González é um antiterrorista cubano que foi preso e condenado injustamente nos Estados Unidos por "espionagem" a serviço de uma "nação inimiga do povo estadunidense". Cuba nega que tanto René como os outros quatro que compõe "os cincos" antiterroristas presos no Império são espiões profissionais como, por exemplo, são os agentes da CIA (serviço de espionagem estadunidense) ou do Mossad (serviço de espionagem de Israel). Afirma que a missão deles, nos Estados Unidos, eram apenas informarem às autoridades cubanas de antemão, sobre planos terroristas de grupos de extrema-direita da Flórida, evitando assim, que estes continuassem se materializando na ilha. A história dos "cincos" é contada no livro, Os últimos soldados da guerra fria, do escritor brasileiro Fernando Morais, recentemente lançado no Brasil. Libertado este mês, René está em um regime de liberdade supervisionada por três anos, proibido de voltar à Cuba.
Mesagem ao povo cubano por René González
Estas palavras são para meu povo, a quem as devo desde o dia em que sai do cárcere e que não puderam ser enviadas pelas circunstâncias que rodeavam a necessidade de que tivéssemos uma viagem segura antes de que pudesse redigi-las.
É difícil, realmente, dirigir-se a um povo que se quer tanto e do qual tanto me sinto parte, através de um vídeo [abaixo, em espanhol] , porém necessitava comunicar-me com vocês e dizer-lhes quanta gratidão temos por tudo o que fizeram, explicar-lhes que nos sentimos extremamente acompanhados pelas milhares de mensagens, pelas cartas dos jovens, de todos os coletivos de trabalho e de estudo que desde Cuba e do mundo nos enviaram suas mensagens, o apoio que nunca nos faltou e que nos alimentou em todos estes anos de injustiça, que já são demasiados.
Para mim este momento de felicidade que compartilhamos é, sensivelmente, um parênteses na história de agressões que, todavia, não conheceu ainda seu ápice de justiça. O fato de que eu esteja agora fora do cárcere somente significa que se esgotou uma avenida de abusos aos quais havia sido submetido; porém, ainda temos quatro irmãos que devemos resgatar e que necessitamos que estejam junto a nós, com seus familiares; que estejam entre vocês dando-lhes o melhor de si e que não permanecem nestes lugares onde são prisioneiros, onde se levantam, se despertam a cada manhã, vão a um refeitório onde não deviam comer, andam com gente com as quais não deveriam andar, e realmente devemos seguir com esta luta para tirar-lhes desta situação o mais urgente possível.
Para mim isto é somente mais uma trincheira, um lugar novo em que vou seguir lutando para que se faça justiça e os Cinco possam regressar para junto de vocês.
Quero mandar uma saudação especial aos familiares dos outros quatro irmãos, que realmente me comoveram através de sua alegria. Realmente toca profundamente o coração quando se fala com uma pessoa pelo telefone, que tem seu filho preso, seu esposo preso, e recebe a minha liberdade como se fosse a liberdade de um ente querido seu. A mim, isso realmente comove e me torna mais comprometido; devemos seguir lutando porque eles não merecem estar onde estão.
A todo meu povo, a todos os que nestes anos nos acompanharam em todo o mundo, e que foram milhares, através dos quais pudemos pouco a pouco ir rompendo este bloqueio informativo, rompendo o silêncio que as grandes corporações da imprensa fizeram e continuam a fazer sobre o caso, lhes estendo, de parte dos Cinco, meu mais profundo agradecimento, meu compromisso de seguir-lhes representando como merecem, que em definitiva instância é o que estamos fazendo, porque não somos somente Cinco, somos um povo inteiro que resiste durante 50 anos, e graças a isso é que todavia ainda resistimos, porque nos inspiramos em vocês, porque sabemos que os representamos e nunca lhes vamos a falhar e sempre estaremos a altura do que vocês merecem.
Um abraço para todos.
Os Cinco os querem bem onde quer que estejamos.
Fonte: Diário da Liberdade