terça-feira, 2 de junho de 2009

Vargas Llosa, o fanfarrão




Depois de fazer enorme alarde acerca do “perigo” de a Venezuela “tornar-se uma nova Cuba”, num encontro de direitistas da ala neoliberal realizado em Caracas e amplamente coberto pela mídia venezuelana, o escritor Mario Vargas Llosa “peida na farofa”(com o perdão da expressão gauchesca) e desiste de debate ao vivo com intelectuais socialistas.

Quem acompanhou, no último sábado, o principal programa noticioso do canal de TV privado da família Marinho (Jornal Nacional), viu o celetista, e cara de almofadinha, Márcio Gomes tendo a maior satisfação em anunciar que o presidente Hugo Chávez havia “desistido do desafio de debater com o escritor peruano”.


Depois dessa vergonhosa manipulação me obrigo a pontuar algumas coisas:Chávez, de fato, chamou para o debate todos os chamados intelectuais presentes no encontro de direitosos em Caracas.A intenção era fazer um debate com intelectuais socialistas no programa “Alô Presidente”.


Vargas Llosa se manifestou, proclamando que queria debater apenas com o presidente.

Chávez falou que ele primeiro deveria virar um presidente para debater com ele, e que a idéia é que Llosa, e sua turma, debatam com intelectuais de esquerda.


Llosa correu.

Não tenho dúvida de que Chávez, num debate ao vivo, poderia dar um laço em Llosa, cuja oratória não é grande coisa, por sinal,no entanto, apenas Chávez teria a perder com isso.


Llosa é pré-candidato nas eleições peruanas, já foi candidato a presidente em 1990.


A polarização política para 2010 no Peru é bem clara: Ollanta Humala, um militar de esquerda, muito popular, simpático ao bolivarianismo de um lado; e de outro, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente corrupto e assassino Alberto Fujimori.


Com a possibilidade fortíssima de Humala vencer as eleições, a direita peruana quer bancar uma alternativa à Keiko de qualquer jeito.
Nada melhor do que um confronto ao vivo com Hugo Chávez para servir de trampolim para a candidatura do escritor.
Uma bela quantidade de imagens prontas para serem editadas pela direita peruana.


Ainda bem que o presidente da Venezuela não deu essa de graça para o fanfarrão Llosa, e ainda o pegou em sua contradição; o oportunismo barato e apologético.

Llosa poderá debater à vontade, com compatriota Ollanta Humala em 2010, pode falar o que quiser, para tentar barrar a maré bolivariana em seu país e realizar seu projeto pessoal.

Llosa Facts


  • Llosa e seu filho trabalharam na primeira campanha de Alejandro Toledo à presidência do Peru.
  • Llosa trabalha para o jornal, de Miami, Nuevo Herald, cuja linha editorial é venenosamente opositora ao governo de Cuba, inclusive tinha jornalista que recebia direto do governo americano trabalhando por lá.
  • Boa parte das críticas, que Llosa fez ao presidente venezuelano, o levariam à cadeia, caso fossem dirigidas, por exemplo, ao rei da Espanha no território deste país cuja democracia é exaltada por Llosa.


Confira a resposta de Hugo Chávez:

Um comentário:

  1. Seria bem interessante esse debate. E acho que Chávez não vai dar nenhum banho em Llosa. O problema é que Chávez não ouve. Impossível discutir com ele. No 1 FSM se tentou uma discussão entre os fóruns de Davos e Porto Alegre. No início tudo ia bem até que dona Hebe Bonafini pegou o microfone e chamou o GEorge Soros de assassino. Chávez faz igual, ele naõ vai além, ele não quer discutir, ele paira na superfície. E joga o jogo do populismo, do discurso fácil e medíocre a la Galeano que teve a grande sacada de colocar num livro tudo o que a gente gostaria de ler. Não somos culpados de nada, toda a nossa miséria é culpa da exploração dos países ricos... Assim faz Chávez, ele joga esse jogo fácil para uma platéia de ignorantes que o aplaude e vaia o adversário....

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