A atriz Leandra Leal comenta, em seu Blog, o despejo de 800 famílias que ocupavam uma área abandonada em Capão Redondo, região da zona sul da capital paulista:
Como dizer algo nesse mundo de merda?
Cheguei de um final de semana em Porto Alegre, onde apresentamos a peça Vestido de Noiva. Mas nem quero falar disso agora. Acordei cansada, na minha vidinha, na minha casa, esquentei a comida e liguei a tv. Jornal. Toda a loucura política do Senado ou de um suposto encontro, todo o perigo de uma epidemia de gripe, tudo o que na última semana me foi revoltante, preocupante, se tornou espalhafatoso e pouco real. As imagens que seguiram as notícias de um dia em Brasília sem novidades concretas, cheio de discursos e comentários, me deixaram sem saber o que fazer, triste e impotente. Hoje 800 famílias foram despejadas a força no Capão Redondo em São Paulo.
800 famílias, o que representa no mínimo 2000 pessoas, foram retiradas de suas casas sem direitos.
Eu realmente não consigo entender como isso não é um escândalo, como nenhum Senador estava lá, ninguém.
A luta pela casa, por esse direito natural, que é garantido pela constituição, deveria ser apoiado pelo Governo. Não estou propondo nenhuma insanidade, nem um crime a nossa tão cara propriedade privada. O que eu questiono é qual o foco desse Governo? Nem o Prefeito dessa cidade, nem o Governador, nenhum Juíz, ninguém foi capaz de pensar ou sentir o que são 800 famílias sem terem onde dormir hoje? Agora? Ninguém com poder de decisão, de solução, nessa São Paulo, nessa maior e mais rica cidade brasileira, não pensou em resolver isso de outra forma? Despejo forçado? Essa violência é aceitável?
Um terreno de 14 mil metros quadrados, que pertence a uma única empresa ( Viação Campo Limpo), abandonado há 20 anos, devendo mais de 7 milhões ao INSS, é ocupado por 800 famílias ao longo de dois anos, eu pergunto: o Estado não poderia negociar com o proprietário essa divida e comprar esse terreno? Urbanizar a área? Ajudar a essa ocupação a se organizar?
O Governo de São Paulo está do lado de quem? Como algum governante deixa que 800 famílias sejam despejadas sem terem para onde ir? Sem oferecer carta de crédito, auxílio moradia, nada? Como o Governo permite que se queime o pouco que aquelas famílias tinham? Quando essa prática foi considerada aceitável dentro de uma democracia? Para onde essas pessoas foram?
Amanhã vou ver mais uma matéria sobre o risco da gripe suína, mais um alerta e todo mundo já comprou seu álcool gel? Mas ninguém vai falar sobre o que aconteceu aquelas pessoas, ninguém vai explicar como um processo desses pode ocorrer, ninguém vai questionar como um despejo violento, sem negociação, resultando na expulsão de 800 famílias acontece em 1 dia.
Para ler mais: Blog Alice me Persegue
Como dizer algo nesse mundo de merda?
Cheguei de um final de semana em Porto Alegre, onde apresentamos a peça Vestido de Noiva. Mas nem quero falar disso agora. Acordei cansada, na minha vidinha, na minha casa, esquentei a comida e liguei a tv. Jornal. Toda a loucura política do Senado ou de um suposto encontro, todo o perigo de uma epidemia de gripe, tudo o que na última semana me foi revoltante, preocupante, se tornou espalhafatoso e pouco real. As imagens que seguiram as notícias de um dia em Brasília sem novidades concretas, cheio de discursos e comentários, me deixaram sem saber o que fazer, triste e impotente. Hoje 800 famílias foram despejadas a força no Capão Redondo em São Paulo.
800 famílias, o que representa no mínimo 2000 pessoas, foram retiradas de suas casas sem direitos.
Eu realmente não consigo entender como isso não é um escândalo, como nenhum Senador estava lá, ninguém.
A luta pela casa, por esse direito natural, que é garantido pela constituição, deveria ser apoiado pelo Governo. Não estou propondo nenhuma insanidade, nem um crime a nossa tão cara propriedade privada. O que eu questiono é qual o foco desse Governo? Nem o Prefeito dessa cidade, nem o Governador, nenhum Juíz, ninguém foi capaz de pensar ou sentir o que são 800 famílias sem terem onde dormir hoje? Agora? Ninguém com poder de decisão, de solução, nessa São Paulo, nessa maior e mais rica cidade brasileira, não pensou em resolver isso de outra forma? Despejo forçado? Essa violência é aceitável?
Um terreno de 14 mil metros quadrados, que pertence a uma única empresa ( Viação Campo Limpo), abandonado há 20 anos, devendo mais de 7 milhões ao INSS, é ocupado por 800 famílias ao longo de dois anos, eu pergunto: o Estado não poderia negociar com o proprietário essa divida e comprar esse terreno? Urbanizar a área? Ajudar a essa ocupação a se organizar?
O Governo de São Paulo está do lado de quem? Como algum governante deixa que 800 famílias sejam despejadas sem terem para onde ir? Sem oferecer carta de crédito, auxílio moradia, nada? Como o Governo permite que se queime o pouco que aquelas famílias tinham? Quando essa prática foi considerada aceitável dentro de uma democracia? Para onde essas pessoas foram?
Amanhã vou ver mais uma matéria sobre o risco da gripe suína, mais um alerta e todo mundo já comprou seu álcool gel? Mas ninguém vai falar sobre o que aconteceu aquelas pessoas, ninguém vai explicar como um processo desses pode ocorrer, ninguém vai questionar como um despejo violento, sem negociação, resultando na expulsão de 800 famílias acontece em 1 dia.
Para ler mais: Blog Alice me Persegue
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