Uribe, em seus sete longos e tenebrosos anos na presidência, não tem feito mais do que inflamar o país na sua luta para exterminar a guerrilha bolivariana e o narcotráfico na Colômbia. Não conseguiu nem um nem outro.
O regime no poder não passa no teste, em nenhum dos indicadores sociais, políticos e de bem-estar social. As únicas matérias aprovadas com crescimento são os massacres, os assassinatos seletivos, a concentração da riqueza e a massificação da pobreza, já que os pobres agora são miseráveis.
Nesse contexto de conflito social, político e armado, a morte de um líder regional é uma morte do conflito social que vivemos, e não se pode descontextualizar, como uma morte da democracia como dizem alguns observadores. Não é uma morte da democracia já que simplesmente não vivemos nela.
Quando o presidente, comandante-em-chefe das Forças Armadas ordena resgate a sangue e fogo, não se pode esperar outro resultado.
No entanto, quem era governador do Departamento do Caquetá?
Quase 90% do país ignoram que o governador de Caquetá prestou depoimento no mês de março deste ano, na Fiscalia 11 de Bogotá devido aos seus laços com paramilitares. Mas isso nenhum meio de comunicação o diz.
Assim como 80% dos pecuaristas do país, o governador assassinado tinha estreitas ligações com os paramilitares, e está na origem da chegada dos
paramilitares na região. Quer dizer, participava do conflito armado, não era simplesmente um civil, como o discurso oficial o apresenta. Era um instigador e financiador dos paramilitarismo. Era um ator do conflito armado. Quando foi prefeito de Morelia, foi considerado o melhor prefeito não pela sua gestão, mas pelo seu compromisso contrainsurgente. No Departamento do Caquetá, todos conhecem a sua relações com os mafiosos e paramilitares distintos como Cristo Malom (Luis Alberto Medina Salazar), Leonidas Vargas, Micky Ramirez e Uriel Henao.
Seja quem for o autor do fato, o governador não era um santo. Participava ativamente na guerra, financiando os paramilitares. O governador não está protegido pelo Direito Internacional Humanitário, pois é membro das Instituições do Estado, é o comandante-em-chefe departamental das Forças Armadas e tinha compromisso com os grupos paramilitares.
Ninguém acredita no tom aflito de Uribe diante da morte do governador. Sobre suas cinzas vai ser reeleito como o Messias da fracassada política da "segurança democrática".
O ano de 2010, mesmo sem ter começado ainda, mostra-nos a magnitude que o conflito colombiano tomará se o próprio regime nega-se a uma solução política para o conflito social, político e armado que se vive na Colômbia.
É irresponsável para qualquer grupo de comunicação culpar alguém, seja um grupo ou individuo, sem conhecer os resultados de uma investigação séria. Os leitores devem se perguntar, como se perguntava Sir W. Churchill, para quem serve este morto? Muitos crimes na Colômbia, onde a impunidade é de 99%, continuam sem solução depois de permanecer 20 anos na mais completa impunidade, devido à paquidérmica e tendenciosa justiça colombiana. Não acreditamos que, em questão de horas, o presidente e seu regime tenham determinado que as Farc sejam as autoras do fato, sem mostrar sequer uma só prova.
Negamo-nos a acreditar na "verdade", construída a partir do discurso oficial de um regime mafioso e paramilitar que tornou o crime e a guerra suja como políticas de Estado.
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