Pragmatismo pouco é bobagem
Deixando de lado a irreverência arrolada no finado Negritude Junior, clássico grupo do pagode paulista da década de 1990, o vereador e apresentador de TV Netinho fala em tom sóbrio, próprio de quem acaba por incorporar os meandros da política.
"Quem acompanha a minha carreira sabe que tem uma contribuição social que me credencia, sim, para opinar no processo político". Sobre seu ingresso no PCdoB, inicialmente criticado por setores da sigla, diz:
"Eu fui aceito no partido para aprender os ideais e construir um comunismo brasileiro, nós não estamos no PCdoB discutindo o comunismo de Lênin, de Marx, de séculos passados".
Confira a entrevista:
Terra Magazine - Como foi o processo de lançamento da sua candidatura ao Senado?
Netinho de Paula - Foi um processo interno normal em todos os partidos. Eles apuram por meio de pesquisas e acabam indicando aos cargos que interessam. E isso sempre foi um desejo meu desde que eu entrei no partido e fui eleito vereador. Sabia que estar na Câmara de São Paulo seria um grande aprendizado para o futuro, e em função do que eu venho fazendo nos últimos três anos na Câmara, o partido achou por bem indicar meu nome a essa vaga.
Por que o Senado?
Porque eu acho que o Senado é uma Casa que tem questões primordiais para o País, mas eu acho que o Senado carece de um olhar mais "social". Ele é composto por uma elite política e por pensadores muito tradicionais e, ao meu ver, está carente de renovação. Então ao meu ver é uma grande oportunidade para contribuir através da minha visão social e da minha experiência de vida.
Acredita que, ao dar esse salto, tenha chances de ser eleito de fato já nesta eleição? Ou será uma candidatura para somar forças?
Na minha trajetória, na minha vida, eu nunca brinquei com nada. Tudo que eu faço eu busco fazer com seridade e eu acho que tenho muitas chances, sim, tendo em vista que esta será uma disputa para duas vagas (no Senado). E eu tô muito feliz e empolgado, tanto pela pesquisa Ibope quanto pela do Datafolha, que, sem me ter como candidato, apontou 22% de intenção de voto (em Netinho). Isso insipirou o PCdoB a não encarar o meu desejo como um devaneio, tendo em vista que eu sou recém chegado à política. Ter três, quatro anos na política e disputar um cargo majoritário é realmente uma responsabilidade muito grande.
Como você encara as críticas de que não tem experiência para se lançar a um cargo como esse? Ou então de que você "não é comunista" e está "usando" o partido?
Eu acho que todos podem se manifestar. É normal. Eu nunca tive base comunista, nem na minha família. Eu fui aceito no partido para aprender os ideais e construir um comunismo brasileiro, nós não estamos no PCdoB discutindo o comunismo de Lênin, de Marx, de séculos passados. Nós estamos tentando tratar os comuns através do que o Estado tem possibilidade de dispor a esses comuns. Essas análises de que "nunca foi comunista"... (risos) É muito difícil você achar quem é comunista ou esquerdista hoje no Brasil, então isso não vem ao caso. Tem alguns comentários que são mais levianos; tem gente que gosta, que não gosta. Isso é natural, pessoa pública está exposta a isso.
E como pretende trabalhar sua biografia pra chegar ao Senado? Existe uma imagem sua já associada ao Negritude Júnior... para alguns eleitores essa imagem não pode ser contraditória com o cargo de senador?
Eu não acho, o Negritude foi o primeiro grupo musical dos anos 80 e 90 que defendia uma bandeira social. O nome Negritude foi para a TV, nas nossas músicas a gente falava de questões sociais, e não só de amor. Nós fomos o primeiro grupo em São Paulo a presidir uma ONG, na época em que ONG não era moda. Montamos o projeto Negritude na Cohab, que atendia mais de 1,5 mil crianças. Fui para um programa de TV e tratei de questões sociais abertamente na Televisão, dando voz a essas pessoas. Quem acompanha a minha carreira sabe que tem uma contribuição social que me credencia, sim, para participar, opinar no processo político.
E...
Claro, vai ter gente falando "esse cara é um pagodeiro!", muitos não sabem (o que eu fazia). Mas a grande maioria sabe do meu compromisso, dos meus planos. Tinha a TV da Gente que era uma tentativa de provocar as demais TVs com a questão social. Então se quiserem me tratar como um "pagodeiro"...
Como se fosse algo pejorativo...
É, mas as pessoas elitistas têm por princípio rotular, e no Senado, que acaba lidando com questões das mais altas esferas, isso acaba mexendo com todo tipo de gente.
Ainda em relação a sua imagem pública, acredita que episódios como a briga com sua mulher e a briga com o repórter do Programa Pânico podem afetar na campanha?
(risos) Podem sim, mas você tem que colocar também aí que quando eu tinha 7 anos eu briguei com um menino na escola porque ele beliscou minha bunda. Eu sou uma pessoa normal, nunca tive a pretensão de ser perfeito. Tenho defeitos, tenho virtudes e espero que desses dois episódios da minha vida, outros dez tenham sido superiores a eles.
E você ainda tem o pessoal da Cohab pra te ajudar...
(risos) Não é só da Cohab não. As pessoas entendem que se a gente quer dar melhor qualidadade de vida para os mais pobres, os ricos também irão se beneficiar disso. Política tem que servir para isso: melhorar a qualidade de vida dos mais necessitados, e é por isso que eu entrei na política. Se o pessoal da Cohab achar que eu sou uma pessoa que pode discutir essas questões, vou ficar muito feliz. Se a audiência do meu programa - que tem 24% de telespectadores de classe A e B - achar que sou essa pessoa, eu também vou ficar muito feliz.
Essa entrevista foi dada ao Terra Magazine, o site Vermelho, do PCdoB publicou a entrevista, no entanto, extirpou a parte em que fala sobre o "comunismo de Lenin e de Marx".
Flexibilidade na tática e rigidez em que mesmo?
Sim, o Marxismo de Stalin!
ResponderExcluirQue horror. Ainda por cima não perdem os cacoetes stalinistas de censura. Podiam mudar o nome do partido. De comunista só sobrou o nome.
ResponderExcluirCom um pouco de boa vontade dá pra entender o que ele disse.Nao sei pra que tanto alarido
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