terça-feira, 14 de julho de 2009

Há 55 anos morria Frida Kahlo, uma das maiores artistas do século 20

Frida Kahlo tinha tudo para ter uma vida inexpressiva e vazia. Quando criança não se interessava por artes, teve poliomielite com 6 anos de idade, que lhe prejudicou a perna esquerda e lhe deu o apelido de perna de pau, com 18 anos sofreu um acidente que lhe deixou acamada e com dores por toda a vida e mesmo assim se tornou uma das pessoas mais icônicas e importantes do século 20.

Ela nasceu em Coyacan, subúrbio da Cidade do México, em 6 de julho de 1907, filha de um imigrante húngaro e uma mexicana mestiça. Devido à poliomielite, inovou costumes usando calças e depois os vestidos exóticos que se tornaram sua marca registrada. Seu sonho era ser médica e estudou com afinco para isso na Escuela Nacional Preparatória, um dos melhores colégios do México. Era uma das 35 mulheres entre o total de 2.000 alunos. Foi lá que Kahlo travou os primeiros contatos com as ideias socialistas e fez parte de um grupo chamado "Cachuchas", que mais tarde teria uma importância cultural proeminente naquele país.

Em setembro de 1925, ao retornar da escola com um amigo, sofreu um terrível acidente quando o ônibus em que viajava colidiu com um trem, matando muitas pessoas. Devido aos ferimentos, Frida passou acamada por vários meses e para se distrair passou a pintar autorretratos que acabaram por dominar seu futuro repertório artístico. A revolução mexicana, que estava acontecendo na época, influenciou o trabalho da artista, já que punha a arte nativa indígena no mesmo patamar da importada da Europa (no caso, espanhola).

Em 1928, um pouco mais recuperada, Frida retomou contato com seus antigos colegas de Escuela e um deles, 21 anos mais velho, o pintor Diego Rivera, se encantou com seu trabalho e a encorajou a continuar pintando. Os dois acabaram se casando em 21 de agosto de 1929 e Kahlo se juntou ao partido comunista mexicano.

Rivera era especialista em pintar murais, muitos deles encomendados pelo governo e, quando o presidente cortou os fundos para esse tipo de trabalho e começou a perseguir inimigos políticos, entre eles os socialistas, o casal se mudou para os Estados Unidos, morando por quatro anos em São Francisco, Nova York e Detroit. Kahlo engravidou duas vezes, mas por decorrência do acidente de 1925, perdeu os bebês. A dor da impossibilidade de ser mãe foi refletida em alguns quadros, como Henry Ford Hospital e Meu Nascimento, ambos de 1932.

Com a queda da ditadura no México e o fim dos patrocinadores na América, Rivera e Frida voltaram ao país em 1934. O casal levava uma vida alternativa, Frida, por exemplo, colecionava amantes mulheres. Rivera até aceitava essa opção da esposa, mas não permitia que ela tivesse casos com outros homens. Acontece que o pintor também tinha suas amantes e, em 1935, Frida descobriu que ele mantinha relações com sua irmã, Cristina Kahlo. Por conta da traição, Frida abandona o marido e, mesmo reatando com o casamento no final daquele mesmo ano, as relações entre eles nunca mais foram as mesmas. Rivera continuou a dar suas escapadas e o mesmo fez Frida. Retornando ao cenário político, o casal peticionou ao presidente Lazaro Cárdenas que desse asilo ao líder soviético Leon Trotsky - que morou com Frida e Diego entre 1937 a 1939. Dizem que Trotsky e Frida tiveram um tórrido caso.

Foi através de Trotsky que Frida foi apresentada ao surrealista francês Andre Breton, que, encantado com o estilo da artista, facilitou sua primeira exposição fora do México, mais especificamente em Nova York. A exibição foi um sucesso tremendo e mais da metade das obras foram vendidas, o que aliviou Frida do encargo de depender do marido. Em 1939, ela foi convidada para ir a Paris e com a ajuda de Marcel Duchamp montou sua segunda exposição. Kahlo odiou a cidade e achou que os surrealistas eram esnobes e intelectuais demais. Além disso, às véperas da Segunda Guerra Mundial, a Europa não estava muito voltada às artes. Dessa época destacam-se Meus Avôs, Meus Pais e Eu e O Suicídio de Dorothy Hale.

Retornando ao México, Frida decidiu se separar de Diego e voltou para a casa dos pais, "A Casa Azul", como é conhecida até hoje. O desespero do divórcio inspirou-a a criar duas obras: As Duas Fridas e Autorretrato com Cabelo Cortado. A separação novamente não durou muito e os dois se casaram novamente em 1940. A Guerra na Europa levou a uma redescoberta americana pelo México e a popularidade de Frida aumentou consideravelmente, assim como a quantidade de exposições de suas obras.

Em 1942, além de ser eleito membro do Seminário de Cultura Mexicana, instituição criada para promover a cultura do país, Frida foi contratada pela Escola de Pintura e Escultura, onde passou a lecionar. Sua saúde, porém, começou a declinar, ainda refletindo o acidente de ônibus. As dores nas costas e no corpo a obrigam a ficar em casa e a usar um colete de aço. Esse sofrimento está em obras como Coluna Partida, de 1944, e o Cervo Ferido, de 1946.

Nos anos 50, mesmo passando por uma série de operações, sua saúde deteriorou-se, obrigando-a a ficar em uma cadeira de rodas e, por fim, confinada em uma cama. Entre seus últimos trabalhos estão Autorretrato com Retrato do Dr. Farill (Farill era o médico que a operou), e Autorretrato com Stalin. Em 13 de julho de 1954, depois de contarir pneumonia, Frida Kahlo faleceu na casa onde nasceu. Atendendo a um pedido seu, o corpo foi cremado e as cinzas ainda se encontram na "Casa Azul", hoje um museu em sua homenagem. Em 2002, a atriz e diretora mexicana Salma Hayek levou às telonas a biografia da pintora no premiado filme Frida.

Pescado do Terra

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