terça-feira, 30 de março de 2010

Obama e a subversão em Cuba



Quando, em fevereiro, a administração Obama-Clinton enviou ao Congresso o projeto de orçamento para o ano fiscal de 2011, a partida do Departamento de Estado destinada a financiar a desestabilização em Cuba sofreu uma pequena diminuição em referência às cifras de anos anteriores. Os quase 20 milhões de dólares destinados a promover a democracia na Ilha somam somente 4.39% dos 456 que os Estados Unidos utilizarão para impulsionar ações encobertas e fortalecer a hegemonia do império na América Latina.
Apesar de que os fundos não incluem outras fontes de financiamento como as que de maneira mascarada são empregadas por outras agências federais, como a CIA e suas empresas fantasmas, a notícia alvoroçou à ‘gusanera’ que vive da indústria da contrarrevolução e ao grupo de congressistas cubano-estadunidenses que serve aos seus interesses mafiosos. Em particular, ao senador democrata por Nova Jersey, Robert Menéndez, e aos representantes republicanos Lincoln e Mario Díaz Balart e Ileana Ros Lehtinen (A loba feroz), todos com uma longa história de corrupção e envolvidos no golpe de Estado cívico-militar em Honduras como parte de uma rede ultradireitista manejada desde os sótãos da Casa Branca pelos velhos falcões Otto Reich, Roger Noriega e John Dimitri Negroponte, atual assessor de Hillary Clinton no Departamento de Estado.
Apesar do interesse da Casa Branca em não aparecer vinculada aos golpistas, e, em momentos em que setores ultraconservadores se fortalecem ante a débil e sinuosa administração Obama-Clinton, surgem cada vez mais dados sobre o papel legitimador de grupos da contrarrevolução cubana de Miami para respaldar financeiramente ao presidente interino Roberto Micheletti e entronizar, em seguida, a Porfirio Lobo em umas eleições sob estado de sítio.
Nessa conjuntura, os congressistas Ileana Ros, Bob menéndez y Lincoln Díaz Balart trabalharam arduamente para que setores do Capitólio recebessem enviados dos golpistas e lhes dessem seu reconhecimento. De fato, criou-se em Miami um denominado Comitê de Apoio à Democracia em Honduras, que serviu de camuflagem para encobrir os fundos utilizados para blindar a campanha de Porfirio Lobo a partir dos Estados Unidos e para que um grupo de contrarrevolucionários anticubanos viajasse a Honduras como observadores das eleições.
Segundo denunciou na época o jornal The New York Times, a campanha em Washington a favor do governo de fato custou uns 400 mil dólares em relações públicas e se considera que antes das eleições foram enviados a Porfirio Lobo ao redor de 100 mil dólares por parte de Bob Menéndez, um dos fieis representantes da máfia cubano-estadunidense no Capitólio, quem acaba de ser encontrado com as mãos na massa, ao ser revelado que em julho de 2009 ele interveio no Banco da Reserva Federal a favor de uma instituição bancária no limite da bancarrota, cujos diretores contribuíram para seu fundo de campanha ao Senado.
De acordo com The Wall Street Journal, Menéndez pressionou o president da Reserva Federal, Ben Bernanke, para que aprovasse a venda do First Bank Americano ao JJR Bank Holding Co., de Brick, Nova Jersey. Bernanke não seguiu a recomendação e o banco quebrou. O ex-prefeito mafioso de Union City, de 1986 até sua eleição como senador, em 1992, Menéndez converteu essa cidade em um paraíso do jogo ilegal, da extorsão, da fraude e da prostituição. Em outubro do ano passado, furioso pelo concerto de Juenes em Havana, tentou usar como refém a reforma de saúde de Obama para chantagear politicamente o presidente.
Segundo um informe de Public Campaign -organização que busca reduzir os grupos de interesse na política estadunidense-, como presidente de U.S. Cuba Democracy Public Action Commitee (PAC), um grupo de lobby anticubano, Menéndez foi um dos legisladores que mais doações recebeu. A investigação revela que o maior receptor de fundos dos mais abastados clãs familiares de cubano-estadunidenses da Flórida -que aspiram converter Honduras em uma alavanca para sabotar os processos da Venezuela, de Cuba e de Nicarágua e dos demais países da Aliança Bolivariana (Alba)- foi o representante republicano Lincoln Díaz Balart, que, desde 2004, recebeu mais de 366 mil dólares. Outros três grandes beneficiários do dinheiro dos doadores de linha dura foram seu irmão, Mario, Ileana Ros e John McCain, candidato republicano à presidência em 2008.
Carregado de dívidas e com sérios problemas econômicos, Lincoln Díaz Balart, sobre quem pesam serias acusações de corrupção ligadas com as empresas Locust USA, Mark Two Engineering, Hanger Orthopedic Group y Bacardi, anunciou em fevereiro passado que abandonará seu posto na câmara baixa do Congresso em janeiro de 2011 para dedicar-se aos negócios privados.
Filho do ex-viceministro do Interior da ditadura de Fulgencio Batista, o cachorro Díaz Balart manifestou sua intenção de explorar seu pedigree messiânico, o capital simbólico e o passado terrorista da organização contrarrevolucionária ‘La Rosa Blanca’, fundada por seu pai, frente a uma hipotética Cuba pós Castro. Seu aparecimento no cenário exibe sua aspiração de converter-se no Hamid Karzai (o obediente e corrupto presidente afegão) de Cuba, ante uma eventual mudança de sistema de corte estadunidense na Ilha.
Concluindo, cabe apontar que um dos compromissos contraídos por Porfirio Lobo com a máfia cubano-estadunidense e seus congressistas foi a saída de Honduras da Alba e do Petrocaribe, em colusão com o advogado de Bill Clinton e amigo próximo de Hillary, Lanny Davis o lobbista que conseguiu ‘branquear’ o atual governo de fato.


Publicado em espanhol em La Jornada (escrito por Carlos Fazio), traduzido e publicado em português por ADITAL

segunda-feira, 29 de março de 2010

Serra infiltra polícia secreta nos movimentos sociais


Esta foto, mais do que um quase caráter poético, teria um conteúdo político fortíssimo contra o governo de José Serra, postulante da direita à presidência da república.

Teria, se o governo Serra não optasse por queimar seu agente infiltrado na passeata dos professores paulistas em troca de não deixar essa imagem tornar-se um símbolo da violência de sua prática política.

A grande mídia, rapidamente, desmentiu a "foto do professor carregando a PM ferida" e esclareceu de que se tratava de um "policial à paisana".

Para um incauto, seria um policial de folga que estava transitando pelo local quando percebeu a confusão e correu para salvar a colega.

Para este Blog, trata-se de mais um caso de infiltração da polícia nos movimentos sociais, operada por um governo de estado com práticas fascistas.

Alguém lembra deste sujeito abaixo?


Há quase 1 ano, numa  manifestação de servidores públicos gaúchos contra governo Yeda Crusius, esse elemento tirava fotos dos manifestantes.

Detalhe: usava um crachá falso da Agência Carta Maior.
Surpreendido por pessoas que conheciam o pessoal da agência de notícias, ficou constrangido e saiu de fininho.

Polícia secreta infiltrada nos movimentos sociais.

Isso só expressa o déficit democrático que vivenciamos no Brasil.


O Partisan publica comentários com mais detalhes sobre o caso de SP.

O Blog do Comandante da PMSP, segue orientação de Serra e queima seu agente, em prol de não conceder bônus político à oposição.

Carta Maior, em reportagem de 2009, comenta incidente com repórter falso.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Entrevista com Carlos Latuff


Esta charge sensacional é do artista brasileiro Carlos Latuff, que faz arte engajada; apoia a Revolução Cubana e defende a Causa Palestina.
Seu posicionamento o fez ser ameaçado até pela direita israelense.

Socializo com vocês uma entrevista dele de 2006, dada ao Fazendo Média.

O sobrenome Latuff é tão característico que esse despojado artista, por vezes, nem se lembra que seu primeiro nome é Carlos. O traço dinâmico e carregado de crítica também define sua identidade. Na página israelense ligada ao Likud, partido israelita de direita, ele foi definido como disseminador de uma ideologia genocida, que envia mísseis de ódio por meio de seus cartuns. É tratado como um homem altamente perigoso, tudo isso por questionar a opressão contra palestinos. Um ativista de 37 anos, sorridente e corajoso, defensor ferrenho dos direitos humanos. Sem maiores molduras, Latuff é um cartunista. É anticapitalista.
Leia abaixo a entrevista concedida a Gilka Resende e Raquel Junia para o Fazendo Media.

Você pode falar um pouco sobre sua militância e sobre sua rotina de criação?
 
Comecei na imprensa sindical em 1990, mas não por uma questão de militância. Foi por falta de espaço para trabalhar. Eu tinha saído de uma agência de propaganda em 1989 e batia nas portas procurando lugar para trabalhar. Naquela época eu não tinha nenhuma preocupação ideológica, trabalharia para quem me pagasse, só que como eu não tinha panela nem padrinho, não tinha acesso à grande mídia. Então eu ia batendo em sindicato, em associação, em federação, até que descobri esse filão do movimento sindical e comecei a trabalhar em 1990. Em 1996, depois de um documentário que vi na televisão sobre os zapatistas, eu me solidarizei com aquela luta, simpatizei com a causa e achei que poderia apoiá-la produzindo imagens que pudessem ser utilizadas não só por eles, mas pela base de apoio deles no mundo. Essa foi a primeira experiência que eu tive na produção de arte em apoio a uma causa. Hoje, tenho duas vertentes. Uma é o meu trabalho profissional, pelo qual recebo para desenhar. Esses são feitos para a imprensa sindical, em que os jornalistas me ligam e me explicam a pauta. Como faço isso há muito tempo, já sai na urina. Já o outro viés é o da militância. São temas como o do povo palestino, o iraquiano, os sem-terra, os sem-teto, para as rádios livres, para o Grito dos Excluídos, para a Telesul. Sempre que eu posso, eu colaboro com essas causas. Não cobro nada. Precisou, eu desenho.

Você teve retorno dos zapatistas?
 
O retorno deles mais interessante que tive foi quando convidaram dois membros da Frente Zapatista para falar na Uerj. Aí eu pensei: "Caraca! Tem zapatista na Uerj! Vou lá ver os caras! Aí eles estavam na Associação de Docentes da Uerj. Quando entrei na sala, estavam dois zapatistas, um deles era o Javier Elorriaga, ele estava fumando um cachimbo. Eu tinha levado algumas cópias de uns desenhos, aí falei assim: "com licença, eu sou Latuff...". O nome não bateu a princípio. Aí continuei falando: "eu apoio a causa de vocês...". Ele só balançava a cabeça e dizia: "Uhum...". Aí eu disse: "pois é, eu trouxe aqui uns desenhos que eu mando para vocês...". Quando ele olhou o desenho, ele arregalou os olhos e disse: "Você que é o Latuff!". Aí ele levantou, me abraçou...

Por que se identificou com a causa dos zapatistas?
 
Quando você tem um seguimento ou um povo inteiro sob opressão, ou vítima de injustiça, e quando esse povo resolve se levantar contra isso, é uma coisa que me é muito cara. Eu respeito muito essas manifestações de resistência popular e a identifiquei no movimento zapatista. Além de ser um movimento de resistência, o movimento zapatista tem uns elementos românticos que resgatam muito do que se perdeu, do que se entendia como a utopia socialista. Aquilo tudo em plena era da globalização, do muro que caiu, das pessoas dizendo que não havia mais as utopias, do Fukuyama dizendo que a história havia acabado, aí me aparece não em uma universidade, não em um local burguês, aparece um movimento no meio da selva Lancadona, em Chiapas, no sul do México. Então, aquilo me emocionou muito e pensei que a única maneira que eu tinha para apoiá-los daqui era produzindo arte. Aí a internet tornou possível que essas imagens não só chegassem a eles, mas às pessoas do mundo todo.

Você não concede entrevistas à grande imprensa e já declarou que nunca a sua arte poderia ser publicada na mídia corporativa. Gostaria que você falasse um pouco sobre isso.
 
Pois é. Eu tenho para mim que não dá para confiar na imprensa corporativa. Primeiro porque eu tive várias experiências decepcionantes. Aliás, eu vou substituir o termo grande imprensa por mídia corporativa, porque grande imprensa enche muito a bola deles. Normalmente, o artista é muito suscetível à mídia, ele tem um ego inflado e é muito fácil comprá-lo com holofote, entrevista... Eu vou citar dois exemplos de experiências que tive. Uma foi quando eu fiz um grafite sobre a violência policial na Cidade de Deus, naquele muro onde espancaram moradores, em 1997. A mídia inteira cobriu, apareceu no Jornal Nacional, na revista Caras... A mídia inteirinha cobriu aquela porra!

Qual era a mensagem do grafite?
 
"Violência policial não". O desenho mostrava um PM com um pedaço de pau para dar nas costas de um morador encostado na parede. Uma repórter do Aqui e Agora (programa policial do SBT) me entrevistou e depois eu fui ver na televisão a reportagem. Ela falou o seguinte na televisão: "o cartunista Latuff passou três dias e três noites sem dormir depois de ter visto as imagens de agressão policial na TV". Eu nunca havia dito isso, em momento algum! Ou seja, ela criou aquilo para causar sensação, eu não disse aquilo. A partir daí eu já comecei a pensar que tinha alguma coisa errada, mas tudo bem. Depois eu voltei a essa questão em 1999 quando fiz uma série de charges sobre a violência e corrupção policial. Aí o RJTV me ligou, e eu fiquei deslumbrado: "que legal, o RJTV quer falar comigo!" Ainda naquele deslumbramento idiota com a mídia. Aí me chamaram para dar entrevista lá dentro do Jardim Botânico. Me levaram para uma sala, me trataram muito bem, a jornalista fez perguntas pertinentes, foi tudo muito bom. Mas aí é que é a questão, o problema não é o jornalista, o jornalista pode ser muito legal, pode ser muito bacana, gente boníssima, mas tem um cara atrás dele que eu não vejo, que é o editor. Esse sujeito é que vai fuder com a minha vida. Porque eu posso até colocar o meu gravador junto do gravador da repórter, mas o problema vai ser qual é o contexto em que eles vão inserir aquilo que eu vou dizer, esse é o problema. E não tem como ter controle sobre isso. Então, quando eu voltei para casa, fui ver a matéria. Deram a parte que eu falei. Mas aí vem o contexto, assim que eu acabei de falar, eles entrevistaram um policial. E aí o policial falou: "com isso aqui ele está infringindo o artigo tal, tal, tal". Depois que ele acabou de dizer isso, veio um repórter falando mais sobre o artigo e o âncora fechou a matéria dizendo: "a pena para esse crime é de tanto a tantos anos de cadeia". Ou seja, mudou totalmente o enfoque, eu passei a ser um filho da puta, um criminoso. Qual era a mensagem para o telespectador? Meu amigo, você quer se manifestar da mesma maneira, veja o que pode acontecer, você pode ir para a cadeia! Ou seja, não dá para confiar nessa gente. Então, depois daquilo ali, eu pensei que realmente não dava mais para confiar, mas ainda assim não tinha caído a ficha. Um dia, já em dois mil e pouco, depois que eu participei de um evento midiático em São Paulo, a MTV veio me procurar. Eles iam lançar um programa chamado "Buzina MTV" com um tal de Cazé Peçanha. Aí novamente o meu olho brilhou: "ah, que legal, a MTV, eu vou aparecer no horário nobre!". O produtor do programa me ligou, eles iam estrear me entrevistando. Aí eu pensei: "puta, é do caralho!". Ele falou comigo no telefone e eu fiquei de dar uma resposta. Depois eu pensei o que é a MTV. A MTV é o carro-chefe da indústria fonográfica e cinematográfica internacional, isso aí não é nem a mídia corporativa, é o Grande Irmão! Porra, eu fazer o quê? Vou associar o meu trabalho a uma indústria? Vou transformar o meu trabalho em uma garrafa de coca-cola? Nos intervalos eles vão mostrar as curvas da Cicarelli, vão pedir para você comprar um All Star, beber coca-cola e ouvir MP3 player da Macintosh. Aí nesse momento é que veio a inspiração, o divino Espírito Santo, Deus me falou e eu falei para o produtor que não iria participar do programa por esses motivos. Então, desde aquele momento eu não dou mais entrevista para a grande imprensa.



Publicamos aqui no fazendomedia.com artigo com a ameaça contra você feita pelo partido israelense Likud. A ameaça foi feita na página eletrônica do partido?
 
Primeiro, uma coisa que precisa ser colocada claramente é que esse site não é o oficial do Likud, mas um site associado ao Likud. Então, o que é dito no site Likudnik, que foi onde publicaram esse artigo, corresponde ao pensamento do partido porque se não correspondesse não estaria lá.

Eles diziam que seus desenhos são anti-semitas. São?
 
Não. O que é ser anti-semita? Primeiro a gente tem que definir o que é anti-semitismo. Vocês sabem definir isso em uma palavra?

Ser anti-judeu?
 
É. Pois é, correto, anti-judeu. Ser anti-judeu significa ou atacar a religião, ou atacar a raça, ou seja, é uma questão objetiva ao povo judeu. Desde 1999, que foi quando eu viajei aos territórios ocupados, até os dias de hoje, nenhum dos meus cartuns ataca o judaísmo ou o povo judaico. Porque o meu interesse é em relação à ocupação dos territórios palestinos e ponto final. É isso! O meu interesse é esse, a minha discussão é essa. Qualquer outra discussão sobre judaísmo, sobre raça, não me diz respeito. A minha questão é o povo palestino. Aí você pode até dizer: "não, mas tem charges suas em que aparecem a Estrela de Davi e o Menorah, que são objetos da religião judaica". Correto. Só que esses objetos foram transformados em símbolos nacionais quando Israel foi fundada. A bandeira de Israel é a Estrela de Davi com duas barras azuis em cima e embaixo. A culpa não é minha se Israel, apesar de se dizer democracia, se parece com uma teocracia. Então, se eu quiser representar o Estado de Israel com um símbolo nacional eu vou utilizar um símbolo religioso por extensão. Se eu desenho, por exemplo, um avião de combate e coloco nele uma Estrela de Davi, eu não estou sendo anti-semita, não estou fazendo um ataque à religião, porque de fato os veículos militares de combate usam a Estrela de Davi. Então, sou anti-semita? Não. Porque o meu ponto não é o povo, a religião, as tradições, a minha questão é a opressão dos palestinos. Se essa pergunta fosse feita em outro contexto, de uma outra maneira, eu mandaria o jornalista tomar no cu, porque já era para terem entendido há muito tempo que a minha crítica tem a ver com a Palestina.

Essa é uma confusão que geralmente as pessoas fazem...
 
É. E os que defendem Israel promovem essa confusão, é proposital. É preciso associar toda a crítica ao Estado de Israel, ao anti-semitismo, ao racismo... Porque é uma maneira de desmoralizar o argumento.

Como você vê a relação entre Estados Unidos e Israel?
 
Israel é um satélite estadunidense no Oriente Médio. Então, evidentemente, eles endossam integralmente o que Israel fizer. Se Israel hoje jogar uma arma nuclear no Irã, os Estados Unidos já têm uma desculpa na manga para dar. Ontem um jornalista do Contraponto me perguntou: "ah, mas o que você acha do holocausto?". O caso do holocausto é um tabu, gerou-se em torno dele um tabu quase religioso, então você não pode discuti-lo, você pode discutir qualquer outro massacre em torno do mundo, mas não o holocausto. Mas essa para mim não é uma discussão mais importante. Não vejo nenhuma dificuldade em acreditar que existiu, o ser humano realmente é capaz de fazer essas atrocidades. Mas o que eu falei para o cara do Contraponto foi o seguinte: os mortos do holocausto estão mortos, eles se foram. A gente tem que se preocupar agora com os vivos, com os holocaustos que estão a caminho, em progresso, é com isso que a gente tem que se preocupar.

Quais são os atuais holocaustos?
 
Quando a África, por motivos econômicos, é impedida de ter acesso em larga escala a medicamento gratuito contra a Aids, isso para mim é um holocausto. Porque isso não é uma catástrofe da natureza, não é um tsunami, são motivos econômicos que impedem que aquelas pessoas sejam tratadas em larga escala. Inclusive, teve aquele filme, O Jardineiro Fiel, que fala sobre essa questão. Milhões de pessoas indo para o saco porque existem interesses corporativos por trás; isso para mim é o holocausto. Mas não é o holocausto de câmaras de gás, então chama menos atenção, e não é no Ocidente, é na África, ninguém se importa se morre um milhão de pessoas na África. 500 mil pessoas foram mortas a golpe de facão em Ruanda e não dão a mínima.


Você está correndo risco de vida?
 
Todo mundo que decide se levantar contra o establishment, seja aqui ou lá fora, corre risco de um jeito ou de outro. Esse risco pode ser a sua reputação, pode ser a sua vida, pode ser o seu trabalho, de um jeito ou de outro. Defender a Palestina tem sido realmente perigoso para muita gente, tem sido custoso, porque esse lobby pró-Israel se encontra em todo lugar. Eles usam dos expedientes mais sujos para difamar, para atacar, para derrubar seus argumentos. Mas eu dei a minha palavra para um palestino que conheci em Ebrom, seu Adris, eu sempre cito isso. O meu compromisso é com os palestinos, eu não estou preocupado com o que vai acontecer comigo. Pode vir um lunático, me encontrar na rua e me balear, porque aquele site, associado ao Likud, convocou as pessoas a tomarem medidas contra mim. O De Olho na Mídia disse que deveriam me processar. Processem! Seria muito boa essa discussão no tribunal, seria ótimo! Eu queria que eles me provassem no tribunal como é que o trabalho que eu faço é racista, por que ele é racista? Mas o interesse deles não é o tribunal, é o ataque moral, é desmoralizar. Eu realmente não estou preocupado com o que vai acontecer comigo. Estou com aquela tranqüilidade da Irmã Dorothy. Aliás, eu usei uma frase no meu MSN que era o seguinte: prefiro morrer como a irmã Dorothy do que viver como a Hebe Camargo. Então, se for para ser assassinado, que seja. Não vou mudar em nada a minha rotina, o que eu penso, o que eu faço, vou continuar defendendo, seja no tribunal, seja numa entrevista, sempre estarei defendendo o povo palestino. É mais fácil me matarem do que eu mudar de idéia. Agora, uma coisa que eu acho genial é que não faz diferença eu estar vivo ou morto. Porque os meus trabalhos estão espalhados pelo mundo inteiro, eles não dependem da minha existência.


É esse o poder da arte?
 
Os desenhos estão espalhados pelo mundo todo. Eles são vistos na Coréia do Sul, nos Estados Unidos, na América Latina, na Europa, no Mundo Árabe. Um jornalista do Cairo me falou: "Latuff, o seu desenho do Che Palestino está em todo lugar na Cisjordânia". Uma menina palestina que mora na Suécia me falou: "Latuff, eu estive na Palestina e vi uma coisa muito popular que eles vendem lá, uns chaveirinhos, com uns desenhos seus". Então, fudeu o barraco! Não há nada que os caras possam fazer. Eu já atingi o meu objetivo. Quando eu conheci o Seu Adris, em Ebrom, aquele palestino, eu falei para ele: "Prometo para o senhor, quando eu voltar para o Brasil eu vou fazer o que estiver ao meu alcance para defender a luta do povo palestino". Tudo o que eu queria hoje era encontrar com o Seu Adris e falar: "tá aqui, Seu Adris, eu não quebrei a minha promessa nem com o senhor, nem com o seu povo". Eu quero apoiar o mais fraco, eu quero apoiar a vítima, e quem é ocupado é vítima, não tem essa! Essa experiência do Likud foi muito interessante. A imprensa foi pautada pela imprensa alternativa. A Folha Online publicou a respeito disso, mas não porque eu dei entrevista, eu neguei entrevista tanto para a Folha Online quanto para O Globo Online. A Folha, inclusive, citou isso: "a Folha procurou o cartunista e recebeu um e-mail suscinto: 'não dou entrevista para a grande imprensa'". Publicou isso. Mas eles fizeram a matéria, como? Eles pegaram da Nova Economia, que é um blog da imprensa alternativa. A imprensa alternativa tem pautado a grande imprensa, muita gente está sabendo sobre esse incidente por conta da imprensa alternativa. Esse fato, além de ter sido divulgado pela imprensa sindical, a imprensa de esquerda, ele tem sido divulgado em sites de comunicação, de jornalismo, de quadrinhos, ou seja, esse assunto transcendeu a seara da esquerda, da militância, ele está chegando a quem lê quadrinhos.

Latuff, já chegando ao fim...
Nós estamos caminhando para o fim. Estamos mesmo.

Você aponta alguma solução?
 
A solução é o fim do capitalismo. Não existe outra possibilidade. Ou você trabalha pelo social, pelo ser humano, pela vida em comunhão, ou vai todo mundo para o saco. Não tem condição de todo mundo só consumir, consumir, consumir... Vai ter uma hora que o mundo não vai dar conta. A lógica capitalista é a grande responsável por isso, em que só o mercado importa. Em nome do capital, as pessoas matam. Em nome do capital, remédios são negados à população. Os direitos humanos são negados em nome do capital. Florestas são devastadas em nome do capital. Os rios são poluídos em nome do capital. Culturas são subjugadas em nome do capital. Enfim, fazem o que quiserem em nome do capital. Enquanto o capital falar mais alto que o social, o ser humano vai estar em risco. Enquanto o mercado dirigir a nossa vida, nós estaremos condenados. O problema é quando o mundo coloca o dinheiro acima de qualquer coisa. Isso é uma deformação!

Reproduzida de Fazendo Média

quarta-feira, 24 de março de 2010

O que outros países fariam com os "dissidentes cubanos"?

Confira este vídeo, falando sobre a legislação de alguns dos países que criticaram Cuba em relação à prisão de pessoas que colaboram com potência estrangeira.




terça-feira, 23 de março de 2010

Cuba, Israel e a dupla moral

Polícia cubana separando "Damas de Branco" da fúria da população

 Máquina militar de Israel atuando



Por Breno Altman

Tem sido educativo acompanhar, nos últimos dias, a cobertura internacional dos meios de comunicação, além da atitude de determinadas lideranças e intelectuais. Quem quiser conhecer o caráter e os interesses a que servem alguns atores da vida política e cultural, vale a pena prestar atenção ao noticiário recente sobre Cuba e Israel.

Na semana passada, em função de declarações do presidente Lula defendendo a autodeterminação da Justiça cubana, orquestrou-se vasta campanha de denúncias contra suposto desrespeito aos direitos humanos na ilha caribenha. Mas não há uma só matéria ou discurso relevante, nos veículos mais destacados, sobre como Israel, novo destino do presidente brasileiro, trata seus presos, suas minorias nacionais e seus vizinhos.

Vamos aos fatos. No caso cubano, Orlando Zapata, um pretenso “dissidente” em greve de fome por melhores condições carcerárias, preso e condenado por delitos comuns, foi atendido em um hospital público por ordem do governo, mas não resistiu e veio a falecer. Não há acusação de tortura ou execução extralegal. No máximo, insinuações oposicionistas de que o atendimento teria sido tardio – ainda que se possa imaginar o escândalo que seria fabricado caso o prisioneiro tivesse sido alimentado à força.

Mesmo não havendo qualquer evidência de que a morte do dissidente, lamentada pelo próprio presidente Raúl Castro, tenha sido provocada por ação do Estado, os principais meios e agências noticiosas lançaram-se contra Cuba com a faca na boca. Logo a seguir o Parlamento Europeu e o governo norte-americano ameaçaram o país com novas sanções econômicas.

Indústria do martírio
Outro oposicionista, Guilherme Fariñas, com biografia na qual se combinam muitos atos criminosos e alguma militância anticomunista, aproveitou o momento de comoção para também declarar-se em jejum. Apareceu esquálido em fotos que rodaram o mundo, protestando contra a situação nos presídios cubanos e reivindicando a libertação de eventuais presos políticos. Rapidamente se transformou em figura de proa da indústria do martírio mobilizada pelos inimigos da revolução cubana a cada tanto.

O governo ofereceu-lhe licença para emigrar a Espanha e lá se recuperar, mas Fariñas, que não está preso e faz sua greve de fome em casa, recusou a oferta. Seus apoiadores, cientes de que a constituição cubana determina plena liberdade individual para se fazer ou não determinado tratamento médico, o incentivam para avançar em sacrifício, pois não será atendido pela força até que seu colapso torne imperativa a internação hospitalar. Aliás, para os propósitos oposicionistas, de que grande coisa lhes valeria Fariñas vivo?

O presidente Lula tornou público, a seu modo, desacordo com a chantagem movida contra o governo cubano. Talvez fosse outra sua atitude, mesmo que discreta, se houvesse evidência de que a situação de Zapata ou Fariñas tivesse sido provocada por ato desumano ou arbitrário de autoridades governamentais. Para ir ao mérito do problema, comparou a atitude dos dissidentes com rebelião hipotética de bandidos comuns brasileiros. Afinal, ninguém pode ser considerado inocente ou injustiçado porque assim se declara ou resolva se afirmar vítima através de gestos dramáticos.

O silêncio da mídia
Sem provas bastante concretas que um governo constitucional feriu leis internacionais, é razoável que o presidente de outro país oriente seus movimentos pela autodeterminação das nações na gestão de seus assuntos internos. O presidente brasileiro agiu com essa mesma cautela em relação a Israel, país ao qual chegou no último dia 14, apesar da abundância de provas que comprometem os sionistas com violação de direitos humanos.

Mas as palavras de Lula em relação a Cuba e seu silêncio sobre o governo israelense foram tratados de forma bastante diversa. No primeiro caso, os apóstolos da democracia ocidental não perdoaram recusa do mandatário brasileiro em se juntar à ofensiva contra Havana e em legitimar o uso dos direitos humanos como arma contra um país soberano. No segundo, aceitaram obsequiosamente o silêncio presidencial.

A bem da verdade, não foram apenas articulistas e políticos de direita que tiveram esse comportamento dúplice. Do mesmo modo agiram alguns parlamentares e blogueiros tidos como progressistas, porém temerosos de enfrentar o poderoso monopólio da mídia e ávidos por pagar o pedágio da demagogia no caminho para o sucesso, ainda que ao custo de abandonar qualquer pensamento crítico sobre os fatos em questão.

Um observador isento facilmente se daria conta de que, ao contrário dos eventos em Cuba, nos quais o desfecho fatal foi produto de decisões individuais das próprias vítimas, os pertinentes a Israel correspondem a uma política deliberada por suas instituições dirigentes.

Sionismo e direitos humanos
A nação sionista é um dos países com maior número de presos políticos no mundo, cerca de 11 mil detentos, incluindo crianças, a maioria sem julgamento. Mais de 800 mil palestinos foram aprisionados desde 1948. Aproximadamente 25% dos palestinos que permaneceram em territórios ocupados pelo exército israelense foram aprisionados em algum momento. As detenções atingiram também autoridades palestinas: 39 deputados e 9 ministros foram sequestrados desde junho de 2006.

Naquele país a tortura foi legitimada por uma decisão da Corte Suprema, que autorizou a utilização de “táticas dolorosas para interrogatório de presos sob custódia do governo”. Nada parecido é sequer insinuado contra Cuba, mesmo por organizações que não guardam a mínima simpatia por seu regime político.

Mas o desrespeito aos direitos humanos não se limita ao tema carcerário, que é apenas parte da política de agressão contra o povo palestino. A resolução 181 das Nações Unidas, que criou o Estado de Israel em 1947, previa que a nova nação deteria 56% dos territórios da colonização inglesa na margem ocidental do rio Jordão, enquanto os demais 44% ficariam para a construção de um Estado do povo palestino, que antes da decisão ocupava 98% da área partilhada. O regime sionista, violador contumaz das leis e acordos internacionais, hoje controla mais de 78% do antigo mandato britânico, excluída a porção ocupada pela Jordânia.

Mais de 750 mil palestinos foram expulsos de seu país desde então. Israel demoliu número superior a 20 mil casas de cidadãos não judeus apenas entre 1967 e 2009. Construiu, a partir de 2004, um muro com 700 quilômetros de extensão, que isolou 160 mil famílias palestinas, colocando as mãos em 85% dos recursos hídricos das áreas que compõem a atual Autoridade Palestina.

Pelo menos seiscentos postos de verificação foram impostos pelo exército israelense dentro das cidades palestinas. Leis aprovadas pelo parlamento sionista impedem a reunificação de famílias que habitem diferentes municípios, além de estimular a criação de colônias judaicas além das fronteiras internacionalmente reconhecidas.

Dupla moral
São, essas, algumas das características que conformam o sistema sionista de apartheid, no qual os direitos de soberania do povo palestino estão circunscritos a verdadeiros bantustões, como na velha e racista África do Sul. O corolário desse cenário é uma escalada repressiva cada vez mais brutal, patrocinada como política de Estado.

Mas os principais meios de comunicação, sobre esses fatos, se calam. Também mudos ficam os líderes políticos conservadores. Nada se ouve tampouco de alguns personagens presumidamente progressistas, sempre tão céleres quando se trata de apontar o dedo acusador contra a revolução cubana.

Talvez porque direitos humanos, a essa gente de dupla moral, só provoquem indignação quando seu suposto desrespeito se volta contra vozes da civilização judaico-cristã, da democracia liberal, do livre mercado, do anticomunismo. Não foi sem razão que o presidente Lula reagiu vigorosamente contra o cinismo dos ataques ao governo de Havana.

Breno Altman é jornalista e diretor editorial do sítio Opera Mundi, de onde retirei esse artigo.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Greve de fome de um dissidente

Em 2006 um dissidente do estado brasileiro entrou em greve de fome, da mesma forma que o cubano Farinas.

O portal Terra cobriu o fato.

Confira AQUI.

domingo, 21 de março de 2010

Elogio do Revolucionário - Bertolt Brecht

Quando aumenta a repressão, muitos desanimam.
Mas a coragem dele aumenta.
Organiza sua luta pelo salário, pelo pão
e pela conquista do poder.
Interroga a propriedade:
De onde vens?
Pergunta a cada idéia:
Serves a quem?
Ali onde todos calam, ele fala
E onde reina a opressão e se acusa o destino,
ele cita os nomes.
À mesa onde ele se senta
se senta a insatisfação.
À comida sabe mal e a sala se torna estreita.
Aonde o vai a revolta
e de onde o expulsam
persiste a agitação.

sábado, 20 de março de 2010

Elogio da Dialética - Bertolt Brecht



A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.
Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar:
E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro. Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem
falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o "hoje" nascerá do "jamais".

sexta-feira, 19 de março de 2010

Povo cubano toma as ruas contra o governo de Cuba

POVO CUBANO  se manifesta nas ruas contra Fidel e Raul Castro!

15 CUBANOS desafiaram a ditadura sangrenta e cruel dos comunistas e tomaram as ruas para protestar contra o governo dos irmãos castro, com slogans de liberdade e paz.

Os manifestantes CUBANOS, que marchavam pacificamente,   foram vaiados e hostilizados verbalmente por 768 partidários do governo.

A POPULAÇÃO CUBANA encerrou seu protesto em meio a um cordão policial, que os separava dos PARTIDÁRIOS DE CASTRO.

Partidários de Castro ALEGAM que as DAMAS DE BRANCO SUPOSTAMENTE seriam mercenárias.


Damas de Branco GARANTEM e AFIRMAM que não recebem dinheiro dos EUA.


Desfile típico de Partidários de Castro

Brasileira posa ao lado de agentes da repressão cubana


Datena entrevistou ONGs de direitos humanos criticaram a atitude autoritária e pediram mais liberdade em Cuba.


Imprensa safada é dose...Vamos lá:


A imprensa brasileira cobre com sensacionalismo as manifestações das chamadas "Damas de Branco", mulheres parentes de cubanos presos em 2003 por terem comprovadamente atuado em favor de uma potência estrangeira em troca de dinheiro.
Estas mulheres organizam-se por meio do escritório de interesses americanos em Cuba.

Recebem a linha política a ser seguida.
Recebem dinheiro.

Desfilam acompanhadas diretamente por agentes do corpo diplomático de embaixadas como as da Polônia, Alemanha, Espanha e, é claro, do escritório de interesses americanos (que atua como embaixada, já que formalmente não existem relações diplomáticas entre Cuba e EUA).

Veja este vídeo, que revela muita coisa, sobre uma marcha das "Damas de Branco", que aconteceu em dezembro de 2009, e também sofreu "repressão de partidários do governo e agentes de segurança". Está em espanhol, mas é de fácil compreensão.



terça-feira, 16 de março de 2010

Greves de fome atrapalham diálogo Cuba-EUA


O caso dos dissidentes cubanos em greve de fome e as pressões para indultar os presos da ilha afetam o progresso do diálogo entre Cuba e os Estados Unidos, assim como os avanços com a União Europeia (UE). A opinião é do cientista político Rafael Hernandez, que concedeu entrevista ao La Jornada. "O governo de Havana não negocia sob pressão, só o diálogo diplomático tem resultados, como bem sabem outros governos"
Diretor da revista cubana Temas, Hernandez acaba de retornar da Universidade do Texas, em Austin, onde ensinava em uma pós-graduação sobre relações entre Cuba e EUA, o que já havia lecionado em Columbia e Harvard e, no México, no CIDE e ITAM.

Ele considera que os dissidentes não são sociedade civil, mas "micropartidos de oposição", e que entre os seus líderes não existe nenhum (Václav) Havel ou (Lech) Walesa (líderes da derrocada do socialismo no Leste Europeu). Confira abaixo a entrevista:

La Jornada: Qual é a conjuntura internacional atual de Cuba, sobretudo em relação aos Estados Unidos?

Rafael Hernandez: Ainda que este governo (dos Estados Unidos) não tenha feito mudanças políticas substanciais em relação a Cuba, o diálogo tem avançado mais neste último ano que em toda uma década. Retomaram as negociações migratórias e foram abertos diálogos sobre temas como correios diretos. O Congresso pode aprovar a liberdade dos norte-americanos para viajarem à ilha. Alguns grupos semi-oficiais exploram vias para a cooperação em matéria de tráfico de drogas.

Sem levantar as restrições ao intercâmbio acadêmico e cultural impostas por Bush em 2005, forneceram alguns vistos. Por outro lado, a UE, com a liderança da Espanha, se aproximou do governo de Raúl Castro, cujas relações com a América Latina estão mais estreitas que nunca.

La Jornada: A visão internacional sobre Cuba se concentra na oposição, depois da morte de Orlando Zapata Tamayo e a greve de fome de Gullermo Fariñas ...

Rafael Hernandez: A morte de Zapata é uma tragédia humana, mas sua repercussão responde a fatores políticos, que estão encadeados à greve de fome de Fariñas. Nenhuma das atuais pressões para o perdão dos presos facilita as mudanças na política cubana, rodeada hoje por uma tormenta propagandística. Nem sequer sob a pressão da Crise dos Mísseis (outubro de 1962), à beira de um conflito nuclear, a política de Cuba mudou.

A maneira mais eficaz de realizar uma mudança (como têm sabido quase todos os governos mexicanos) é o diálogo diplomático respeitoso. É óbvio que a morte de Zapata e suas consequências convêm àqueles que se opõem a esse diálogo com os Estados Unidos e a Europa.

La Jornada: Estamos falando de dissidentes, opositores, mercenários, prisioneiros de consciência, presos políticos ...?

Rafael Hernandez: Um dissidente é aquele que renega a sua crença anterior. Este não é o caso dos clássicos anti-comunistas do exílio, mas o dos ex-comunistas pós soviéticos e de outras tendências ortodoxas, das quais provêm Ricardo Boffil, Elizardo Sanchez e Vladimiro Roca, autênticos dissidentes.

Estes descartaram a violência armada, igual às principais forças de exilados anti-castristas. Ambos os grupos diferem em relação ao bloqueio, mas coincidem no seu desejo de restauração capitalista e no anti-castrismo furioso. Por isso se identificam facilmente com os Estados Unidos, com partidos e governos europeus e de outros países.

Ainda que alguns se apresentem como social-democratas, o eixo ideológico dissidente se move entre o centro e a direita. São grupos pequenos e numerosos, dispersos e sem raízes na população. Claramente, além de receberem dinheiro e apoio político de Washington, também têm crenças ideológicas, e entre eles pode haver pessoas honestas, ressentidas ou confusas.

Eles não têm a base social de um sindicato Solidariedade, nem entre os seus dirigentes há algum Walesa ou Vaclav Havel. Não são sociedade civil, mas micropartidos de oposição. O punhado de presos políticos em suas fileiras não está na cadeia por crimes "de consciência", nem pela mera expressão de idéias contrárias ao governo, mas por se oporem ativamente ao sistema, em aliança com os EUA, o exílio clássico e o velho anti-comunismo europeu.

La Jornada: O que os torna marginais para o consenso político em Cuba?

Rafael Hernandez: Primeiro, eles não são as únicos nem as principais vozes críticas do país. Embora não com a mesma ressonância externa, há um debate político em curso, dentro e fora das instituições, sobre temas como a descentralização, as formas de propriedade não-estatal, os salários, os padrões de vida, a ampliação dos espaços de livre expressão, a aplicação da lei, a democratização das instituições, o controle popular da burocracia.

Os opositores não têm um projeto coerente, apenas consígnias ideológicas. Sua falta de legitimidade interna decorre de apoio dos Estados Unidos (verificável no site do Departamento de Estado) e dos partidos europeus, e de sua aliança com o exílio. As embaixadas em Havana os conhecem e sabem que não representam nenhuma alternativa política viável; as reações internacionais e as manchetes dos meios de comunicação estrangeiros respondem mais às lutas eleitorais e parlamentares desses países, que à situação na ilha.

La Jornada: Há alguma chance de sair deste quadro?

Rafael Hernandez: Há uma lógica perversa, segundo a qual Cuba teria de pagar um tributo cada vez que os EUA apresentem uma leve mudança, como, por exemplo, autorizar as viagens de cubano-estadunidenses. Se esta administração considerasse a hipótese de libertar os cinco cubanos presos nos EUA, a única moeda de troca aceitável para os EUA seriam os dissidentes condenados como agentes de uma potência estrangeira (como os chamariam por lá).

Os dissidentes são peões neste tabuleiro de poderes que se confrontam. Em um cenário tão fechado, é difícil supor que agora poderia haver uma mudança no tratamento dado a eles. Serão os próprios cubanos que decidirão se, além de uma renovação das instituições democráticas, um modelo descentralizado e uma economia mista, caberá também uma oposição leal no futuro sistema socialista.

Fonte: Vermelho

Homenagem a Jean Ferrat

O cantor Jean Ferrat, um dos símbolos da música de protesto na França, morreu, no último sábado, aos 79 anos, no departamento de Ardèches, no sul do país, vítima de uma longa doença.

Autor de mais de 200 canções, Ferrat era um dos grandes nomes artísticos da esquerda do país, especialmente do Partido Comunista Francês (PCF), mesmo antes de ganhar fama, em 1964, com o disco "La Montagne".
Entre seus trabalhos mais importantes estão também "Nuit et Brouillard", mesmo título em francês do filme "Noite e Neblina" (1955), e "Aimer à Perdre la Raison".

Batizado pelo público como "o cantor do PCF", Ferrat sempre lembrava que não tinha a carteira do partido 
e que era apenas um simpatizante.

Ferrat, que era judeu e viu seus pais serem deportados para campo de concentração, foi salvo por militantes comunistas, com os quais seu pai tinha ligações.

Para quem não conhece e tem curiosidade, deixo aqui dois vídeos com canções suas; "La Commune"(homenagem à Comuna de Paris) e "Potemkine"(homenagem à rebelião dos marinheiros russos do encouraçado Potemkin)








Com informações de EFE e Youtube

Ana Amélia Lemos - Candidata do PP

A comentarista e colunista política da RBS (repetidora da Globo no RS), Ana Amélia Lemos, confirmou hoje o que já era esperado: será candidata ao Senado pelo PP. Segundo anunciou, pretende defender os interesses do agronegócio gaúcho. Ou seja, continuará a fazer o que já fazia como colunista da RBS, sem informar aos seus ouvintes e leitores sua coloração partidária.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Milton Friedman não salvou o Chile


Por Naomi Klein (em português de Portugal)


Desde que a desregulação causou um desastre económico mundial em Setembro de 2008, toda a gente se tornou outra vez Keynesiana, e não tem sido fácil ser um seguidor fanático do economista Milton Friedman. O seu símbolo fundamentalista de mercado livre está amplamente desacreditado e os seus seguidores tornaram-se cada vez mais desesperados para reclamar vitórias ideológicas, apesar de rebuscadas.

Vem ao acaso um exemplo particularmente desagradável. Dois dias antes de o Chile ser abalado por um terramoto devastador, o colunista do Wall Street Journal Bret Stephens, informou os seus leitores que o espírito de Milton Friedman "estava certamente a flutuar para proteger o Chile" porque, "graças a ele, o país tinha resistido a uma tragédia que em qualquer lugar teria sido um Apocalipse... Não é por acaso que os chilenos estão a viver em casas de tijolo - e os haitianos em casas de palha - quando o lobo chegou para derrubá-las com um sopro."

De acordo com o Stephens, as políticas radicais do liberalismo prescritas ao ditador chileno Augusto Pinochet por Milton Friedman e os seus infames "Chicago Boys" são a razão de o Chile ser uma nação próspera com "umas das normas de construção mais rígidas do mundo."

Há um grande problema em torno desta teoria: o novo código de construção sísmica no Chile, elaborado para resistir terramotos, foi adoptado em 1972. Essa data tem um grande significado, porque é anterior à tomada de poder sangrenta de Pinochet apoiado pelos Estados Unidos. Isso significa que se alguém merece mérito da lei, não é Friedman ou Pinochet, mas Salvador Allende, o presidente socialista eleito democraticamente. (Na verdade são muitos os chilenos que merecem o mérito, já que as leis foram criadas para responder a um historial de terramotos, e a primeira lei foi adoptada na década de 1930).

Parece significativo, apesar de a lei ter sido promulgada durante um agonizante embargo económico ("façam a economia gritar" grunhiu epicamente Richard Nixon após a vitória de Allende nas eleições de 1970). O código foi depois actualizado nos anos 90, depois de Pinochet e os Chicago Boys estarem finalmente fora do poder e a democracia já tinha sido restaurada.

Não se admirem: como Krugman aponta, Friedman era ambivalente quanto aos códigos de construção, porque considerava-os uma forma de infringir a liberdade capitalista.

Quanto ao argumento de que as políticas de "friedmanianas" são a razão de os chilenos viverem em "casas de tijolo" em vez de "palha", fica claro que Stephens não conhece o Chile anterior ao golpe. O Chile dos anos 60 tinha o melhor sistema de saúde e educação no Continente, além de uma indústria efervescente e de uma classe média em rápida expansão. Os chilenos acreditaram no Estado, razão pela qual elegeram Allende para levar esse projecto mais além.

Depois do golpe e da morte de Allende, Pinochet e os Chicago Boys fizeram de tudo para desmantelar a esfera pública do Chile , leiloando empresas estatais e cortando as regulações financeiras e comerciais. Foram criadas enormes fortunas neste período de tempo a um custo terrível: no principio dos anos 80, as políticas de Pinochet recomendadas por Friedman causaram uma rápida desindustralização, um aumento em dez vezes do desemprego uma explosão de bairros de lata claramente instáveis. Eles também levaram o Chile a uma crise de corrupção e a uma dívida tão severa, que, em 1982, o Pinochet foi forçado a despedir os principais conselheiros dos Chicago Boys e a nacionalizar várias instituições financeiras que tinham sido desreguladas. (Soa a algo familiar?)

Felizmente, os Chicago Boys não conseguiram desmantelar o trabalho de Allende. A empresa nacional de cobre, Codelco, continuou nas mãos do Estado, injectando riqueza nos cofres públicos e evitando que os Chicago Boys arrasassem a economia chilena por completo. Eles também não conseguiram desfazer-se do código de construção de Allende, um descuido ideológico pelo qual devemos estar gratos.

Obrigado ao CEPR por investigar a origem do código de construção chilena.

Publicado originalmente no The Guardian, 3 de Março de 2010
Tradução de André Costa Pina (Português de Portugal)


Reproduzido do sítio do Bloco de Esquerda

domingo, 14 de março de 2010

Os fariseus e a dignidade - Emir Sader comenta a abordagem midiática sobre Cuba

Os fariseus e a dignidade

O que sabem os leitores dos diários brasileiros sobre Cuba? O que sabem os telespectadores brasileiros sobre Cuba? O que sabem os ouvintes de rádio brasileiros sobre Cuba? O que saberia o povo brasileiro sobre Cuba, se dependesse da mídia brasileira?

O que mais os jornalistas da imprensa mercantil adoram é concordar com seus patrões. Podem exorbitar na linguagem, para badalar os que pagam seu salários. Sabem que atacar ao PT é o que mais agrada a seus patrões, porque é quem mais os perturba e os afeta. Vale até dar espaco para qualquer mercenário publicar calúnias contra o Lula, para, depois jogá-lo de volta na lata do lixo.

No circo dessa imprensa recentemente realizado em São Paulo, os relatos dizem que os donos das empresas – Frias, Marinhos – tinham intervenções mais discretas, – ninguem duvida das suas posiçõoes de ultra-direita -, mas seus empregados se exibiam competindo sobre quem fazia a declaração mais extremista, mais retumbante, sabendo que seriam recolhidas pela mídia, mas sobretudo buscando sorrisinho no rosto dos patrões e, quem sabe, uns zerinhos a mais no contracheque no fim do mês.

Quem foi informado pela imprensa que há quase 50 anos Cuba já terminou com o analfabetismo, que mais recentemente, com a participação direta dos seus educadores, o analfabetismo foi erradicado na Venezuela, na Bolívia e no Equador? Que empresa jornalística noiticiou? Quais mandaram repórteres para saber como países pobres ou menos desenvolvidos conseguiram o que mais desenvolvidos como os EUA ou mesmo o Brasil, a Argentina, o México, náo conseguiram?

Mandaram repórteres saber como funciona naquela ilha do Caribe, pouco desenvolvida economicamente, o sistema educacional e de saúde universal e gratuito para todos? Se perguntaram sobre a comparação feita por Michael Moore no seu filme "Sicko" sobre os sistemas de saúde – em particular o brutalmente mercantilizado dos EUA e o público e gratuito de Cuba?

Essas empresas privadas da mídia fizeram reportagens sobre a Escola Latinoamericana de Medicina que, em Cuba, já formou mais de cinco gerações de médicos de todos os países da América Latina e inclusive dos EUA, gratuitamente, na melhor medicina social do mundo? Foi despertada a curiosidade de algum jornalista, econômico, educativo ou não, sobre o fato de que Cuba, passando por grandes dificuldades econômicas – como suas empresas não deixam de noticiar – não fechou nenhuma vaga nem nas suas escolas tradicionais, nem na Escola Latinoamericana de Medicina, nem fechou nenhum leito em hospitais?

Se dependesse dessas empresas, se trataria de um regime “decrépito”, governado por dois irmãos há mais de 50 anos, um verdadeiro “goulag tropical”, uma ilha transformada em prisão.

Alguém tentou explicar como é possivel conviver esse tipo de sociedade igualitária com a base naval de Guantánamo? Se noticiam regularmente as barbaridades que ocorrem lá, onde presos sob simples suspeita, são interrogados e torturados – conforme tantas testemunhas que a imprensa se nega em publicar – em condições fora de qualquer jurisdição internacional?

Noticiam que, como disse Raul Castro, sim, se tortura naquela ilha, se prende, se julga e se condena da forma mais arbitrária possível, detidos em masmorras, como animais, mas isso se passa sob responsabilidade norteamericana, desse mesmo governo que protesta por uma greve de fome de uma pessoa que – apesar da ignorância de cronistas da família Frias – não é um preso, mas está livre, na sua casa?

Perguntam-se por que a maior potência imperial do mundo, derrotada por essa pequena ilha, ainda hoje tem um pedaco do seu territorio? Escandalizam-se, dizendo que se “passou dos limites”, quando constatam que isso se dá há mais de um século, sob os olhos complacentes da “comunidade internacional”, modelo de “civilização”, agentes do colonialismo, da escravidão, da pirataria, do imperialismo, das duas grandes guerras mundiais, do fascismo?

Comparam a “indignação” atual dos jornais dos seus patrões com o que disseram ou calaram sobre Abu-Graieb? Sobre os “falsos positivos” (sabem do que se trata?) na Colômbia? Sobre a invasao e os massacres no Panamá, por tropas norteamericanas, que sequestraram e levaram para ser julgado em Miami seu ex-aliado e então presidente eleito do país, Noriega, cujos 30 anos foram completamente desconhecidos pela imprensa? Falam do muro que os EUA construíram na fronteira com o México, onde morre todos os anos mais gente do que em todo tempo de existência do muro de Berlim? A ocupação brutal da Palestina, o cerco que ainda segue a Gaza, é tema de seus espacos jornalisticos ou melhor calar para que os cada vez menos leitores, telespectadores e ouvintes possam se recordar do que realmente é barbarie, mas que cometida pela “civilizada” Israel – que ademais conta com empresas que anunciam regularmente nos orgãos dessas empresas – deve ser escondida? Que protestos fizeram os empregados da empresa que emprestou seus carros para que atuassem os servicos repressivos da ditadura, disfarçaados de jornalistas, para sequestrar, torturar, fuzilar e fazer opositores desaparecerem? Disseram que isso “passou de todos os limites” ou ficaram calados, para não perder seus empregos?

Mas morreu um preso em Cuba. Que horror! Que oportunidade para bajular os seus patrões, mostrando indignação contra um país de esquerda! Que bom poder reafirmar diante deles que se se foi algum dia de esquerda, foi um resfriado, pego por más convivências, em lugares que não frequentam mais; já estão curados, vacinados, nunca mais pegarão esse vírus. (Um empregado da família Frias, casado com uma tucana, orgulha-se de ter ido a todos os Foruns Econômicos de Davos e a nenhum Fórum Social Mundial.
Ali pôde conhecer ricaços e entrevistá-los, antes que estivessem envoldidos em escândalos, quebrassem ou fossem para a prisão. Cada um tem seu gosto, mas não dá para posar como “progressista”, escolhendo Davos a Porto Alegre.)

Não conhecem Cuba, promovem a mentira do silêncio, para poder difamar Cuba. Não dizem o que era na época da ditadura de Batista e em que se transformou hoje. Não dizem que os problemas que têm a ilha é porque não quer fazer o que fez o darling dessa midia, FHC, impondo duro ajuste fiscal para equilibrar as finanças públicas, privatizando, favorecendo o grande capital, financeirizando a economia e o Estado. Cuba busca manter os direitos universais a toda sua população, para o que trata de desenvolver um modelo econômico que não faça com que o povo pague as dificuldades da economia. Mentem silenciando sobre o fato de que, em Cuba, não há ninguem abandonado nas ruas, de que todos podem contar com o apoio do Estado cubano, um Estado que nunca se rendeu ao FMI.

Cuba é a sociedade mais igualitária do mundo, a mais solidária, um país soberano, assediado pelo mais longo bloqueio que a história conheceu, de quase 50 anos, pela maior potência econômica e militar da história. Cuba é vítima privilegiada da imprensa saudosa do Bush, porque se é possivel uma sociedade igualitária, solidária, mesmo que pobre, que maior acusação pode haver contra a sociedade do egoísmo, do consumismo, da mercantilizacao, em que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra?

Como disse Celso Amorim, o Ministro de Relações Exteriores do Brasil: os que querem contribuir a resolver a situação de Cuba tem uma fórmula muito simples – terminem com o bloqueio contra a ilha. Terminem com Guantanamo como base de terrorismo internacional, terminem com o bloqueio informativo, dêem aos cubanos o mesmo direito que dão diariamente aos opositores ao regime – o do expor o que pensam. Relatem as verdades de Cuba no lugar das mentiras, do silêncio e da covardia.

Diante de situações como essa, a razão e a atualidade de José Martí:

“Há de haver no mundo certa quantidade de decoro,
como há de haver certa quantidade de luz.
Quando há muitos homens sem decoro, há sempre outros
que têm em si o decoro de muitos homens.
Estes são os que se rebelam com força terrível
contra os que roubam aos povos sua liberdade,
que é roubar-lhes seu decoro.
Nesses homens vão milhares de homens,
vai um povo inteiro,
vai a dignidade humana…

Pescado do Blog do Emir Sader