Acaba de sair ‘Tocaia’, coletânea de histórias em quadrinhos produzidas por Gilberto Maringoni, entre 1989 e 2002. São 14 narrativas curtas, publicadas em lugares diversos, como CartaCapital, Kyx-93, Lúcifer, Metal Pesado, Panacéia, Front (todas no Brasil), Fluide Glacial (França), Orme (Itália), Seleções BD (Portugal) e ConSequencias (Espanha). Os trabalhos foram realizados enquanto o autor desenvolvia atividades de jornalista, chargista, editor gráfico, pesquisador e militante político.
Muito por essas características, Maringoni, colaborador de Carta Maior, exibe neste livro uma variedade de traços e de estilos nas várias histórias, que transitam para temas de aventura para humor, com uma narrativa ligeira e enxuta. Na apresentação do álbum, ele explica que tal miscelânea “expressa momentos diversos, pesquisas formais e estéticas distintas e expectativas variadas”.
O lançamento será no dia 13 de outubro (terça-feira), das 18:30 às 21:30 horas, na livraria Martins Fontes, Av. Paulista, 509 (em frente ao metrô Brigadeiro), em São Paulo.
Abaixo, segue a orelha do livro:
O AUTOR DA CILADA
Fernando Paiva, jornalista em São Paulo
“A grande contribuição de Minas Gerais para a cultura universal é a tocaia. A tocaia é uma homenagem à vítima. Morre sem aviso prévio, delicadamente, se possível desconhecendo o autor da cilada.” Assim falava Otto Lara Resende (1922-1992), um dos maiores frasistas brasileiros. À diferença de Otto, o autor deste livro não é mineiro – nasceu em São Paulo em 19XX. Mas não deixa de prestar com esta Tocaia uma homenagem a todos que amamos histórias em quadrinhos. Apenas não morremos sem aviso prévio. Nós, os tocaiados, sabemos direitinho quem é o autor da cilada. Um matador de enorme talento chamado Gilberto Maringoni.
Pois é, talento. Esta antiga moeda grega jamais faltou na algibeira do menino que, desde Bauru, no interior paulista, onde foi criado, zanzava pelo hangar do aeroclube local xeretando o cockpit de Paulistinhas e Aeroboeros. Claro, havia ainda as matinês no cine XXXXX, obrigatoriamente precedidas pela troca de gibis da época – Águia Negra, Nick Holmes, Combate, Capitão Marvel. Havia também a inesquecível coleção A Segunda Guerra Mundial, da editora Codex. Ela era ansiosamente espera da na banca para que o moleque conferisse na terceira e na quarta capas do fascículo quais as armas da semana.
Podia ser, por exemplo, um Messerschmitt BF-109 ou um Supermarine Spitfire, esses dois antípodas aéreos da Segunda Guerra que Maringoni copiou vezes sem fim, como todos os que se tornaram grandes ilustradores. Some-se a tudo isso uma voracidade pela leitura dos grandes clássicos de aventura – A Ilha do Tesouro, Vinte Mil Léguas Submarinas, Ben-Hur, Moby Dick, O Último dos Moicanos, Ivanhoé, Dom Quix ote, Três Escoteiros em Férias no rio Paraná, O Bugre-do-Chapéu-de-Anta – e pronto: eis aí a matéria de que os grandes quadrinistas são feitos.
Claro que nosso herói não poderia se contentar com tão pouco. Resolveu fazer arquitetura na FAU-USP e ainda tirou brevê de planador. Mesmo assim, se confessa – vejam como é insondável a alma humana – um arquiteto e um piloto frustrados. Está certo, convenhamos: Maringoni não é nenhum Niemeyer e muito menos um Chuck Yeager (dois de seus ídolos, aliás). Não projetou Brasília nem foi o primeiro a quebrar a barreira do som. Mas em matéria de tocaia gráfica e outras estórias, bota qualquer jagunço rosiano no chinelo. E quem duvidar que venha armado.
Tocaia e outros quadrinhos
Gilberto Maringoni
Devir Livraria
116 páginas, cor e p&b
45 reais
Muito por essas características, Maringoni, colaborador de Carta Maior, exibe neste livro uma variedade de traços e de estilos nas várias histórias, que transitam para temas de aventura para humor, com uma narrativa ligeira e enxuta. Na apresentação do álbum, ele explica que tal miscelânea “expressa momentos diversos, pesquisas formais e estéticas distintas e expectativas variadas”.
O lançamento será no dia 13 de outubro (terça-feira), das 18:30 às 21:30 horas, na livraria Martins Fontes, Av. Paulista, 509 (em frente ao metrô Brigadeiro), em São Paulo.
Abaixo, segue a orelha do livro:
O AUTOR DA CILADA
Fernando Paiva, jornalista em São Paulo
“A grande contribuição de Minas Gerais para a cultura universal é a tocaia. A tocaia é uma homenagem à vítima. Morre sem aviso prévio, delicadamente, se possível desconhecendo o autor da cilada.” Assim falava Otto Lara Resende (1922-1992), um dos maiores frasistas brasileiros. À diferença de Otto, o autor deste livro não é mineiro – nasceu em São Paulo em 19XX. Mas não deixa de prestar com esta Tocaia uma homenagem a todos que amamos histórias em quadrinhos. Apenas não morremos sem aviso prévio. Nós, os tocaiados, sabemos direitinho quem é o autor da cilada. Um matador de enorme talento chamado Gilberto Maringoni.
Pois é, talento. Esta antiga moeda grega jamais faltou na algibeira do menino que, desde Bauru, no interior paulista, onde foi criado, zanzava pelo hangar do aeroclube local xeretando o cockpit de Paulistinhas e Aeroboeros. Claro, havia ainda as matinês no cine XXXXX, obrigatoriamente precedidas pela troca de gibis da época – Águia Negra, Nick Holmes, Combate, Capitão Marvel. Havia também a inesquecível coleção A Segunda Guerra Mundial, da editora Codex. Ela era ansiosamente espera da na banca para que o moleque conferisse na terceira e na quarta capas do fascículo quais as armas da semana.
Podia ser, por exemplo, um Messerschmitt BF-109 ou um Supermarine Spitfire, esses dois antípodas aéreos da Segunda Guerra que Maringoni copiou vezes sem fim, como todos os que se tornaram grandes ilustradores. Some-se a tudo isso uma voracidade pela leitura dos grandes clássicos de aventura – A Ilha do Tesouro, Vinte Mil Léguas Submarinas, Ben-Hur, Moby Dick, O Último dos Moicanos, Ivanhoé, Dom Quix ote, Três Escoteiros em Férias no rio Paraná, O Bugre-do-Chapéu-de-Anta – e pronto: eis aí a matéria de que os grandes quadrinistas são feitos.
Claro que nosso herói não poderia se contentar com tão pouco. Resolveu fazer arquitetura na FAU-USP e ainda tirou brevê de planador. Mesmo assim, se confessa – vejam como é insondável a alma humana – um arquiteto e um piloto frustrados. Está certo, convenhamos: Maringoni não é nenhum Niemeyer e muito menos um Chuck Yeager (dois de seus ídolos, aliás). Não projetou Brasília nem foi o primeiro a quebrar a barreira do som. Mas em matéria de tocaia gráfica e outras estórias, bota qualquer jagunço rosiano no chinelo. E quem duvidar que venha armado.
Tocaia e outros quadrinhos
Gilberto Maringoni
Devir Livraria
116 páginas, cor e p&b
45 reais
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