Há 30 anos era assassinado o operário Santo Dias da Silva. Sua história de vida e de morte representa a de muitos outros que ousaram lutar pela igualdade, justiça e liberdade em nosso país. Operário metalúrgico, líder sindical, militante do movimento popular, Santo Dias nasceu em 22 de fevereiro de 1942, na fazenda Paraíso, município de Terra Roxa, São Paulo. Desde ali começou sua luta. Expulso com sua família da colônia em que moravam, foi para a capital onde, como operário metalúrgico, logo se juntou às lutas de suas categoria.
Mas a situação de Santo não se ateve ao movimento operário. Militante de uma ala esquerda da Igreja Católica, era membro ativo das CEBs e dos movimentos de bairro que surgiram da ação desses grupos: lutas por transportes, escolas, melhorias na vilas de trabalhadores. Ao lado de sua companheira, Ana Maria do Carmo, liderança expressiva entre os clubes de mães, participou das coordenações do Movimento de Custo de Vida, entre 1973 e 1978. Envolveu-se, também, nas lutas dos trabalhadores rurais e do Comitê Brasileiro pela Anistia.
No ano de 1978, uma onda de greves em todo o ABC paulista e logo englobando os metalúrgicos da capital marcou forte ascensão do movimento operário. As greves impulsionaram a formações de comissões de fábrica e fortaleceram a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo. Santo Dias participou da chapa de Oposição que concorreu às eleições do sindicato em 1978.
Em agosto de 1979, depois de vários anos de intensa movimentação popular exigindo anistia aos presos políticos exilados, o governo edita a Lei de Anistia. Mas a luta por democracia , por justiça, contra a exploração não termina.
Na grande greve dos metalúrgicos de 1979, a Oposição dirige efetivamente a greve sem estar formalmente na direção do sindicato. Santo Dias é uma de suas lideranças. Os trabalhadores se organizavam por regiões da cidade, enfrentando forte repressão policial e dezeanas de prisões. No dia 30 de outubro, como parte do comando de greve, Santo Dias vai para um piquete na frente da fábrica Sylvânia onde, por ações violenta e brutal da polícia militar, é covardemente assassinado pelas costas.
Homenagem
Muitas emoções e lembranças marcaram a noite da terça-feira (27/10) na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. As mais de 100 pessoas presentes ao Auditório Franco Montoro puderam relembrar a história da militância de Santo Dias e prestar sua homenagem ao sindicalista.
O evento teve seu início às 19h, com uma apresentação musical, cujo tema das canções era a vida e a morte de Santo Dias. O MST e mais 19 entidades de movimentos sociais prestigiaram a solenidade que, além de lembrar os 30 anos da morte de Santo, tinha como objetivo homenagear importantes personalidades que dedicaram suas vidas à defesa dos direitos humanos e pela democratização do país. O MST também foi um dos homenageados.
(Com informações do CSDDH e da CUT)
Bacana saber mais sobre essa personalidade marcante na conquista de direitos.
ResponderExcluirEm Betim-MG há uma paróquia chamada Maria Mãe dos Pobres que conta com uma comunidade cuja padroeira é Nossa Senhora Aparecida, mas a orígem da comunidade reporta à atuação de Santo Dias e, por conseguinte, embora não seja o padroeiro oficial (até porque não sei se há processo de beatificação ou de canonização), acabou sendo o padroeiro oficioso. Todos só chamam o local de Comunidade Santo Dias.
Parabéns pela homenagem!
Fábio Luiz