, de maneira tranqüila, desconstruiu os mesmos chavões de sempre que serviram de argumento aos pretensos defensores das liberdades democráticas.

Um deles, enquanto batia na Revolução Cubana, engatou uma defesa sofismática da política externa dos Estados Unidos que causaria inveja ao mais ferrenho republicano.

Enquanto fazia a defesa da autodeterminação do povo cubano, Haesbaert, lembrou aos desavisados o modo hipócrita de fazer política (e de abordar a questão dos direitos humanos) ao qual sempre recorreu o império, fato a fato.

O Blog Na Práxis saúda o companheiro Ricardo Haesbaert, presidente da Associação Cultural José Martí, do Rio Grande do Sul, pela firmeza em meio ao circo montado.

Quem quiser conferir o debate, pode clicar AQUI e ouvir.

Quem quiser conferir a "Liberdade de Imprensa" (ou seria de empresa?) brasileira em números pode visitar o Donos da Mídia.

(*) Quem sabe a gente não debate o seguinte: “Herdeiro da família Sirotsky, proprietária do Grupo RBS, é suspeito de ter cometido estupro. Você acha que o malandro vai se safar dessa ou vai pagar pelo que fez na cadeia?’’
Vai ser difícil, pois a “democrática” mídia brasileira está na mão de meia dúzia de famílias ricas.


terça-feira, 13 de julho de 2010

Fidel fala das reais intenções estadunidenses


Conforme divulgado aqui neste espaço, Fidel Castro apareceu na TV cubana para discorrer sobre a situação no oriente médio e a possibilidade de uma nova guerra nuclear.


O ex-presidente de Cuba Fidel Castro participou nesta segunda-feira (12/7) de um programa da televisão oficial cubana em que tratou de questões internacionais, como as sanções contra o Irã e o conflito entre as Coreias.

Para Fidel, os Estados Unidos estão orquestrando uma série de pretextos para agredir o Irã e assim isolá-lo internacionalmente. O ex-presidente disse ainda que as recentes sanções aplicadas à nação iraniana são provas das reais intenções norte-americanas e advertiu ao mundo sobre a ameaça iminente que isto representa.

O líder cubano explicou que assim como a agressão contra um barco sul-coreano supostamente realizada pelos EUA para provocar uma guerra entre as duas Coreias, as sanções contra o Irã ilustram a preocupação norte-americana com o domínio da tecnologia nuclear, motivo o suficiente para uma possível guerra contra os iranianos.

Além disso, o ex-presidente lembrou que a suposta agressão da Coreia do Norte contra a Coreia do Sul serviram de pretexto para os EUA manterem suas bases militares no Japão.

“É muito curioso que esta suposta agressão tenha coincidido com o pedido do novo líder japonês para devolver o território ocupado em Okinawa pelas tropas norte-americanas”, disse Fidel de acordo com o jornal cubano Juventud Rebelde.

Durante a entrevista, Fidel foi acompanhado pelo jornalista Randy Alonso, mediador do Mesa Redonda, pelo historiador Rolando Rodriguez, pelo presidente da Comissão Econômica da Assembleia Popular Nacional e pelo diretor do CNIC (Centro Nacional de investigações Científicas).
  
Abaixo, o programa completo:


















Com informações de Cubadebate e Opera Mundi

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Acompanhe Fidel Castro ao vivo, agora na TV Cubana

Neste exato momento, Fidel Castro está no Mesa Redonda, programa de debates da televisão cubana, debatendo sobre o Oriente Médio, tema recorrente de suas últimas reflexões.

Veja ao  vivo: Cubavisión 
 
Ouça pela Rádio Rebelde

Fidel: A origem das guerras

Fidel castro, que daqui a pouco estará ao vivo no programa cubano Mesa Redonda, escreveu mais uma reflexão ontem:









Por Fidel Castro Ruz

No dia 14 de julho afirmei que os Estados Unidos não cederiam e também não o Irã; "um pelo orgulho dos poderosos, e outro, pela resistência ao jugo e pela capacidade para combater, como ocorreu tantas vezes na história..."
Em quase todas as guerras uma das partes deseja evitá-la, e às vezes, as duas. Nesta ocasião ocorreria, embora uma das partes não o desejasse, mesmo como aconteceu nas duas guerras mundiais de 1914 e 1939, com apenas 25 anos
de distância entre a primeira e a segunda explosão.
As matanças foram espantosas, não se teriam desatado sem erros prévios de cálculos. As duas defendiam interesses imperialistas, e achavam que obteriam seus objetivos sem o custo terrível que implicou.
No caso que nos ocupa, uma delas defende interesses nacionais, totalmente justos. A outra, tem como objetivo propósitos bastardos e grosseiros interesses materiais.
Fazendo uma análise de todas as guerras que ocorreram partindo da história conhecida de nossa espécie, uma delas procurou esses objetivos.
São absolutamente vãs as ilusões de que, nesta ocasião, esses objetivos serão atingidos sem a mais terrível de todas as guerras.
Num dos melhores artigos publicados pelo site Global Research, na quinta-feira 1Â de julho, assinado por Rick Rozoff, ele utiliza abundantes elementos de juízo os quais são inapeláveis sobre os propósitos dos Estados Unidos, que toda
pessoa bem informada deve conhecer.
"... Pode-se vencer se um adversário sabe que é vulnerável a um ataque instantâneo e indetectável, abrumador e devastador, sem a possibilidade de defender-se ou de levar represálias", é o que segundo o autor pensam os Estados
Unidos.
"... Um país que aspira a seguir sendo o único Estado na história que exerce a dominação militar de espectro completo na terra, no ar, nos mares e no espaço."
"Que mantém e estende bases militares e tropas, grupos de combate de porta-aviões e bombardeiros estratégicos sobre e em quase cada latitude e longitude. Que o faz com um orçamento de guerra recorde posterior à Segunda Guerra Mundial de 708 bilhões de dólares para o próximo ano."
Foi " ...o primeiro país que desenvolveu e utilizou armas atômicas..."
"... os Estados Unidos conservam 1.550 ogivas nucleares posicionadas e mais 2.200 (segundo alguns cálculos 3.500)armazenadas, e uma tríade de veículos de lançamento terrestres, aéreos e submarinos."
"O arsenal não nuclear utilizado para neutralizar e destruir as defesas aéreas e estratégicas, potencialmente todas as forças militares importantes de outras nações, consistirá em mísseis balísticos intercontinentais, mísseis balísticos adaptados a lançamento de submarinos, mísseis cruzeiro e bombardeiros hipersônicos, e bombardeiros estratégicos "super-stealth" capazes de evitar a detecção por radar e assim evitar as defesas baseadas em terra e ar.
Rozoff enumera as abundantes entrevistas coletivas, reuniões e declarações nos últimos meses dos chefes do Estado Maior Conjunto e dos altos oficiais executivos do governo dos Estados Unidos.
Explica os compromissos com a NATO, e a cooperação reforçada dos sócios do Oriente Próximo, leia-se em primeiro lugar Israel. Ele diz que: "os Estados Unidos também intensificam os programas de guerra espacial e cibernética com o potencial de paralisar os sistemas de vigilância e comando militar, de controle, de comunicações, informatizados e de inteligência de outras nações, levando-as à vulnerabilidade em todos os âmbitos, fora do tático mais básico."
Fala da assinatura em Praga, no dia 8 de abril deste ano, do novo Tratado START entre a Rússia e os Estados Unidos, que "... não contém nenhuma restrição sobre o potencial atual ou planificado de ataque global imediato convencional dos Estados Unidos."
Faz referência a numerosas notícias relacionadas com o tema, e representa com um exemplo desconcertante os propósitos dos Estados Unidos.
Assinala que "... O Departamento de Defesa explora atualmente toda a gama de tecnologias e sistemas para uma capacidade de Ataque Global Imediato Convencional que poderia oferecer ao presidente opções mais verossímeis e tecnicamente adequadas para encarar ameaças novas e em desenvolvimento."
Sustento a ideia de que nenhum presidente, nem sequer o mais experiente chefe militar, teria um minuto para saber o que deverá ser feito se não estiver já programado em computadores.
Rozoff, imperturbável, relata o que afirma Global Security Network numa análise intitulada: "Custo de ensaiar um míssil estadunidense de ataque global poderia atingir os 500 milhões de dólares", de Elaine Grossman.
"O governo de Obama solicitou 239,9 bilhões de dólares para pesquisa e desenvolvimento de ataque global imediato por parte dos serviços militares no ano fiscal 2011... Se os níveis de financiamento se mantêm nos próximos anos como foi antecipado, o Pentágono haverá gastado cerca de 2 trilhões de dólares em ataque global imediato para o fim do ano fiscal 2015, segundo documentos orçamentários apresentados no mês passado ao Congresso."
"Um cenário horripilante comparável aos efeitos de um ataque de PGS, este da versão baseada no mar, apareceu há três anos:
"No Pacífico, emerge um submarino nuclear da classe Ohio, pronto para a ordem de lançamento do presidente. Quando chegar a ordem, o submarino dispara ao céu um míssil Trident II de 65 toneladas. Depois de 2 minutos, o míssil voa a mais de 22.000 quilômetros por hora. Por sobre os oceanos e fora da atmosfera acelera durante milhares de quilômetros."
"Na cúspide de sua parábola, no espaço, as quatro ogivas do Trident se separam e começam sua descida para o planeta."
"Voando a 21.000 km/h, as ogivas vão repletas de barras de tungstênio com o dobro da resistência do aço."

Leia o restante em Prensa Latina