Mostrando postagens com marcador Cia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Cia. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Sobre o agente da CIA preso em Cuba




Neste artigo, Eva Golinger * (acima) desmascara a farsa do "pobre cidadão americano que distribuía tecnologia aos cubanos que acabou detido"




Funcionário de uma empresa de fachada da CIA e da USAID que financia a desestabilização na Venezuela foi detido em Cuba ao repartir recursos para a contrarrevolução.

Há poucas horas foi confirmada pelo governo de Cuba a detenção de um cidadão estadunidense ocorrida no dia 5 de dezembro passado. Segundo o presidente de Cuba, Raúl Castro, "o inimigo está tão ativo como sempre esteve, mostra disso é a detenção em dias passados de um cidadão norteamericano, eufemisticamente denominado em declarações dos portavozes do Departamento de Estado dos EUA como ‘contratista’ de seu governo".
O presidente Raúl Castro confirmou o anteriormente revelado pelo New York Times em um artigo publicado no dia 12 de dezembro. A pessoa detida aparentemente estava trabalhando para a empresa contratista Development Alternatives, Inc. (DAI), em um programa da USAID. A DAI confirmou que um de seus subcontratistas foi detido em Cuba. Segundo o presidente Castro, o estadunidense estava envolvido no "abastecimento ilegal com sofisticados meios de comunicação via satélite a agrupações da ‘sociedade civil’ que aspiram organizar-se contra nosso povo".
O New York Times havia revelado que um contratista do governo dos Estados Unidos foi detido em Havana no dia 5 de dezembro passado enquanto repartia telefones celulares, computadores e outros equipamentos de comunicação a grupos da contrarrevolução. Development Alternatives, Inc. é um dos grandes contratistas do Departamento de Estado, o Pentágono e a Agência Internacional do Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID).
No ano passado, o Congresso de Estados Unidos aprovou 40 milhões de dólares para "promover a transição para a democracia" em Cuba. A DAI foi outorgado o contrato principal, o "Programa de Democracia em Cuba e Planejamento de Contingência", que, também autorizava o emprego de subcontratistas supevisionados pela empresa DAI. O uso de uma cadeia de organismos é um mecanismo empregado pela CIA para canalizar e filtrar fundos e apoio político e estratégico a grupos e pessoas que promovem sua agenda no exterior.

A DAI NA VENEZUELA

A DAI foi contratado em junho de 2002 pela USAID para administrar um contrato multimilionário na Venezuela, justamente dois meses depois do fracasso do Golpe de Estado contra o presidente Hugo Chávez. Antes dessa data, a USAID não operava na Venezuela, nem mantinha escritórios no país. O DAI foi encarregado de abrir o Escritório para as Iniciativas para uma Transição (OTI, em inglês), um braço especializado da USAID, encarregado de distribuir fundos multimilionários a organizações favoráveis aos interesses de Washington em países estrategicamente importantes que transitam por uma crise política.

O primeiro contrato entre a USAID e a DAI para suas operações na Venezuela autorizava o uso de 10 milhões de dólares por um período de dois anos. A DAI abriu suas portas no setor financeiro de Caracas, El Rosal, em agosto de 2002, e começou imediatamente a financiar os grupos que há poucos meses haviam executado -sem êxito- o golpe de Estado contra o presidente Chávez. Os fundos da USAID?DAI na Venezuela foram repartidos durante esse primeiro ano a organizações como Fedecámaras e a Confederação dos Trabalhadores Venzuelanos (CTV), dois dos principais grupos que executaram o golpe em abril de 2002 e que logo encabeçaram uma sabotagem econômica, paralisação petroleira e guerra midiática com o propósito de derrocar ao governo venezuelano. Um contrato entre a DAI e estas organizações, em dezembro de 2002, outorgava mais de 10 mil dólares para o desenho de propaganda em rádio e TV a favor da Coordenadora Democrática, a coalizão das forças opositoras contra o presidente Chávez.

Em fevereiro de 2003, a DAI começou a financiar a um grupo recém criado de nome Súmate, liderado por María Corina Machado, que foi um dos assinantes do "Decreto Carmona", o famoso decreto que dissolveu todas as instituições democráticas da Venezuela -desde a Assembleia Nacional, o poder Executivo e o Tribunal Supremo de Justiça, entre outras- durante o golpe de Estado de abril de 2002. Súmate logo converteu-se no principal organismo da oposição que desenhava e coordenava as campanhas eleitorais, incluindo o referendo revocatório contra o presidente Chávez, em agosto de 2004. Os três principais organismos de Washington que operavam na Venezuela naquele momento eram: a USAID, a DAI e o National Endowment for Democracy (NED), investindo mais de 9 milhões de dólares em campanha da oposição durante esse referendo, sem êxito.

A USAID na Venezuela, que ainda mantém sua principal presença através da OTI e da DAI, tinha previsto uma estadia de não mais do que dois anos no país. O chefe da OTI na Venezuela naquela época, Ronald Ulrich, afirmou publicamente ao começar seus trabalhos, em agosto de 2002 que "Este programa será concluído em dois anos, como aconteceu com iniciativas similares em outros países; o escritório será fechado após transcorrido esse tempo". Tecnicamente,m as OTI são equipes de resposta rápida da USAID, equipados com fundos líquidos de altas quantidades e um pessoal especializado para "resolver uma crise" de maneira favorável para Washington. No documento mediante o qual a operação da OTI foi estabelecida na Venezuela, explicava-se claramente os objetivos: "Nos últimos meses, sua popularidade decresceu e as tensões políticas incrementaram-se dramaticamente, pois o presidente Chávez colocou em prática várias reformas controvertidas. A situação atual aponta a uma participação rápida do governo dos Estados Unidos".

A OTI ainda permanece na Venezuela até hoje, tal como a DAI com seu principal contratista; porém, agora com quatro entidades mais que partilham a torta multimilionária da USAID em Caracas: o Instituto Republicano Internacional (IRI), o Instituto Democrata Nacional (NDI), Freedom House, e a PanAmerican Development Foudation (PADF). Dos 64 grupos que financiavam em 2004 com milhões de dólares anuais, hoje financiam a mais de 533 organizações, partidos políticos, programas e projetos da oposição com um orçamento acima dos 7 milhões de dólares anuais. Não somente permaneceu no país, como também cresceu. Obviamente, isso se deve a uma razão muito simples: ainda não alcançaram seu objetivo original, que é derrocar ao governo de Hugo Chávez.

DEVELOPMENT ALTERNATIVES, INC. É UMA FACHADA DA CIA

Agora aparece em Cuba este organismo da desestabilização, com fundos multimilionários destinados à destruição da Revolução Cubana. O antigo funcionário da CIA, Phillip Agee, afirmou que a DAI, tanto quanto a USAID e a NED, "São instrumentos da embaixada dos Estados Unidos e detrás dessas organizações está a CIA". De fato, o contrato da USAID com a DAI na Venezuela dizia especificamente que "O representante local manterá uma estreita colaboração e garantir que o programa mantenha sua coerência com a política exterior dos Estados Unidos". Não deixa dúvida sobre seu trabalho de captação de agentes a serviço dos interesses de Washington, nem que sua presença e suas atividades são diretamente coordenadas pela embaixada de Washington.

A detenção do funcionário da DAI é um passo muito importante para frear as ações de desestabilização dentro de Cuba, dirigidas por Washington. Também comprova que não existe nenhuma mudança com a administração de Barack Obama enquanto à política de Washington contra Cuba - continuam empregando e utilizando as mesmas táticas de espionagem, infiltração e subversão, tal como em anos anteriores.

A VENEZUELA TAMBÉM PODE EXPULSAR A DAÍ DO PAÍS

Agora que Cuba desvendou o trabalho de inteligência (captação de agentes, infiltração nos grupos políticos e entrega de recursos para promover a desestabilização - são atividades de inteligência) que a DAI realizava na ilha caribenha, o governo da Venezuela deve responder de maneira contundente para sacudir de seu país esta grave ameaça interna que durante sete anos e meio alimentaram com mais de 50 milhões de dólares à desestabilização e a oposição interna.

Não é demais comentar que nos Estados Unidos existem cinco cidadãos cubanos presos por supostos atos de espionagem, apesar de que suas ações não atentavam contra os interesses estadunidenses. Pelo contrário, o funcionário detido da DAI -uma fachada da CIA- sim, estava atentando contra os interesses de Cuba, promovendo a desestabilização interna e repartindo -de forma ilegal- materiais e recursos de Washington que estavam destinados a alimentar um conflito que provocaria "uma transição política" favorável à agenda dos Estados Unidos.

Development Alternatives, Inc. é um dos maiores contratistas de Washington do mundo. Atualmente, tem um contrato de 50 milhões de dólares no Afeganistão. Na América Latina, opera na Bolívia, Brasil, Colômbia, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Peru, República Dominicana e Venezuela.

* Advogada venezuelano-estadunidense, dentre vários escritos, publicou El Codigo Chávez, que trata do golpe frustrado de 2002, desferido pela direita facista da Venezuela, com apoio dos EUA.

Artigo pescado de ADITAL

sábado, 14 de novembro de 2009

Documento Oficial revela as verdadeiras intenções do Acordo Militar com a Colômbia

Publicado pelo periódico cubano Granma 


As verdadeiras intenções do Acordo Militar com a Colômbia
 

Por Eva Golinger
 
Um documento oficial do Departamento da Força Aérea do Departamento de Defesa dos Estados Unidos revela que a base militar de Palanquero, Colômbia "garante a oportunidade para conduzir operações de espectro completo por toda a América do Sul".
Esta afirmação contradiz as explicações dadas pelo presidente Álvaro Uribe e pelo Departamento de Estado dos EUA a respeito do acordo militar assinado, em 30 de outubro passado, entre Washington e a Colômbia. Os governos da Colômbia e dos EUA sustentaram publicamente que o acordo militar apenas trata de operações e atividades dentro do território colombiano para combater o narcotráfico e o terrorismo interno.
O presidente Uribe reiterou várias vezes — inclusive na reunião da Unasul em Bariloche, Argentina — que seu acordo militar com Washington não afetará osseus vizinhos. No entanto, o documento da Força Aérea dos EUA confirma o contrário e indica que as verdadeiras intenções e objetivos do acordo são realizar operações militares em nível regional para combater as "ameaças constantes...dos governos antiamericanos".
O acordo militar autoriza o acesso e uso de sete instalações militares em Palanquero, Malambo, Tolemaida, Larandia, Apíay, Cartagena e Málaga. Além disso, o acordo permite "o acesso e uso das outras instalações e alocações" por todo o território colombiano, sem restrições. Junto com a imunidade plena que este acordo outorga aos militares, civis e contratistas estadunidenses que entrarão em território colombiano no contexto do convênio, a autorização que permite aos EUA utilizarem qualquer instalação no país, inclusive, os aeroportos comerciais, significa uma entrega total da soberania colombiana.
O documento da Força Aérea destaca a importância da base militar de Palanquero e fala da necessidade de investir US$46milhões para condicionar a pista aérea, as rampas e várias outras instalações da base para convertê-la numa Localidade de Cooperação em Segurança (CSL) dos EUA.
"Estabelecendo uma Localidade de Cooperação em Segurança (CSL) em Palanquero apoiará a Estratégia de Postura do Teatro do Comando Combatente (COCOM) e demonstrará nosso compromisso com a Colômbia. O desenvolvimento de esta CSL dá-nos uma oportunidade única para as operações de espectro completo numa sub-região crítica no nosso hemisfério, onde a segurança e estabilidade estão sob a ameaça constante das insurgências terroristas financiadas pelo narcotráfico, dos governos antiamericanos, da pobreza endêmica e dos freqüentes desastres naturais..."
Não é difícil imaginar quais governos na América do Sul são considerados por Washington como "antiamericanos". Suas constantes declarações agressivas contra a Venezuela e a Bolívia, bem como contra o Equador, demonstram que são os países da ALBA os que são considerados por Washington como uma "ameaça constante". Qualificar um país como "antiamericano" é considerá-lo um inimigo dos Estados Unidos. Neste contexto, é lógico pensar que os EUA poderiam reagir frente a uma região cheia de "inimigos" com uma agressão militar.
A LUTA CONTRA O NARCOTRÁFICO É SECUNDÁRIA
Segundo o documento, "o acesso à Colômbia aprofundará a relação estratégica com os Estados Unidos. A forte relação de cooperação em segurança também dá uma oportunidade para executar operações de espectro completo por toda a América do Sul, incluindo o apoio para as capacidades de combater o narcotráfico". Aqui se evidencia que a luta contra o narcotráfico é um assunto secundário. Este fato contradiz as explicações dadas pelos governos da Colômbia e Washington, que tentaram aparentar que o objetivo principal do acordo militar é combater o narcotráfico. O documento da Força Aérea prioriza as operações militares continentais para combater "ameaças constantes", como os governos "antiamericanos" na região.
PALANQUERO É A MELHOR OPÇÃO PARA O ALCANCE CONTINENTAL
O documento da Força Aérea explica que "Palanquero é, sem dúvida, o melhor lugar para investir no desenvolvimento da infraestrutura na Colômbia. Sua alocação central está dentro do alcance das áreas de operações... na região... e sua alocação isolada ajudará... a minimizar o perfil da presença militar estadunidense. O propósito é utilizar a infraestrutura existente... melhorar a capacidade dos EUA para responderem rapidamente a uma crise e garantirem o acesso regional e a presença estadunidense....Palanquero ajuda com a missão de mobilidade, porque garante o acesso a toda a América do Sul, com a exceção do Cabo de Hornos..."
ESPIONAGEM E GUERRA
Da mesma maneira, o documento da Força Aérea confirma que a presença militar estadunidense em Palanquero, Colômbia, aumentará as capacidades de espionagem e inteligência, e permitirá às forças armadas estadunidenses aumentarem sua capacidade para travarem uma guerra na América do Sul. "O desenvolvimento da base em Palanquero aprofundará a relação estratégica entre os EUA e a Colômbia e interessa às duas nações. A presença também aumentará nossa capacidade para realiar operações de Inteligência, Espionagem e Reconhecimento (ISR), melhorará o alcance global, apoiará os requisitos de logística, melhorará as relações com sócios, a cooperação de teatros de segurança e aumentará as nossas capacidades de realizarmos uma guerra diligente."
A linguagem de guerra deste documento evidencia as verdadeiras intenções do acordo militar entre Washington e a Colômbia: estão-se preparando para uma guerra na América Latina. Os últimos dias estiveram cheios de conflitos e tensões entre a Colômbia e a Venezuela. Há uns dias, o governo venezuelano prendeu três espiões do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) da Colômbia — sua agência de inteligência e espionagem — e descobriu várias operações ativas voltadas para a desestabilização e a espionagem contra Cuba, Equador e Venezuela. As operações Fénix, Salomón e Falcón, respectivamente, foram reveladas por documentos achados junto aos funcionários prendidos do DAS. Há duas semanas, foram também encontrados dez cadáveres no estado de Táchira, perto da fronteira com a Colômbia. Depois de realizar as investigações pertinentes, o governo venezuelano descobriu que os corpos pertenciam a um grupo de paramilitares colombianos que se haviam infiltrado no território venezuelano. Esta perigosa infiltração paramilitar da Colômbia faz parte de um plano de desestabilização contra a Venezuela, que procura criar um para-estado dentro do território venezuelano e assim enfraquecer o governo do presidente Chávez.
O acordo militar entre Washington e Colômbia aumentará esta tensão e violência regional. Agora, com a informação revelada no documento da Força Aérea dos Estados Unidos, é evidente — sem sombra de dúvida — que Washington está procurando promover uma guerra na América do Sul, utilizando a Colômbia como base de operações. Diante desta declaração de guerra, os povos da América Latina têm que mostrar unidade e força. A integração latino-americana é a melhor defesa contra a agressão imperial.

* O documento do Departamento da Força Aérea dos Estados Unidos foi redigido em maio de 2009, como parte da justificativa do orçamento para 2010, enviado pelo Pentágono ao Congresso estadunidense. É um documento oficial da Força Aérea e reafirma a veracidade do Livro Branco: A Estratégia de Mobilidade Global do Comando Aéreo da Força Aérea dos EUA, que foi denunciado pelo presidente Chávez na reunião da Unasul, em Bariloche, em 28 de agosto passado. O documento e a tradução não-oficial dos segmentos sobre a base de Palanquero encontra-se no site do Centro de Alerta para a Defesa dos Povos, um espaço que estamos construindo para garantir que as denúncias e informação estratégica estejam disponíveis, para que os povos possam se defender com argumentos contundentes da constante agressão imperial.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Juanita Castro , CIA e Itamaraty

Assim que veio à luz pública a revelação de Juanita Castro, irmã de Fidel, de que havia operado para a CIA desde antes de sair de Cuba, ajudada pela esposa do embaixador brasileiro em Havana, este Blog levantou algumas questões; o diplomata Leitão da Cunha, saiu da Ilha caribenha para servir na URSS, e com o golpe de 64, integrou o governo e participou das primeiras decisões em direção ao recrudescimento do regime.
Qual foi a ligação mantida por este personagem com a CIA durante sua atuação?


Interessantíssima e elucidativa a postagem de Argemiro Ferreira em seu Blog acerca do caso.


Abaixo, o conteúdo na íntegra:


Há uma particularidade insólita sobre nosso ministério das Relações Exteriores, o velho Itamaraty. Sempre desfrutou de boa imagem, menos por merecê-la do que pela prática nefasta, talvez de muitos anos, de varrer a sujeira para debaixo do tapete. Atravessou, por exemplo, todo o período da ditadura militar como se vivéssemos no melhor dos mundos, enquanto perseguia diplomatas - intelectuais como Antonio Houaiss, Vinícius de Morais, João Cabral de Melo Neto entre muitos. E prestou-se a papéis indignos mesmo antes do golpe de 1964.


Vale a pena lembrar tais coisas embora neste momento o Itamaraty, com o ministro Celso Amorim à frente, conduza com sucesso uma política externa exemplar. O que sugere revisitar a questão é a iniciativa de uma cubana de Miami, 76 anos de idade, notória pelo detalhe de ser irmã de Fidel e Raul Castro, de revelar num prolixo livro de memórias (Fidel y Raúl, Mis Hermanos – La Historia Secreta, 432 páginas), ter sido agente da CIA, central de espionagem dos EUA, graças à diplomacia brasileira.


Juanita Castro não fez a revelação nesses termos, mas o que escreveu (ou o que escreveu para ela a co-autora mexicana Maria Antonieta Collins, especialista em livros de auto-ajuda que ensinam dietas, receitas, como lidar com ex-maridos, livrar-se do vício do cartão de crédito, etc) permite chegar a tal conclusão. Sem atribuir explicitiamente a carreira de espiã à nossa diplomacia, ela diz ter sido recrutada para a atividade pouco nobre através da mulher do embaixador Vasco Leitão da Cunha, que então servia em Havana.


O péssimo exemplo da embaixatriz
É conveniente esclarecer que, entre outras coisas, agora Juanita se diz traída duas vezes - uma pelo irmão Fidel, a outra pela CIA e os EUA. No primeiro caso, a gente entende: como governante Fidel optou por cuidar dos problemas do país, não dos interesses da família. Quanto ao país que a recebeu, queixou-se de que a CIA no governo do presidente Nixon, eleito em 1968, pediu a ela para mudar o discurso e sustar os ataques a Cuba e Fidel - ou seja, dizer o contrário do que dizia até então.


Mas voltemos à diplomacia. Como chefe da missão do Brasil, o embaixador Leitão da Cunha recebera Juanita como asilada em 1958, ainda no governo JK. Ela alegara correr risco por ser irmã de Fidel, então líder dos guerrilheiros que lutavam contra o ditador Fulgencio Batista. Vitoriosa a revolução no primeiro dia de 1959, ela deixou a embaixada. E em 1961, depois do fracasso (em abril) da invasão da CIA (na baía dos Porcos) a embaixatriz Virginia Leitão, ciente da atividade dela contra o governo revolucionário do irmão, chamou-a para uma conversa. E sugeriu que passasse a colaborar “com uns amigos que conhecem seu trabalho (contra o governo) e querem ajudá-la”.


De acordo com a versão, Virginia encarregou-se de promover o encontro de Juanita com um dos “amigos”, Tony Sforza, então usando o codinome “Enrique”, depois de ter atuado um tempo sob o disfarce de jogador e frequentador de cassinos, com o codinome “Frank Stevens”. Logo depois Juanita passava a operar como agente da CIA em território cubano, com o codinome “Donna”. A se acreditar no livro, durante quase três anos (até 1964, quando foi para os EUA), ela “protegia”, inclusive escondendo em sua casa, críticos e opositores da revolução.


As relações promíscuas de diplomatas
Daí em diante Juanita foi usada permanentemente pela CIA como arma de propaganda. A ligação dela com a espionagem americana não era segredo. Já em 1975, no seu livro Inside the Company - CIA Diary, o ex-espião Philip Agee, citou-a como “agente de propaganda da CIA”. E num livro póstumo de 2005, Spymaster - My Life in the CIA, o célebre Ted Schackley, controvertido ex-chefe de operações da agência, revelou publicamente, pela primeira vez, que o contato da CIA com Juanita Castro tinha sido feito através da embaixatriz brasileira Virginia Leitão da Cunha.


Difícil é entender porque o fato ainda era ocultado no Brasil e porque não se tenta saber mais sobre as relações promíscuas de diplomatas e gente direta ou indiretamente ligada ao Itamaraty, dentro e fora do país? O mesmo livro que fizera (em 1975) a primeira referência à relação de Juanita com a CIA também registrara que no Uruguai, na década de 1960, o embaixador brasileiro Manuel Pio Corrêa atuara como espião da CIA.


Mas só em julho de 2007, graças a série de reportagens do Correio Braziliense durante quatro dias seguidos, o país soube a extensão do papel de Corrêa. Depois de passar pelo Uruguai e pela Argentina ele foi premiado com a secretaria geral do Itamaraty e usou o cargo - e os superpoderes recebidos no governo Castello Branco - para criar insólita máquina de espionagem no ministério, com alcance mundial. Um certo Centro de Informações do Exterior (CIEX) dedicava-se a monitorar em toda parte, com a ajuda de nossos diplomatas, os exilados brasileiros e críticos do regime militar.


D. Hélder e a espionagem de Pio Corrêa
Por alguma razão desconhecida a grande mídia do resto do país, cúmplice do golpe de 1964 e beneficiária da ditadura durante 20 anos, preferiu praticamente ignorar o conteúdo daquelas reportagens. Mas um dos efeitos conspícuos da ação do CIEX pode ter sido a campanha mundial orquestrada pela diplomacia brasileira para impedir a concessão do prêmio Nobel da Paz ao arcebispo Hélder Câmara, que denunciava torturas e abusos contra os direitos humanos no Brasil. A maquinação torpe devia ser hoje motivo de estudo e repúdio na formação dos futuros diplomatas.


Mas os segredos do Itamaraty, ao contrário, parecem intocáveis. No seu livro de memórias, O mundo em que vivi, o próprio Pio Corrêa, ao negar perseguição a Vinícius de Moraes (que se desligou, alega ele, num acordo amistoso) vangloriou-se de ter demitido “pederastas”, “vagabundos” e “bêbados”. Houaiss e João Cabral já eram perseguidos antes da ditadura, como alvos de campanha macarthista liderada, ainda no início da guerra fria, pela Tribuna da Imprensa ao tempo de Carlos Lacerda, que os denunciava como subversivos em manchetes de primeira página.


Seria no mínimo saudável arejar esse passado recente e não perpetuar o sigilo. O Itamaraty foi suspeito antes de ocultar seus erros e ainda os gastos elevados, como se fosse uma caixa preta. O fato de alguém como Virginia Leitão da Cunha - cujo marido ocupou altos cargos, foi até ministro do Exterior da ditadura - ter atuado como espiã a serviço de potência estrangeira, dentro da embaixada brasileira, e recrutado agente para serviço de espionagem de outro país, é vergonha que tem de ser exposta à execração pública, para o exemplo nunca ser seguido. E se deixar de ser feita coisa parecida em relação aos Pio Corrêa da vida, a impunidade funcionará como estímulo no futuro ao mesmo comportamento deprimente - que revela subserviência e rebaixa a qualidade de nossa diplomacia.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Espionamos a URSS para a CIA? Ministro brasileiro atuou para a CIA? - Objeto para os jornalistas investigativos, ou não...



Em meio à pirotecnia gerada pela grande imprensa em relação à revelação da irmã de Fidel e Raul de que, além de ter traído a revolução, operou para a CIA, temos um belo objeto para o jornalismo investigativo:


O Brasil espionou a União Soviética para os EUA?
Ministro brasileiro atuou para a CIA?
Segundo Juanita Castro, ela foi recrutada por Virgínia Leitão da Cunha, esposa do embaixador brasileiro em Havana, Vasco Leitão da Cunha.


Numa rápida pesquisa, podemos observar que depois de servir em Cuba, Vasco foi ser embaixador na URSS, residindo por lá a partir de abril de 1962.




É muito provável que ele tinha conhecimento da relação de sua esposa com a CIA, é muito provável que ele tenha tido ligações com a agência.
Sendo assim, acompanhou a chamada Crise dos Mísseis (outubro de 1962) servindo em Moscou e tendo conhecimento da conjuntura da revolução cubana.
Sendo assim, é muito provável que ele tenha atuado para a CIA em plena União Soviética, e durante o governo Goulart.


Em outra rápida pesquisa, podemos ver que, após o golpe de 1964, Leitão da Cunha foi ministro das relações exteriores do governo brasileiro!
Sua política foi marcada por uma orientação completamente pró-americana.
Numa das reuniões do "Conselho de Segurança Nacional", ocorrida em menos de um mês após o golpe, Vasco, ao defender o rompimento de relações com Cuba falou o seguinte:






"O governo brasileiro tem razões de sobra para romper sem mais delongas com o governo de Havana. Do ponto de vista político e psicológico, será um golpe extremamente forte no moral do atual governo de Cuba. O Brasil dará a outros países do mundo a advertência de que não tolerará interferência nem ação comunista em seu território e não pactuará com o comunismo no hemisfério".


Com essa belíssima folha de serviço, podemos despertar todas as desconfianças do mundo em relação à atuação deste finado diplomata em Cuba, na URSS e no nosso país.


Mais uma história coberta pelo véu de sangue da ditadura civil-militar no Brasil.

NA PRÁXIS - a declaração na reunião do conselho de segurança nacional foi retirada de Visão Crítica 

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Irmã de Fidel Castro colaborou com a CIA

Notícia curiosa publicada hoje pela agência Reuters:


A irmã "dissidente" de Fidel e Raul Castro atuou para a CIA.

Já existem registros de cerca de 600 tentativas de assassinato contra Fidel, inúmeras sabotagens e atos terroristas como envenenamento de plantações por aviões clandestinos, e  atentados à bomba, dentre outras coisas.

Depois ainda reclamam do governo cubano em relação às políticas e medidas de segurança tomadas pelo estado, uma ilha perseguida pela maior potência existente, unicamente por ter conseguido sua soberania...



MIAMI (Reuters)


A irmã caçula de Fidel e Raúl Castro, Juanita Castro, colaborou com a CIA, agência de inteligência norte-americana, contra o governo de seus irmãos em Cuba antes de ir para o exílio em Miami em 1964, disse ela no domingo.
Juanita, de 76 anos, que não fala com seus irmãos há mais de quatro décadas, fez a revelação ao canal de TV de língua espanhola Univisión-Notícias 23, às vésperas da publicação de suas memórias sobre Fidel e Raúl Castro.
O livro em espanhol, intitulado "Fidel e Raúl, Meus Irmãos, a História Secreta", escrito em conjunto com a jornalista mexicana Maria Antonieta Collins, será publicado nesta segunda-feira.
Depois de inicialmente apoiar a Revolução de 1959 de Fidel, que derrubou o ditador Fulgêncio Batista em Cuba, Juanita Castro disse ter se desiludido com o modo como seu irmão mais velho estava executando opositores e levando a ilha em direção ao comunismo.
"Eu comecei a ficar desencantada quando vi tanta injustiça", disse em entrevista à Univisión.
Juanita contou que da sua casa em Havana ela abrigou e ajudou os perseguidos pelo governo de Fidel Castro.
"Minha situação em Cuba ficou delicada por causa da minha atividade contra o regime", disse.
Ela contou que um dia uma pessoa próxima a Fidel lhe trouxe um convite da CIA pedindo que ela colaborasse com a agência de espionagem norte-americana.
"Eles queriam falar comigo porque tinham coisas interessantes a me dizer, e coisas interessantes a me perguntar, tais como se eu estava pronta para correr o risco, se eu estava pronta para ouvi-los -- eu fiquei chocada, mas disse sim", disse Juanita Castro a Collins.
Collins disse que, "dessa maneira, começou uma longa relação com o arquiinimigo de Fidel Castro, a Agência Central de Inteligência" dos EUA.
"Durante três anos, de 1961 a 1964, colocando a própria vida em risco, o trabalho de Juanita Castro era salvar a vida de seus compatriotas bem antes de ela partir para o exílio em Miami", acrescentou Collins, sem dar mais detalhes.
Juanita Castro, que foi dona de uma farmácia em Miami por mais de 30 anos antes de se aposentar em 2006, falou pela última vez com seu irmão Fidel em 1963, quando a mãe deles, Lina Ruz Gonzalez, morreu de ataque cardíaco. A última vez que falou com seu outro irmão Raúl foi em 1964, dias antes de sair de Cuba para o exílio.
Juanita é uma forte crítica do governo comunista de Fidel Castro em Cuba, dizendo que ele traiu os princípios democráticos que originalmente disse respeitar ao adotar o marxismo e alinhar Cuba à União Soviética.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Fidel comenta as bases militares do império na América Latina

Em sua penúltima coluna, Fidel Castro tece reflexão acerca da presença militar dos Estados Unidos na América Latina.
Interessante apanhado histórico, lúcida análise por parte do comandante-em-chefe da Revolução Cubana.

"A história não perdoará aos que cometem essa deslealdade contra os seus povos"


As Bases ianques e a soberania Latino-Americana


Por Fidel Castro


O conceito de nação surgiu da soma de elementos comuns tais como a história, a linguagem, a cultura, os costumes, as leis, as instituições e mais outros factores relacionados com a vida material e espiritual das comunidades humanas.

Os povos da América, por cuja liberdade Bolívar realizou as grandes façanhas que fizeram com que virasse El Libertador foram convocados por ele para criar, como disse: "a maior nação do mundo, menos por sua extensão e riquezas do que por sua liberdade e glória".

António José de Sucre levou a cabo em Ayacucho a última batalha contra o império que tinha convertido grande parte deste continente em propriedade real da coroa de Espanha durante mais de 300 anos.

É a mesma América que dezenas de anos mais tarde, e quando já tinha sido cerceada em parte pelo nascente império ianque, Martí chamou Nossa América.

Temos que recordar mais uma vez que, antes de tombar em combate pela independência de Cuba, último bastião da colónia espanhola na América, no dia 19 de Maio de 1895, horas antes da sua morte, José Martí escreveu profeticamente que tudo o que ele tinha feito para "… impedir a tempo com a independência de Cuba que se estendam pelas Antilhas e caiam, com essa grande força, sobre as nossas terras da América".

Nos Estados Unidos, as 13 colónias recém libertadas não tardaram em se estender desordenadamente para o Oeste em busca de terra e ouro, exterminando índios até que chegaram às costas do Pacífico, concorriam os Estados agrícolas escravagistas do Sul com os Estados industriais do Norte que exploravam o trabalho assalariado, tentando criar outros Estados para defenderem os seus interesses económicos.

Em 1848 arrebataram ao México mais de 50 por cento de seu território, numa guerra de conquista contra o país, militarmente fraco, que os levou a ocupar a capital e impor-lhe humilhantes condições de paz. No território arrebatado estavam as grandes reservas de petróleo e gás que mais tarde forneceriam aos Estados Unidos durante mais de um século e continuam em parte fornecendo-os.

O flibusteiro ianque William Walker, estimulado pelo "destino manifesto" que proclamou o seu país, desembarcou na Nicarágua no ano 1855 e se proclamou por si próprio como Presidente, até que foi expulso pelos nicaraguanos e outros patriotas centro-americanos em 1856.

O Nosso Herói Nacional viu como o destino dos países latino-americanos era destroçado pelo nascente império dos Estados Unidos.

Após a tombada em combate de Martí teve lugar a intervenção militar em Cuba, quando já o exército espanhol estava derrotado.

Foi imposta a Cuba a Emenda Platt, que concedia ao poderoso país o direito de intervir na ilha.

A ocupação de Porto Rico, que dura já 111 anos e hoje constitui o chamado "Estado Livre Associado", que não é Estado nem é livre, foi outra das consequências daquela intervenção.

Confirmando as geniais premonições de Martí, as piores coisas para a América Latina ainda não tinham acontecido. Já o crescente império tinha decido que o canal que uniria os dois oceanos seria por Panamá e não pela Nicarágua. O istmo do Panamá, a Corinto sonhada por Bolívar como capital da maior República do mundo concebida por ele, seria propriedade ianque.

Mesmo assim, houve ao longo do Século XX piores consequências. Com o apoio das oligarquias políticas nacionais, os Estados Unidos apropriaram-se depois dos recursos e da economia dos países latino-americanos; multiplicaram-se as intervenções; as forças militares e policiais ficaram sob a sua égide. As empresas multinacionais ianques apropriaram-se das produções e dos serviços fundamentais, dos bancos, das companhias de seguros, do comércio exterior, dos caminhos de ferro, dos navios, dos armazéns, dos serviços eléctricos, dos telefónicos e outros, em maior ou menor grau passaram às suas mãos.

É certo que a profunda desigualdade social fez com que explodisse a Revolução Mexicana na segunda década do Século XX, que se converteu em fonte de inspiração para outros países. A revolução fez com que o México avançasse em muitas áreas. Mas o mesmo império que ontem devorou grande parte do seu território, hoje devora importantes recursos naturais que lhe restam, a força de trabalho barata e até faz com que derrame o seu próprio sangue.

O TLCAN é o mais brutal acordo imposto a um país em desenvolvimento. Em aras da brevidade, é suficiente assinalar que o Governo dos Estados Unidos recém afirmou textualmente: "Em momentos em que o México tem sofrido um golpe duplo, não só pela queda de sua economia, mas também pelos efeitos do vírus A H1N1, provavelmente queremos ter a economia mais estabilizada antes de ter uma longa discussão sobre as novas negociações comerciais." Logicamente não se faz nenhuma referência a que, como consequência da guerra desatada pelo tráfico de drogas, na qual o México utiliza 36 mil soldados, em 2009 tem morrido quase quatro mil mexicanos. O fenómeno repete-se em maior o menor Grau no resto da América Latina. A droga não só engendra problemas graves de saúde, engendra a violência que desgarra o México e a América Latina como fruto do mercado dos Estados Unidos, fonte inesgotável das divisas com as quais é fomentada a produção de cocaína e heroína, e é o país donde são fornecidas as armas usadas nessa feroz e não divulgada guerra.

Aqueles que morrem do Rio Grande até os confins da América do Sul são latino-americanos. Deste modo, a violência geral esta por encima do recorde de mortes e as vítimas ultrapassam a cifra de 100 mil por ano na América Latina, engendradas principalmente pelas drogas e a pobreza.

O império não luta contra as drogas dentro de suas fronteiras; luta nos territórios latino-americanos.

No nosso país não são cultivadas a coca nem a papoula. Lutamos com eficiência contra os que tentam introduzir drogas no nosso país ou utilizar Cuba como trânsito, e os índices de pessoas que morrem por causa da violência diminuem a cada ano. Para isso não precisamos de soldados ianques. A luta contra as drogas é um pretexto para estabelecer bases militares em todo o hemisfério. Desde quando os navios da IV Frota e os aviões modernos de combate servem para combaterem as drogas?

O verdadeiro objectivo é o controlo dos recursos económicos, o domínio dos mercados e a luta contra as mudanças sociais. Que necessidade tinha de restablecer essa frota, desmobilizada no fim da Segunda Guerra Mundial, há mais de 60 anos, quando já não existe a URSS nem a guerra fria? Os argumentos utilizados para o estabelecimento de sete bases aeronavais na Colômbia são ao longo do Século XX um insulto à inteligência.

A história não perdoará aos que cometem essa deslealdade contra os seus povos, tampouco aos que usam como pretexto o exercício da soberania para coonestar a presença de tropas ianques. A que soberania fazem referência? À conquistada por Bolívar, Sucre, San Martín, O´Higgins, Morelos, Juárez, Tiradentes, Martí? Nenhum deles teria aceitado tão repudiável argumento para justificarem a concessão de bases militares às Forças Armadas dos Estados Unidos, um império mais dominante, mais poderoso e mais universal do que as coroas da península ibérica.

Se como consequência desses acordos promovidos de forma ilegal inconstitucional pelos Estados Unidos, qualquer governo desse país utilizasse essas bases, mesmo como o fizeram Reagan com a guerra súcia e Bush com a do Iraque, para provocarem um conflito armado entre dois povos irmãos, seria uma grande tragédia. A Venezuela e a Colômbia, nasceram juntas na história da América após as batalhas de Boyacá e Carabobo, sob a direcção de Simon Bolívar. As forças ianques podiam promover uma guerra suja como fizeram na Nicarágua, inclusive utilizar soldados de outras nacionalidades treinados por eles e poderiam atacar algum país, porém dificilmente o povo combativo, valente e patriótico da Colômbia se deixe arrastar para a guerra contra um povo irmão como o da Venezuela.

Enganam-se os imperialistas se subestimam igualmente os outros povos da América Latina. Nenhum deles aprovará a instalação de bases militares ianques, nenhum deles deixará de ser solidário com qualquer povo latino-americano agredido pelo imperialismo.

Martí admirava extraordinariamente Bolívar e não se enganou quando disse: "assim está Bolívar no céu da América, vigilante e carrancudo… calçadas ainda as botas de campanha, porque aquilo que ele não deixou feito, hoje está por fazer: porque Bolívar ainda tem coisas a fazer na América."

terça-feira, 2 de junho de 2009

Ex-agente da CIA ganha US$ 1 bilhão processando Fidel e Che

No último dia 29, sexta-feira, o juiz Peter Adrien emitiu uma decisão na qual concedeu uma indenização de US$ 1 bilhão ao senhor Gustavo Villoldo, um ex-agente da CIA de origem cubana que havia processado a Fidel e Che Guevara por terem sido responsáveis pela morte de seu pai, proprietário de uma distribuidora da General Motors em Cuba.
Notícia digna de aparecer no Blog Cloaca News.
Segundo o entendimento da justiça, quando Che anunciou que a empresa seria nacionalizada acabou gerando um transtorno irreversível no empresário, levando-o ao suicídio por envenenamento. Além de causar danos nas finanças da família.
O valor de US$ 1 bilhão será buscado em contas do governo cubano que estão congeladas em bancos americanos desde a revolução. No entanto, existe a possibilidade de o Sr Villoldo não colocar a mão em todo o dinheiro, em virtude de várias outras ações judiciais do gênero, empreendidas por inimigos de Cuba, estarem atrás destes montantes.
Fidel Castro comenta
Em sua última coluna, o comandante Fidel Castro comenta este acontecimento ridículo no país que pretende ensinar democracia ao mundo.
Em tempo:
O Sr Gustavo Villoldo participou da frustrada invasão da Baía dos Porcos e esteve envolvido no assassinato de Ernesto Guevara.
Segue a opinião de Fidel:
REFLEXÕES DE FIDEL
A justiça nos Estados Unidos
SE eu afirmasse que nos Estados Unidos reina o caos diriam que exagero, que esse país é uma democracia onde existe justiça, respeito aos direitos humanos e a divisão de poderes, erigidos sobre os princípios de Montesquieu e da Declaração da Filadélfia.
É claro que não me estou referindo à acesa defesa de Cheney sobre o direito à tortura nem ao discurso proferido por Bush em Toronto, enquanto centenas de manifestantes exigiam seu julgamento como criminoso de guerra.
Porém, se abrissem o volume de telexes se espantariam. Várias agências informam: "Um juiz deu uma indenização de mais de US$1 bilhão em prejuízos por parte do governo pelo suicídio, em 1959, do pai de um cubano-americano envolvido na captura e morte do revolucionário Ernesto ‘Che’ Guevara.
"O juiz Peter Adrien do circuito de Miami-Dade disse na sexta-feira, dia 29, que queria enviar uma mensagem ao povo cubano.
"O magistrado emitiu seu veredicto em relação a um recurso impetrado por Gustavo Villoldo, que culpou Guevara, o ex-líder cubano Fidel Castro e outros pelo suicídio de seu pai em Cuba, em 1959. A família fugiu para os Estados Unidos e, depois, Villoldo participou da invasão da Baía dos Porcos e esteve envolvido na captura de Guevara na Bolívia.
"O pai de Villoldo tirou a vida com uma superdose de soníferos em fevereiro de 1959, pouco depois que Fidel Castro, Guevara e outros guerrilheiros subissem ao poder em Cuba. Villoldo (pai) era um proeminente empresário cubano que também tinha cidadania estadunidense e era dono de uma importante concessionária da General Motors, de uma fazenda de 13 mil hectares (33 mil acres) e de outras propriedades.
"O jovem Villoldo se integrou posteriormente às Forças Armadas estadunidenses e à CIA. Uns anos mais tarde, estava entre um grupo que capturou Che na Bolívia em 1967. Subsequentemente, Guevara foi executado e enterrado no país sul-americano."
Outro telex aponta: "A indenização é a maior que se tem dado até o momento em processos contra o governo de Cuba, depois de um de US$253 milhões dado aos filhos do cubano Rafael del Pino Siero, que morreu no cárcere após se afastar do regime castrista", e não acrescenta nada mais a respeito do traidor condenado à prisão, ao vender os segredos do Granma em US$35 mil, que equivaliam a quase um milhão de dólares atuais e arriscando 82 expedicionários.
"Outra indenização foi dada aos familiares de três pilotos do grupo do exílio ‘Irmãos para o Resgate’ de US$187 milhões, que foram derribados em águas internacionais por aviões cubanos em 1996". Tratava-se de verdadeiros piratas que utilizavam teco-tecos de uso militar, adquiridos depois da guerra no Vietnã, para violar nosso espaço aéreo e fazer voos rasantes sobre a capital do país.
Há apenas três dias, foi publicada a notícia de que o prefeito de Nova Iorque, pressionado por Dan Burton e por outros legisladores anti-cubanos, ordenou retirar do Central Park a estátua em bronze do Che — feita pelo alemão Christian Jankowski―, que faz parte de uma exposição temporária chamada "Esculturas Viventes", que inclui a figura do homem que um governo desse país ordenou assassinar. Essa é a justiça que reina nos Estados Unidos!

Fidel Castro Ruz

30 de maio de 2009

16h15