terça-feira, 30 de março de 2010

Obama e a subversão em Cuba



Quando, em fevereiro, a administração Obama-Clinton enviou ao Congresso o projeto de orçamento para o ano fiscal de 2011, a partida do Departamento de Estado destinada a financiar a desestabilização em Cuba sofreu uma pequena diminuição em referência às cifras de anos anteriores. Os quase 20 milhões de dólares destinados a promover a democracia na Ilha somam somente 4.39% dos 456 que os Estados Unidos utilizarão para impulsionar ações encobertas e fortalecer a hegemonia do império na América Latina.
Apesar de que os fundos não incluem outras fontes de financiamento como as que de maneira mascarada são empregadas por outras agências federais, como a CIA e suas empresas fantasmas, a notícia alvoroçou à ‘gusanera’ que vive da indústria da contrarrevolução e ao grupo de congressistas cubano-estadunidenses que serve aos seus interesses mafiosos. Em particular, ao senador democrata por Nova Jersey, Robert Menéndez, e aos representantes republicanos Lincoln e Mario Díaz Balart e Ileana Ros Lehtinen (A loba feroz), todos com uma longa história de corrupção e envolvidos no golpe de Estado cívico-militar em Honduras como parte de uma rede ultradireitista manejada desde os sótãos da Casa Branca pelos velhos falcões Otto Reich, Roger Noriega e John Dimitri Negroponte, atual assessor de Hillary Clinton no Departamento de Estado.
Apesar do interesse da Casa Branca em não aparecer vinculada aos golpistas, e, em momentos em que setores ultraconservadores se fortalecem ante a débil e sinuosa administração Obama-Clinton, surgem cada vez mais dados sobre o papel legitimador de grupos da contrarrevolução cubana de Miami para respaldar financeiramente ao presidente interino Roberto Micheletti e entronizar, em seguida, a Porfirio Lobo em umas eleições sob estado de sítio.
Nessa conjuntura, os congressistas Ileana Ros, Bob menéndez y Lincoln Díaz Balart trabalharam arduamente para que setores do Capitólio recebessem enviados dos golpistas e lhes dessem seu reconhecimento. De fato, criou-se em Miami um denominado Comitê de Apoio à Democracia em Honduras, que serviu de camuflagem para encobrir os fundos utilizados para blindar a campanha de Porfirio Lobo a partir dos Estados Unidos e para que um grupo de contrarrevolucionários anticubanos viajasse a Honduras como observadores das eleições.
Segundo denunciou na época o jornal The New York Times, a campanha em Washington a favor do governo de fato custou uns 400 mil dólares em relações públicas e se considera que antes das eleições foram enviados a Porfirio Lobo ao redor de 100 mil dólares por parte de Bob Menéndez, um dos fieis representantes da máfia cubano-estadunidense no Capitólio, quem acaba de ser encontrado com as mãos na massa, ao ser revelado que em julho de 2009 ele interveio no Banco da Reserva Federal a favor de uma instituição bancária no limite da bancarrota, cujos diretores contribuíram para seu fundo de campanha ao Senado.
De acordo com The Wall Street Journal, Menéndez pressionou o president da Reserva Federal, Ben Bernanke, para que aprovasse a venda do First Bank Americano ao JJR Bank Holding Co., de Brick, Nova Jersey. Bernanke não seguiu a recomendação e o banco quebrou. O ex-prefeito mafioso de Union City, de 1986 até sua eleição como senador, em 1992, Menéndez converteu essa cidade em um paraíso do jogo ilegal, da extorsão, da fraude e da prostituição. Em outubro do ano passado, furioso pelo concerto de Juenes em Havana, tentou usar como refém a reforma de saúde de Obama para chantagear politicamente o presidente.
Segundo um informe de Public Campaign -organização que busca reduzir os grupos de interesse na política estadunidense-, como presidente de U.S. Cuba Democracy Public Action Commitee (PAC), um grupo de lobby anticubano, Menéndez foi um dos legisladores que mais doações recebeu. A investigação revela que o maior receptor de fundos dos mais abastados clãs familiares de cubano-estadunidenses da Flórida -que aspiram converter Honduras em uma alavanca para sabotar os processos da Venezuela, de Cuba e de Nicarágua e dos demais países da Aliança Bolivariana (Alba)- foi o representante republicano Lincoln Díaz Balart, que, desde 2004, recebeu mais de 366 mil dólares. Outros três grandes beneficiários do dinheiro dos doadores de linha dura foram seu irmão, Mario, Ileana Ros e John McCain, candidato republicano à presidência em 2008.
Carregado de dívidas e com sérios problemas econômicos, Lincoln Díaz Balart, sobre quem pesam serias acusações de corrupção ligadas com as empresas Locust USA, Mark Two Engineering, Hanger Orthopedic Group y Bacardi, anunciou em fevereiro passado que abandonará seu posto na câmara baixa do Congresso em janeiro de 2011 para dedicar-se aos negócios privados.
Filho do ex-viceministro do Interior da ditadura de Fulgencio Batista, o cachorro Díaz Balart manifestou sua intenção de explorar seu pedigree messiânico, o capital simbólico e o passado terrorista da organização contrarrevolucionária ‘La Rosa Blanca’, fundada por seu pai, frente a uma hipotética Cuba pós Castro. Seu aparecimento no cenário exibe sua aspiração de converter-se no Hamid Karzai (o obediente e corrupto presidente afegão) de Cuba, ante uma eventual mudança de sistema de corte estadunidense na Ilha.
Concluindo, cabe apontar que um dos compromissos contraídos por Porfirio Lobo com a máfia cubano-estadunidense e seus congressistas foi a saída de Honduras da Alba e do Petrocaribe, em colusão com o advogado de Bill Clinton e amigo próximo de Hillary, Lanny Davis o lobbista que conseguiu ‘branquear’ o atual governo de fato.


Publicado em espanhol em La Jornada (escrito por Carlos Fazio), traduzido e publicado em português por ADITAL

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