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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Agressão israelense a Gaza mata um e deixa quatro feridos

Uma mulher palestina morreu e outras quatro pessoas foram feridas durante um ataque de forças israelenses na fronteira com Gaza, divulgaram ontem fontes locais, enquanto em Jerusalém Leste denunciaram-se novas demolições de casas árabes.

 Fontes médicas nesta faixa costeira precisaram que as vítimas, incluída a falecida e dois familiares seus, foram baleadas por soldados judeus na aldeia de Johar Al-Deek, próximo ao muro que separa este território palestino de Israel.

O comando militar de Tel Aviv, por seu lado, confirmou a ação armada e tratou de justificar com a alegação de que dispararam contra pessoas suspeitas que se aproximaram da altura do centro do enclave para supostamente lançar algum ataque.

A hostilidade israelense contra os habitantes desta bloqueada faixa registrou um incremento para além do habitual nas últimas semanas, com disparos de canhões, invasão de terrenos e devastação de propriedades e moradias.

Precisamente, o povoado de Qarara, ao oriente da cidade sulista de Khan Younis, foi objeto de uma incursão de militares sionistas com buldózer apoiados por veículos militares, que dispararam, sem causar vítimas, e arrasaram cultivos agrícolas.

As ações violentas israelenses ocorrem quase diariamente na fronteira com este enclave, onde as tropas de Tel Aviv tinham estabelecido uma zona neutra dentre 300 e 800 metros, impedindo a numerosos camponeses cultivar suas terras.

Com informações de Prensa Latina

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Israel usa prisões políticas para reprimir palestinos



Desde a ocupação de 1967, um quinto da população palestina que vive nos territórios ocupados já foi presa por motivos políticos; a lista inclui crianças e adolescentes

Por Dafne Melo

Em março de 2002, a situação na Cisjordânia havia se complicado. Em resposta a Segunda Intifada, as forças armadas israelenses aumentaram ainda mais a repressão dentro dos territórios palestinos, colocando em prática uma forte ofensiva militar que culminou com o cercamento e bombardeio da Muqataa, local onde estava o então presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Yasser Arafat. Tanques invadiram as ruas do centro de Ramallah, cidade que é sede da ANP.

Yasser al-Disi, jornalista e diretor de comunicação de uma organização de direitos humanos Al-Haq, sediada em Ramallah, decidiu ir até o escritório da organização antes dos ataques começarem. Lá ficou por um dia, sem informações suficientes sobre o que estava se passando na cidade, devido ao fornecimento irregular de energia elétrica. Dois dias depois dos ataques começarem, 15 soldados israelenses bateram na porta da sede da organização e levaram Yasser, algemado e vendado, a um cárcere, onde ficou detido por três meses em prisão administrativa, sem que nenhuma acusação fosse feita.

A história de Yasser as-Disi é apenas uma das que centenas de milhares de palestinos têm para contar. De acordo com a organização de direitos humanos Adameer, cerca de 20% dos palestinos que moram nos territórios ocupados em 1967 (Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza) já foram presos devido a suas atividades políticas.


Direito de resistir

De acordo com dados de janeiro da Adameer, existem quase 6.500 prisioneiros políticos palestinos dentro das cadeias israelenses. Destes, 5% estão em prisões administrativas, um recurso que, na prática, permite que o Estado de Israel prenda qualquer palestino por até seis meses – sendo que o prazo pode ser renovado infinitamente –, sem apresentar uma acusação formal. Há ainda 37 mulheres e 330 crianças e adolescentes.

Para o advogado do Ministério dos Prisioneiros da ANP, Jawad al-Amawi, antes de discutir as ilegalidades do sistema prisional israelense é necessário reafirmar o direito que o povo palestino possui de resistir à ocupação de seu território. “Todas as leis internacionais asseguram aos palestinos – e a qualquer outro povo sob ocupação militar – o direito de resistir a essa ocupação. No caso especial da Palestina há uma série de resoluções da ONU que dão aos palestinos o direito de resistir diante das violações do Estado de Israel”, defende. Algumas dessas resoluções da ONU, que citam diretamente o caso palestino, são as de número 3.089 (Assembleia Geral, 1973) e 3.070 (Assembleia Geral, 1960).

Para o advogado, enquanto a ocupação militar – que desrespeitas as resoluções 242 (1967) e 338 (1973) das Nações Unidas – persistir, o problema dos prisioneiros políticos palestinos também vai se manter. “Nós vamos continuar resistindo e eles vão continuar prendendo, como medida de repressão”, conclui.

Problema crônico

Desde a ocupação de 1967, após a Guerra dos Seis Dias, calcula-se que cerca de 700 mil palestinos foram presos por razões políticas. A esmagadora maioria é de homens, o que faz com que 40% da população masculina já tenha passado pela cadeia. Antes dos acordos de Oslo, em 1993, al-Amawi conta que havia pouco mais de 11 mil presos palestinos em cadeias israelenses. As solturas desses presos eram muitas vezes negociadas por meio de operações de troca. Geralmente, grupos políticos faziam o sequestro de um ou vários soldados israelenses e exigiam, em contrapartida, a libertação de palestinos. Como exemplo, o advogado cita que, em 1985, a Organização pela Libertação da Palestina (OLP) conseguiu a liberdade para 1083 ativistas em troca de quatro soldados.

Com o acordo de Oslo, houve negociações e quase todos os presos palestinos foram liberados. Porém, Israel ainda manteve cerca de 300 prisioneiros, considerados uma ameaça muita grande à segurança do Estado sionista. O número de detidos, porém, voltou a crescer – ainda que lentamente – já que a ocupação também persistiu. “Ao mesmo tempo, os prisioneiros políticos palestinos começaram a ter conhecimento dos seus direitos e a fazer sua própria luta contra a ocupação, dentro das cadeias, lutando contra sistema prisional israelense (IPS, sigla em inglês para Israel Prison Service). Usaram vários meios para melhorar as condições nas cadeias, fazendo valer direitos que são assegurados pelas leis internacionais – apesar de Israel desprezar todas as leis internacionais”, explica al-Amawi. Depois de setembro de 2000, com a eclosão da Segunda Intifada, o número disparou e voltou aos 11 mil de antes.

Condições

As condições em que os detentos são mantidos desrespeitam diversos acordos e tratados internacionais. Sem contar a própria arbitrariedade da prisão em si, dentro das cadeias há falta de assistência médica adequada, impedimento de continuidade dos estudos, tortura física e psicológica, isolamento total – proibindo inclusive a visita de familiares – e até mesmo uso de prisioneiros como cobaias para a indústria farmacêutica israelense. De acordo com a advogada Sahar Francis, diretora da organização Adameer, 85% dos presos passam por torturas em interrogatórios ou no decorrer do encarceramento. Israel possui uma lei, de 1987, feita pela Comissão Landau, designada pela Suprema Corte do país, permitindo o “uso moderado de pressão física e psicológica” por parte do serviço de inteligência (Shin Bet, também conhecido pelo acrônimo Shabak).

“As famílias, quando e se conseguem visitar, não podem levar nada, a não ser dinheiro ao preso. Nem produto de limpeza ou de higiene pessoal. Forçam o prisioneiro a comprar tudo dentro da própria prisão. E esses produtos, com preços mais caros do que o normal, são de uma única empresa israelense que tem um acordo com a IPS”, denuncia Francis.

Para a advogada, uma das formas mais cruéis de tortura psicológica é impedir que o preso veja sua família. Como as prisões estão em território israelense, a maioria dos parentes sequer pode transitar pelo território, a não ser que tenha uma permissão. “Há muitas restrições; se você é ex-prisioneiro, se você tem idade entre 16 e 45 anos, se já se envolveu em alguma atividade política, todas essas categorias impedem que a permissão seja concedida todo mês ou a cada três meses. Alegam questões de segurança”, conta. Ela cita o exemplo dos 750 prisioneiros que são de Gaza. Como há o bloqueio, não recebem qualquer visita desde junho de 2007.

Para entender:

Acordos de Oslo – Foi o primeiro acordo feito entre o Estado de Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), com início em1993. Dentre seus pontos principais, ficou estabelecido que Israel iria retirar suas tropas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, e que seriam criadas três áreas – A, B e C. A Área A seria de controle total da Autoridade Palestina; a Área B de controle civil pela ANP e controle militar pelo Exército de Israel; e a Área C sob controle total do governo de Israel. O acordo criou a Autoridade Nacional Palestina (ANP). Diversas organizações de esquerda rejeitaram o acordo ainda em 1993.

Publicado originalmente em Brasil de Fato

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Fidel escreve: O golpe arteiro à espreita

Reflexão de Fidel Castro publicada ontem, no Jornal Granma:

Terça-feira, 8 de junho, escrevi a Reflexão "No limiar da tragédia" em horas do meio-dia, mais tarde vi o programa televisivo "Mesa-Redonda" de Randy Alonso, que se divulga normalmente às 18h30.
Nesse dia, destacados e prestigiosos intelectuais cubanos que participavam da Mesa, perante as agudas perguntas do diretor, responderam com eloquentes palavras que respeitavam grandemente minhas opiniões, mas que não acreditavam que haveria razão para que o Irã recusasse a possível decisão — já conhecida — que adotaria o Conselho de Segurança na manhã de 9 de junho, em Nova Iorque — sem dúvida alguma combinada entre os líderes das cinco potências com direito ao veto: os Estados Unidos, a Inglaterra e a França, com os da Rússia e da China.
Nesse instante, expressei às pessoas próximas que costumam acompanhar-me: "Lamento imenso não ter podido finalizar minha Reflexão expressando que ninguém desejava mais que eu estar enganado!", mas era já tarde, não podia retrasar seu envio ao site CubaDebate e ao jornal Granma.
No dia seguinte, às 10h, conhecendo que essa era a hora da reunião, pensei em sintonizar a CNN em espanhol, que com certeza daria notícias do debate no Conselho de Segurança. Pude assim escutar as palavras com que o presidente do Conselho apresentava um projeto de resolução, promovido dias antes pelos Estados Unidos, apoiado pela França, Grã-Bretanha e Alemanha.
Falaram também vários representantes dos principais membros envolvidos no projeto. A representante dos Estados Unidos explicou por que seu país aprovava isso, com o pretexto já sabido de sancionar o Irã por ter violado os princípios do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Por sua vez, o representante da Turquia, um de cujos navios foi vítima do brutal ataque das forças elites de Israel, que transportadas em helicópteros assaltaram na madrugada de 31 de maio a frotilha que levava alimentos para o milhão e meio de palestinos sitiados num fragmento de sua própria Pátria, manifestou a intenção de seu governo de se opor a novas sanções ao Irã.
A CNN, no espaço que dispunha para notícias, apresentou várias imagens de mãos erguidas, na medida em que expressavam com gestos visíveis sua posição, entre elas, a do representante do Líbano, país que se absteve durante a votação.
A presença serena dos membros do Conselho de Segurança que votaram contra a Resolução se expressou com a direita firme de uma mão de mulher, a representante do Brasil, que tinha exposto antes com tom seguro as razões pelas quais sua Pátria se opunha ao acordo.
Faltava ainda um monte de notícias sobre o tema; sintonizei a Telesur, que durante horas satisfez a incontável necessidade de informação.
O presidente Lula da Silva expressou na cidade de Natal, ao nordeste do país, duas frases lapidárias: que as sanções aprovadas eram impostas por "aqueles que acreditam na força e não no diálogo", e que a reunião do Conselho de Segurança "poderia ter servido para discutir o desarme dos que têm armas atômicas".
Nada de raro teria que tanto Israel quanto os Estados Unidos e seus estreitos aliados com direito ao veto no Conselho de Segurança, França e Grã-Bretanha, queiram aproveitar o enorme interesse que desperta o Mundial de Futebol para tranquilizar a opinião internacional, indignada pela criminosa conduta das tropas elites israelenses na Faixa de Gaza.
É, portanto, muito provável que o golpe arteiro se dilate algumas semanas, e inclusive, seja esquecido pela maioria das pessoas nos dias mais calorosos do verão boreal. Haveria que observar o cinismo com que os líderes israelenses responderão as entrevistas de imprensa nos próximos dias, onde serão bombardeados com perguntas. Oportunamente, eles irão elevando o rigor de suas exigências antes de apertar o gatilho. Anseiam repetir a história de Mossadegh em 1953, ou levar o Irã à idade de pedra, uma ameaça da qual gosta o poderoso império em seus tratos com o Paquistão.
O ódio do Estado de Israel contra os palestinos é tal, que não hesitaria em enviar o milhão e meio de homens, mulheres e crianças desse país aos crematórios nos que foram exterminados pelos nazistas milhões de judeus de todas as idades.
A suástica do Führer pareceria ser hoje a bandeira de Israel. Esta opinião não nasce do ódio, mas sim do sentimento dum país que se solidarizou e prestou albergue aos judeus quando nos dias difíceis da Segunda Guerra Mundial, o governo pró-ianque de Batista tentou enviar de retorno à Europa um navio carregado deles, que escapavam da França, Bélgica e Holanda, por causa da perseguição nazista.
Conheci muitos membros da inúmera comunidade judaica radicada em Cuba, quando triunfou a Revolução; visitei-os e falei com eles várias vezes. Nunca os expulsamos de nosso país. As diferenças com muitos deles surgiram por ocasião das leis revolucionárias que afetaram interesses econômicos e, por outro lado, a sociedade de consumo atraia muitos, frente aos sacrifícios que implicava a Revolução. Outros permaneceram em nossa Pátria e, prestaram valiosos serviços a Cuba.
Uma etapa nova e tenebrosa abre-se para o mundo.
Ontem, às 0h44 falou Obama sobre o acordo do Conselho de Segurança.
Eis algumas notas do que expressou o presidente, tomadas da CNN em espanhol.
 "Hoje, o Conselho de Segurança da ONU votou por maioria a favor de uma sanção contra o Irã por seus  repetidos descumprimentos…".
"Esta resolução é a sanção mais forte que enfrenta o governo iraniano e envia uma mensagem inequívoca sobre o compromisso da comunidade internacional de frear a expansão das armas nucleares."
"Por anos, o governo iraniano descumpriu suas obrigações recolhidas no Tratado de Não-Proliferação Nuclear."
"Enquanto os líderes iranianos se escondem por trás de retórica, suas ações os comprometeram".
"De fato, quando tomei posse há 16 meses, a intransigência iraniana era forte".
"Oferecemos-lhes perspectivas dum melhor futuro se cumpria suas obrigações internacionais".
"Aqui não há duplo padrão".
"O Irã violou suas obrigações sob as resoluções do Conselho de Segurança para suspender o enriquecimento de urânio".
"Por isso, estas medidas tão severas".
"São as mais rigorosas que tenha enfrentado o Irã".
 "Isto demonstra a visão partilhada de que no Oriente Médio a ninguém convêm desenvolver estas armas".
Estas frases que selecionei de seu breve discurso são mais que suficientes para demonstrar quão fraca, débil e injustificável é a política do poderoso império.
O próprio Obama admitiu em seu discurso na universidade islâmica de Al-Azhar, no Cairo, que "em meio da Guerra Fria, os Estados Unidos desempenharam um papel na derrubada dum governo iraniano eleito democraticamente", apesar de que não disse quando nem com que propósitos. É possível que nem sequer se lembrasse como o levaram a cabo contra Mossadegh em 1953, para instalar no governo a dinastia de Reza Pahlevi, o xá do Irã, ao qual armaram até os dentes, como seu principal gendarme nessa região do Oriente Médio, onde o sátrapa acumulou uma imensa fortuna, derivada das riquezas petroleiras desse país.
Naquela época o Estado de Israel não possuía uma só arma nuclear. O império tinha um enorme e incontrastável poder nuclear. Então, os Estados Unidos pensaram na arriscada ideia de criar em Israel um gendarme no Oriente Médio, que hoje ameaça uma parte considerável da população mundial e é capaz de atuar com a independência e o fanatismo que o caracterizam.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

"Humor" preconceituoso israelense contra Lula

O programa "Latma News", de Israel, tenta ridicularizar o presidente brasileiro  por conta do bem sucedido acordo com o Irã.
Além do humor político duvidoso, descaradamente transparece o preconceito e a arrogância xenofóbica contra a América Latina e o Brasil, ao mostrarem um Lula caribenho rodeado por índias carnavalescas(?)
Preconceito que apresenta-se em formas mais raivosas nas sub-potências do hemisfério norte.
Agradecimentos ao direitoso que legendou o vídeo.



Israel: novo massacre humanitário?

Por Emir Sader

Os capítulos da história são tão claros, quanto dramáticos. Primeiro os judeus obtêm a aprovação da ONU para a construção do Estado de Israel. Para isso expulsam milhões de palestinos que ocupavam a região. Em seguida, aliados aos EUA, impedem que o mesmo direito, reconhecido igualmente pela ONU, seja estendido aos palestinos, com a construção de um Estado soberano tal qual goza Israel.

Depois, ocupação dos territórios palestinos, militarmente, seguida da instalação de assentamentos com judeus chegados especialmente dos países do leste europeu, recortando os territórios palestinos.

Não contentes com esse esquartejamento dos territórios palestinos, veio a construção de muros que dividem esses territórios, buscando não apenas tornar inviável a vida e a sustentabilidade econômica da Palestina, mas humilhar a população que lá resiste.

Há um ano e meio, o massacre de Gaza. A maior densidade populacional do mundo, cercada e afogada na sua possibilidade de sobrevivência, é atacada de forma brutal pelas tropas israelenses, com as ordens de que “não há inocentes em Gaza”, provocando dezenas de milhares de mortos na população civil, em um dos piores massacres que o mundo conheceu nos últimos tempos.

Não contente com isso, Israel continua cercando Gaza. Um ano e meio depois nem foi iniciado o processo de reconstrução, apesar dos recursos recolhidos pela comunidade internacional, porque a população continua cercada da mesma maneira que antes do massacre de dezembro 2008/janeiro 2009. As epidemias se propagam, enquanto remédios e comida apodrecem no deserto, do lado de fora de Gaza, cercada como se fosse um campo de concentração pelas tropas do holocausto contemporâneo.

Leia o restante  no Blog do Emir

terça-feira, 23 de março de 2010

Cuba, Israel e a dupla moral

Polícia cubana separando "Damas de Branco" da fúria da população

 Máquina militar de Israel atuando



Por Breno Altman

Tem sido educativo acompanhar, nos últimos dias, a cobertura internacional dos meios de comunicação, além da atitude de determinadas lideranças e intelectuais. Quem quiser conhecer o caráter e os interesses a que servem alguns atores da vida política e cultural, vale a pena prestar atenção ao noticiário recente sobre Cuba e Israel.

Na semana passada, em função de declarações do presidente Lula defendendo a autodeterminação da Justiça cubana, orquestrou-se vasta campanha de denúncias contra suposto desrespeito aos direitos humanos na ilha caribenha. Mas não há uma só matéria ou discurso relevante, nos veículos mais destacados, sobre como Israel, novo destino do presidente brasileiro, trata seus presos, suas minorias nacionais e seus vizinhos.

Vamos aos fatos. No caso cubano, Orlando Zapata, um pretenso “dissidente” em greve de fome por melhores condições carcerárias, preso e condenado por delitos comuns, foi atendido em um hospital público por ordem do governo, mas não resistiu e veio a falecer. Não há acusação de tortura ou execução extralegal. No máximo, insinuações oposicionistas de que o atendimento teria sido tardio – ainda que se possa imaginar o escândalo que seria fabricado caso o prisioneiro tivesse sido alimentado à força.

Mesmo não havendo qualquer evidência de que a morte do dissidente, lamentada pelo próprio presidente Raúl Castro, tenha sido provocada por ação do Estado, os principais meios e agências noticiosas lançaram-se contra Cuba com a faca na boca. Logo a seguir o Parlamento Europeu e o governo norte-americano ameaçaram o país com novas sanções econômicas.

Indústria do martírio
Outro oposicionista, Guilherme Fariñas, com biografia na qual se combinam muitos atos criminosos e alguma militância anticomunista, aproveitou o momento de comoção para também declarar-se em jejum. Apareceu esquálido em fotos que rodaram o mundo, protestando contra a situação nos presídios cubanos e reivindicando a libertação de eventuais presos políticos. Rapidamente se transformou em figura de proa da indústria do martírio mobilizada pelos inimigos da revolução cubana a cada tanto.

O governo ofereceu-lhe licença para emigrar a Espanha e lá se recuperar, mas Fariñas, que não está preso e faz sua greve de fome em casa, recusou a oferta. Seus apoiadores, cientes de que a constituição cubana determina plena liberdade individual para se fazer ou não determinado tratamento médico, o incentivam para avançar em sacrifício, pois não será atendido pela força até que seu colapso torne imperativa a internação hospitalar. Aliás, para os propósitos oposicionistas, de que grande coisa lhes valeria Fariñas vivo?

O presidente Lula tornou público, a seu modo, desacordo com a chantagem movida contra o governo cubano. Talvez fosse outra sua atitude, mesmo que discreta, se houvesse evidência de que a situação de Zapata ou Fariñas tivesse sido provocada por ato desumano ou arbitrário de autoridades governamentais. Para ir ao mérito do problema, comparou a atitude dos dissidentes com rebelião hipotética de bandidos comuns brasileiros. Afinal, ninguém pode ser considerado inocente ou injustiçado porque assim se declara ou resolva se afirmar vítima através de gestos dramáticos.

O silêncio da mídia
Sem provas bastante concretas que um governo constitucional feriu leis internacionais, é razoável que o presidente de outro país oriente seus movimentos pela autodeterminação das nações na gestão de seus assuntos internos. O presidente brasileiro agiu com essa mesma cautela em relação a Israel, país ao qual chegou no último dia 14, apesar da abundância de provas que comprometem os sionistas com violação de direitos humanos.

Mas as palavras de Lula em relação a Cuba e seu silêncio sobre o governo israelense foram tratados de forma bastante diversa. No primeiro caso, os apóstolos da democracia ocidental não perdoaram recusa do mandatário brasileiro em se juntar à ofensiva contra Havana e em legitimar o uso dos direitos humanos como arma contra um país soberano. No segundo, aceitaram obsequiosamente o silêncio presidencial.

A bem da verdade, não foram apenas articulistas e políticos de direita que tiveram esse comportamento dúplice. Do mesmo modo agiram alguns parlamentares e blogueiros tidos como progressistas, porém temerosos de enfrentar o poderoso monopólio da mídia e ávidos por pagar o pedágio da demagogia no caminho para o sucesso, ainda que ao custo de abandonar qualquer pensamento crítico sobre os fatos em questão.

Um observador isento facilmente se daria conta de que, ao contrário dos eventos em Cuba, nos quais o desfecho fatal foi produto de decisões individuais das próprias vítimas, os pertinentes a Israel correspondem a uma política deliberada por suas instituições dirigentes.

Sionismo e direitos humanos
A nação sionista é um dos países com maior número de presos políticos no mundo, cerca de 11 mil detentos, incluindo crianças, a maioria sem julgamento. Mais de 800 mil palestinos foram aprisionados desde 1948. Aproximadamente 25% dos palestinos que permaneceram em territórios ocupados pelo exército israelense foram aprisionados em algum momento. As detenções atingiram também autoridades palestinas: 39 deputados e 9 ministros foram sequestrados desde junho de 2006.

Naquele país a tortura foi legitimada por uma decisão da Corte Suprema, que autorizou a utilização de “táticas dolorosas para interrogatório de presos sob custódia do governo”. Nada parecido é sequer insinuado contra Cuba, mesmo por organizações que não guardam a mínima simpatia por seu regime político.

Mas o desrespeito aos direitos humanos não se limita ao tema carcerário, que é apenas parte da política de agressão contra o povo palestino. A resolução 181 das Nações Unidas, que criou o Estado de Israel em 1947, previa que a nova nação deteria 56% dos territórios da colonização inglesa na margem ocidental do rio Jordão, enquanto os demais 44% ficariam para a construção de um Estado do povo palestino, que antes da decisão ocupava 98% da área partilhada. O regime sionista, violador contumaz das leis e acordos internacionais, hoje controla mais de 78% do antigo mandato britânico, excluída a porção ocupada pela Jordânia.

Mais de 750 mil palestinos foram expulsos de seu país desde então. Israel demoliu número superior a 20 mil casas de cidadãos não judeus apenas entre 1967 e 2009. Construiu, a partir de 2004, um muro com 700 quilômetros de extensão, que isolou 160 mil famílias palestinas, colocando as mãos em 85% dos recursos hídricos das áreas que compõem a atual Autoridade Palestina.

Pelo menos seiscentos postos de verificação foram impostos pelo exército israelense dentro das cidades palestinas. Leis aprovadas pelo parlamento sionista impedem a reunificação de famílias que habitem diferentes municípios, além de estimular a criação de colônias judaicas além das fronteiras internacionalmente reconhecidas.

Dupla moral
São, essas, algumas das características que conformam o sistema sionista de apartheid, no qual os direitos de soberania do povo palestino estão circunscritos a verdadeiros bantustões, como na velha e racista África do Sul. O corolário desse cenário é uma escalada repressiva cada vez mais brutal, patrocinada como política de Estado.

Mas os principais meios de comunicação, sobre esses fatos, se calam. Também mudos ficam os líderes políticos conservadores. Nada se ouve tampouco de alguns personagens presumidamente progressistas, sempre tão céleres quando se trata de apontar o dedo acusador contra a revolução cubana.

Talvez porque direitos humanos, a essa gente de dupla moral, só provoquem indignação quando seu suposto desrespeito se volta contra vozes da civilização judaico-cristã, da democracia liberal, do livre mercado, do anticomunismo. Não foi sem razão que o presidente Lula reagiu vigorosamente contra o cinismo dos ataques ao governo de Havana.

Breno Altman é jornalista e diretor editorial do sítio Opera Mundi, de onde retirei esse artigo.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Israel procura restabelecer trabalho escravo

O governo israelense procura legalizar uma nova forma de exploração do trabalho dos imigrantes sem documentos que habitam o país.
A proposta pendente, tratada por um artigo do jornal Haaretz de 5 de novembro, fala por si e tem tudo em comum com as modernas formas de escravatura instituídas pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial (pagamento de um salário, não ao trabalhador, mas ao Estado, ou dedução de tais custos de alojamento e alimentação nesse salário que o trabalhador sempre acaba por ficar em dívida à empresa).


Leia a íntegra em Vermelho