segunda-feira, 5 de julho de 2010

PT se alia à oligarquia Sarney contra sua própria base no MA

 Campo majoritário do PT "Construindo um novo Brasil", com os velhos oligarcas (?)


Por Eduardo Sales de Lima

“Há um sentimento de enorme angústia na militância que tomou uma decisão por maioria no encontro estadual [do Maranhão], cumprindo todas as regras, com o acompanhamento rigoroso da direção nacional.” Essa frase é do membro da executiva estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) do Maranhão, Márcio Jardim. Ele e inúmeros outros militantes maranhenses da legenda foram forçados a aceitar a aliança do grupo político do qual pertencem com a oligarquia Sarney. O acordo prevê o apoio petista à candidatura de Roseane Sarney (PMDB) ao governo do Maranhão, em troca da transferência da influência política do presidente do Senado, José Sarney (PMDB/AP), para a campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República.

Para os petistas do estado, tão grave quanto a decisão do diretório nacional foi a forma como se sucederam os fatos. No dia 27 de março, o PT estadual realizou um encontro que decidiu pelo apoio ao candidato do PCdoB ao governo do Maranhão, Flávio Dino. Porém, no dia 11 de junho, o diretório nacional anunciou o apoio à candidatura de Roseana.

Como os delegados petistas maranhenses vetaram, por maioria, qualquer apoio à candidatura de Roseana, estabeleceu-se um grande impasse político dentro do partido. Ainda no dia 11, o deputado federal Domingos Dutra (PT/MA) e o líder camponês Manoel da Conceição, um dos mais importantes fundadores do partido no estado, de 75 anos, iniciaram greve de fome contra a decisão do diretório nacional. O protesto foi encerrado na madrugada do dia 18, após negociação com o diretório nacional.

Segundo Márcio Jardim, da executiva maranhense do partido, o acordo para a suspensão da greve de fome conferiu a autonomia reivindicada pelos militantes e candidatos petistas do Maranhão. Ele garante que, agora, os candidatos petistas do estado estarão livres e legitimados para expressar apoio à Flávio Dino. Houve um convite, inclusive, para que o candidato comunista criasse um comitê de campanha no interior da sede do PT estadual. Jardim não descarta, contudo, que problemas futuros relacionados a questões de fidelidade partidária possam ocorrer e tenham que ser analisados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

De seu lado, o TSE, apesar do veto estadual, validou a aliança do PT com a candidatura de Roseana ao governo do Maranhão. Isso porque as diretrizes tomadas no 4º Congresso Nacional do PT, ocorrido em fevereiro, estabeleceram que é de competência da direção nacional a deliberação, em última instância, sobre as questões de tática de alianças nos estados. “É um ato incontestável porque foi uma decisão do diretório nacional, com o direito dado pelo 4º Congresso Nacional do PT para tomar essa decisão”, afirma o secretário nacional de organização do PT, Paulo Frateschi.

Dessa forma, juridicamente, inexistem problemas em relação à aliança entre o PT e a oligarquia Sarney. Mas, para a militância maranhense, mais importante que questões jurídicas são as éticas e políticas.
 
Publicado originalmente em Brasil de Fato

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