quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Cidade francesa ergue estátua em bronze de Lênin e irrita direita


Uma estátua de Lênin, em bronze, com 850 quilos e mais de três metros de altura, foi uma das primeiras cinco estátuas a ser colocada, dia 18, na Praça do Século 20, na cidade de Montpellier, Sudeste de França. A praça será inaugurada em 17 de setembro.
Além de Lênin, haverás estátuas em homenagem ao socialista francês Jean Jaurès e aos ex-presidentes Franklin D. Roosvelt (EUA) e Charles de Gaulle (França), além do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Mas foi a presença do revolucionário russo que suscitou de imediato reações negativas da direita francesa — e até de setores supostamente da “esquerda”.

O presidente da região Languedoc-Roussillon, George Frêche, de quem partiu a iniciativa de consagrar um espaço público a figuras que marcaram o século 20, não se intimidou com as críticas. Em vez disso, rejubilou vendo na polêmica a garantia de que “a praça se tornará conhecida em toda a França”.

Quanto ao conteúdo dos ataques indignados vindos da direita sarkoziana (UMP), bem como dos Verdes que ameaçaram derrubar a estátua do fundador da União Soviética, este antigo dirigente socialista, expulso do partido em 2007 por comentários racistas, declarou: “Aquilo que dizem pessoas que não conhecem nada de história e confundem moral com política pouco me interessa.”

E acrescentou: “Em Lênin encontramos dois momentos luminosos: a Revolução de Outubro de 1917 e a descolonização, uma vez que 1917 mudou a face do mundo. Sem 1917, não haveria a descolonização de África, da Índia, da China e, de forma geral, do chamado mundo em vias de desenvolvimento”.

A ideia de colocar um monumento a Lênin nas ruas de Montpellier, cidade de que foi presidente de câmara entre 1977 e 2004, ocorreu a George Frêche no início de 2008, quando descobriu uma estátua do líder soviético nas ruas da cidade norte-americana de Seatlle, cujos proprietários pretendiam vender. Apesar de não se ter concretizado, devido ao alto preço exigido (mais de 200 mil euros) a que acresciam despesas de transporte, o projeto não foi abandonado e evoluiu para uma praça onde deverão caber 15 figuras do século passado.

Até ao final de 2011, o escultor François Cacheux deverá ter pronta uma segunda série de cinco estátuas, onde se incluem representações de Gandhi, Nelson Mandela, Golda Meier, Gamal Abdel Nasser e Mao Tsetung — nome que também já começou a ser contestado pelos direitistas franceses.

Frêche confessou o seu desejo de incluir a figura de Stálin neste panteão do século 20, mas viu-se obrigado a recuar: “A opinião pública não está ainda preparada para Stálin. Escolhê-lo seria interpretado como uma provocação da minha parte”, diz ele. “No entanto, também ele mudou o curso da história com a vitória em Stalingrado contra os alemães. Neste sentido, é um grande homem.”

Reproduzido do Vermelho e foto retirada do Daily Telegraph

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