Predomina na Europa a idéia da austeridade como solução para os desequilíbrios econômicos. Esta política está baseada na concepção de que o déficit fiscal é a causa da crise. Assim se oculta que esses saldos negativos nas contas públicas têm sua origem em governos que aportaram pacotes volumosos de resgate do sistema financeiro para evitar sua quebra. Com uma elevada cota de cinismo, os principais beneficiários desses planos bilionários de auxílios são agora os maiores críticos do que denominam políticas irresponsáveis e de esbanjamento dos governos. A Alemanha é hoje uma das principais defensoras dessa via.
Várias palavras identificam os militantes das políticas de ajuste sobre os grupos vulneráveis da sociedade, mas uma os delata sem possibilidade de dissimulação nestes tempos de crise internacional: “austeridade”. Diante da sucessão de descalabros sociais nas últimas décadas, mencionar o termo ajuste começou a provocar certa prevenção, embora não poucos economistas mantenham sua atitude fundamentalista de não ocultá-lo.
Outros preferiram evadir-se com habilidade desse selo de identidade do fracasso buscando uma via de escape no vocábulo “austeridade”, que encerra ainda um significado positivo para a maioria, embora tenha o mesmo conteúdo que o do ajuste. Esse conceito de austeridade socialmente aceito se vincula a essa concepção familiar que diz que “a poupança é a base da fortuna”. Mas para um Estado essa máxima implica restrições, visto que seu orçamento e influência no funcionamento da economia não tem nada a ver com a organização do orçamento familiar.
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